Os irmãos Marinho, que possuem a
maior fortuna do Brasil, estimada em cerca de US$ 25 bilhões,
intensificaram sua guerra contra o ex-presidente Lula, o maior líder
popular da história recente do País; a denúncia da vez foi publicada no
site da revista Época, que pertence à Globo; a publicação noticia que
Lula visitou um sítio em Atibaia (SP), pertencente aos sócios de seu
filho, 111 vezes desde 2012, como se isso fosse crime; "denúncia" ocupou
quase um bloco inteiro do Jornal Nacional, com os apresentadores
William Bonner e Renata Vasconcelos fazendo caras e bocas; repórteres da
Globo também foram orientados a reforçar a palavra "triplex" sempre que
se referem ao apartamento no litoral do Guarujá (SP); guerra é quase
atômica: de um lado, o maior monopólio de comunicação do planeta; de
outro, um presidente que terminou seu mandato com 80% de aprovação; quem
vencerá?
247 – Já
não se pode mais dizer que o que move a Globo numa de suas maiores
campanhas já empreendidas contra um líder político seja apenas
jornalismo. A
guerra santa dos irmãos Marinho contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, só comparável à movida pelo patriarca do clã a Leonel
Brizola, hoje parece ser uma disputa de vida ou morte. No novo capítulo da série, a Globo publicou, no site de Época (leiaaqui),
mais uma "denúncia" contra Lula: a de que ele visitou, em pouco mais de
quatro anos, 111 vezes um sítio em Atibaia (SP) pertencente aos sócios
de um de seus filhos.
Como
visitar a propriedade de amigos nos fins de semana não é crime – basta
lembrar que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso jamais foi acusado
do crime de visitar com frequência o apartamento do amigo Jovelino
Mineiro na Avenue Foch, em Paris –, a denúncia da Globo não seria
publicada em tempos normais. Mas
o Brasil, definitivamente, não vive dias normais. Os irmãos Marinho,
que possuem uma fortuna de US$ 25 bilhões, forjada graças ao maior
monopólio de comunicação existente no mundo, de dar inveja a Rupert
Murdoch, decidiram que a guerra contra Lula insere-se na lógica "matar
ou morrrer".
Basta
notar na entonação de todos os repórteres da Globo, quando se referem
ao apartamento que poderia vir a ser de Lula no Guarujá (SP), mas não
será, porque foi devolvido à OAS. Todos parecem ter sido orientados a
acentuar a palavra triplex – e se puderem fazer carinha de nojo, melhor
ainda. Na
edição desta segunda-feira do Jornal Nacional foi evidente o "body
language" dos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcelos, quando
se referiam a Lula. A cara era de rejeição explícita. Coincidência ou
não, um apresentador de uma rádio do grupo Zero Hora, afiliada da Globo,
sugeriu que cuspissem na cara de Lula – o dono do TRIPLEX e que, agora,
visitou 111 vezes um sítio durante quatro anos.
Nesta
guerra, no entanto, não se deve desprezar o outro lado. Por mais que a
Globo tenha construído com seu monopólio de comunicação a maior fortuna
do Brasil, Lula deixou a presidência da República com 80% de aprovação e
possui capacidade de mobilização junto à sociedade e aos movimentos
sociais. A
Globo talvez receie que, numa eventual volta ao poder, Lula aja de
maneira distinta do que fez em seu primeiro mandato, levando adiante o
projeto de regulamentação da mídia defendido pelo ex-ministro Franklin
Martins.
No
poder, logo que foi eleito, Lula concedeu sua primeira entrevista na
bancada do Jornal Nacional e depois fez o que pôde para que a Globo, que
se encontrava em situação de default junto aos credores internacionais,
pudesse reestruturar suas dívidas. Apostou na conciliação e hoje paga o
preço de suas escolhas. O
Brasil vive uma guerra atômica entre um grupo de mídia que se acostumou
a mandar no País desde a ditadura e seu maior líder popular. Quem
vencerá?
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