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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Tite agradece o carinho do Bando de Loucos

27/11/2015 11:36


Apontado como responsável pela conquista do Brasileiro, o treinador não entende a idolatria da Fiel

Tite quer levar o time à melhor campanha da história dos pontos corridos / Nelson Coelho/Diário SP

Por: João Pontes
portalweb@diariosp.com.br
A relação de amor da torcida do Corinthians com o técnico Tite aumenta a cada dia. Apontado pelo Bando de Loucos como o grande responsável pela conquista do sexto título brasileiro pelo Timão, o treinador gaúcho encontra dificuldade para compreender tamanha idolatria.
Em entrevista ao DIÁRIO, na manhã de última quinta-feira (26), Tite minimizou a própria importância, falou sobre os momentos de angústia vividos após a saída dos atacantes Guerrero e Emerson Sheik e contou detalhes sobre a comemoração do título, regada a muita caipirinha de vodka. Ele revelou ainda o motivo pelo qual recusou proposta financeiramente melhor do Internacional para retornar ao Timão, no início desta temporada.     
DIÁRIO_ Você é mais idolatrado pela torcida do que os próprios jogadores do time. Como explica essa ligação tão forte com o Bando de Loucos?
TITE_ A ligação com o torcedor é sensacional. Mas isso (ser mais idolatrado do que os outros) me incomoda um pouco. Tenho dificuldade para entender. Acho que os torcedores se identificam muito comigo por ser um cara simples. Eu não sou um cara que ostenta. De qualquer forma, eu acho que não deveria ter esse destaque todo. Além dos jogadores, tem o trabalho de pessoas que permanecem anônimas e são muito importante para o clube. Não existe uma pessoa mais importante. Existe responsabilidades diferentes dentro do clube. Existem pessoas anônimas no clube que são tão importantes quanto o treinador.
É possível fazer um paralelo entre o trabalho de reconstrução do time após as eliminações contra Tolima (2011) e Guaraní (2015)? 
Tem como fazer o paralelo por causa da saída de jogadores importantes como Ronaldo, Roberto Carlos, Guerrero, Sheik... Eram pilares e líderes técnicos da equipe. É possível fazer essa analogia. 
Qual dos trabalhos foi mais difícil, na sua opinião?
O trabalho de reconstrução após a eliminação contra o Tolima foi mais difícil. Eu não tinha o conhecimento dos atletas como tinha após a eliminação contra o Guaraní. Neste ano, já sabia como poderia utilizar Jadson ou Renato, por exemplo. Em 2011, tinha só 12 ou 13 jogos pelo Corinthians... Não tinha total domínio sobre o time e não sabia como os jogadores poderiam reagir diante de uma cobrança. Aquele momento em 2011 foi mais difícil. 
O que passou pela sua cabeça quando começaram a sair vários jogadores neste ano?
Estava muito preocupado. A solução não tinha de partir de mim. Estava triste. Eu me lembro de pedir ajuda para minha esposa. Ela me fortaleceu naquele momento. Os atletas também estavam muito preocupados com a situação. Eles vieram conversar comigo e eu disse que não sabia se outros jogadores seriam negociados.
Como a situação se resolveu?
Aquilo me incomodava bastante e fui conversar com o presidente (Roberto de Andrade). Ele assumiu o problema, reuniu os atletas e garantiu que ninguém mais iria sair. Falou sobre os problemas financeiros, que estavam fazendo de tudo para pagar. Essa reunião foi fundamental para trazer tranquilidade e fortalecer o grupo. Foi o fator gerador dessa retomada rumo ao título. A insegurança que estava sendo gerada era muito grande.
Você sempre se disse muito grato à diretoria do Corinthians por ter sido mantido em 2011. O quanto esse episódio é importante na ligação que você tem hoje com o clube?
Não tem como mensurar a importância disso. Passei por muitas adversidades no início daquele ano e a diretoria me bancou. Quando aceitei a proposta para voltar ao Corinthians, as pessoas ligadas ao Internacional que procuraram a minha contratação não entendiam o motivo pelo qual fiz aquela escolha, já que ficaria perto da família. Havia também outros aspectos. Falei a elas que era por um sentimento de lealdade ao Corinthians. 
Como foi a conversa com o Roberto de Andrade?
O presidente disse que não via a retomada de trabalho no Corinthians sem a minha presença. Aquilo me deixou sensibilizado. Foi um marco. Eu não queria voltar pelo que fiz no passado, queria saber a importância que teria para o futuro. Quando o presidente disse que não tinha outro técnico para fazer o trabalho, tive a convicção de que não estava sendo contratado por causa do passado. Era por causa do futuro do Corinthians. Não tinha como falar não ao Corinthians. 
Já parou para pensar o que teria acontecido se você tivesse sido demitido após a eliminação contra o Tolima?
Pensei uma coisa agora (pausa de alguns segundos): Fodeu! Fodeu! Porque outro cara poderia assumir e ganhar tudo aquilo. Não seria eu. Também me pergunto se teria a capacidade de ganhar tudo isso em outro time. Não tem como saber. Ninguém tem a resposta.
Por que os técnicos brasileiros não dão certo na Europa? Quer quebrar esse estigma?
Não sei explicar os motivos para não ter dado certo. Não tenho conhecimento para responder sobre isso. No futuro, tenho o desejo de trabalhar na Itália. Sei que o domínio da língua vai me ajudar num clube italiano. Tenho a ambição de trabalhar um dia na Europa.
Quando foi a última vez que você ficou de porre?
Foi de quinta para sexta da semana passada. Após a conquista do título em São Januário, fomos para um restaurante comemorar. Quando chegamos lá, eu entrei em uma sala de vinho do restaurante. Fiquei observando até que chegou o sommelier perguntando qual vinho eu queria tomar. Apontei para o maior copo de vinho que tinha na sala e falei que queria uma caipirinha de limão. O copo era gigante... Eu fiquei um pouco grogue naquele dia. Fiquei até com dificuldade para falar algumas palavras e acordei de ressaca no dia seguinte.  
Prefere vodka ou cachaça? 
Vodka. Eu falo caipirinha, mas gosto mesmo é de tomar caipiroska. E tem de ser de limão. Falo muito sobre caipirinha, mas quem prepara é a minha mulher. Às vezes, ela prepara uma de maracujá para dar uma quebrada... Mas a minha preferência é pela de limão.

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