O
aumento do preço da gasolina e do etanol mudou o comportamento dos
consumidores. Muitas dos que costumavam andar diariamente em seus carros
próprios, passaram a buscar outras alternativas para se locomover, como
transportes públicos e caronas. Vaniller Duarte, 20, estudante de
engenharia química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sentiu
os reflexos do aumento da gasolina e acabou tendo que mudar a sua
rotina.
No
início do ano passado, quando o preço nas bombas estava em torno de R$
2,60, ela ia do bairro de Candeias até a universidade de carro todos os
dias, mas mesmo assim já reclamava do alto custo. Com o aumento da
gasolina, Vaniller sentiu o peso no bolso e começou a reduzir seus
custos.
Desde
setembro do ano passado, a estudante passou a usar o carro em apenas
dois ou três dias durante a semana, quando os seus horários eram mais
complicados. Em meio a essa situação e com o aumento dos combustíveis em
2016, Vaniller pretende mudar a sua rotina completamente, passando a ir
de ônibus todos os dias para a universidade e mudando seu turno de
aulas.
Assim
como Vaniller, muitas pessoas tendem a buscar outras alternativas de
transporte para reduzir os gastos. Para o economista e professor da
UFRPE, Luiz Maia, uma medida muito recorrente – e eficiente – é o
compartilhamento dos veículos. “Em situação de crise, as pessoas têm que
usar da criatividade para reduzir seus custos.” Sempre que possível, é
recomendável que as pessoas reduzam o número de carros nas ruas.
Alternativas possíveis são as caronas: casais que tenham dois carros
reduzam para um, pessoas que moram próximas e vão para o mesmo local
passem a ir juntas, pequenas mudanças diárias que podem fazer a
diferença.
Outras
medidas eficientes são a redução do uso do ar-condicionado e a opção
por veículos menores e mais econômicos. Luiz Maia afirma que mudanças
como essas são pontuais, de forma que o retorno não é imediato. “Se
compararmos com o mês passado, a diferença praticamente não será
perceptível, mas a tendência é que ao longo dos anos cada vez mais
pessoas ponham em prática essas mudanças e possamos caminhar para uma
sociedade mais sustentável”, afirma o economista.
De
acordo com Alfredo Pinheiro Ramos, presidente do Sindicato de
Combustíveis de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), entre janeiro de 2014
e dezembro de 2015, a gasolina aumentou em 28%, fator que ocasionou a
redução do uso de carro por parte de muitas pessoas. A redução do
consumo de combustíveis foi perceptível: o da gasolina caiu cerca de 10%
e o do etanol, 14%. “Quanto maior o valor, o consumo é muito menor. É
uma situação preocupante”, comenta o presidente.
Competição entre postos
A
oscilação de preços de combustíveis também aumenta a competição entre
os postos de gasolina, que tentam manter o valor final da bomba para o
consumidor baixo para não perder clientes. A Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em sua pesquisa semanal
do período de 20 de dezembro do ano passado a 26 de dezembro de 2015,
registrou um preço médio da gasolina de R$ 3,668 no Recife, R$ 3,688 em
Olinda e R$ 3,503 em Jaboatão dos Guararapes.
Neste
mês, os combustíveis sofreram um aumento de R$ 0,10 a R$ 0,15, o que
provavelmente ocasionará ainda mais reduções no consumo. Alfredo
Pinheiro Ramos, presidente do Sindicato de Combustíveis de Pernambuco
(Sindicombustíveis-PE), apesar de se declarar uma pessoa otimista,
assume que a situação em 2016 não deverá ser nada fácil. “A redução de
consumo está se igualando ao panorama econômico do Brasil, que vive em
situação de crise.” Isso porque, o abastecimento de combustíveis é
refletido pela situação financeira das pessoas, e, com o aumento das
taxas de desemprego, as pessoas vão buscar cada vez mais reduzir os
custos, incluindo os combustíveis, buscando formas alternativas de
locomoção.
Fonte:DP.
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