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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Danilo Cabral inicia um novo ciclo…


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Por Carol Brito
Da Folha de Pernambuco

Ex-secretário estadual por dez anos ininterruptos, à frente de pastas como Educação, Cidades e Planejamento, Danilo Cabral volta, hoje, à Câmara dos Deputados, para assumir a vaga conquistada em 2014. Homem forte da gestão socialista, aliado essencial para Eduardo Campos e, agora, Paulo Câmara, seu retorno ao Congresso é visto como uma forma do PSB, em Pernambuco, realinhar e ganhar mais força junto à bancada. De garantir um discurso mais afinado com os demais parlamentares, que, em abril, apoiaram a indicação de Fernando Filho à pasta de Minas e Energia. Escolha que não era desejada pelo governo estadual. Danilo também fala do apoio do PSB ao impeachment de Dilma Rousseff, sobre a necessidade de novas eleições, da crise deflagrada com a saída do DEM e PSDB da base estadual e da contradição nos discursos de Priscila Krause e Daniel Coelho, candidatos à PCR. Confira abaixo.

Qual o balanço das ações da secretaria?
Eu fecho um ciclo de quase dez anos ininterruptos, após ocupar as secretarias de Educação, Cidades e Planejamento. Conseguimos resultados como o quarto melhor Ideb do Brasil . Entregamos mais de 12 mil habitacionais na Operação Reconstrução, Academia das Cidades e as obras de mobilidade. Na nossa passagem pela Seplag, fizemos um processo de escuta no Todos por Pernambuco, construímos nosso planejamento estratégico, essencial em um momento de restrição fiscal. Estruturamos a articulação com os municípios, implantamos o escritório de projetos, junto ao FEM. Tornamos obrigatório o investimento de 5% dos recursos do FEM em políticas de gênero. Continuamos o Chapéu de Palha. Fizemos um programa de contingenciamento de quase R$ 900 milhões e fomos buscar cerca de R$ 700 milhões em receitas alternativas, sendo a principal a venda da folha de pagamento do Estado.

Continua…

Como o PSB pode adotar posição de independência nessas pautas polêmicas, quando a bancada do partido apoiou a indicação de um ministro do Governo Temer? Isso não compromete a independência do PSB?
De forma alguma. O PSB não votou em Temer como não votou em Dilma. A Executiva deliberou que nós devíamos dar nossa contribuição sem ser parte do governo e é isso que foi deliberado. O que for de interesse do Brasil terá, como teve no Governo Dilma, o apoio do PSB. E vamos repudiar, veementemente, tudo que venha a atrapalhar os interesses do Brasil e do nosso Estado.

O senhor teme ser visto como um enviado especial do governador Paulo Câmara para conter ímpetos da bancada, como a escolha de um ministro, mesmo contra a vontade da Executiva e do governador?
Estamos indo para Brasília para somar esforços com a bancada para cumprir essa tarefa. É importante respeitar a posição da bancada, que de forma majoritária entendeu que deveria apoiar a indicação do líder Fernando Filho, não houve vedação para ele ser ministro. Espero que ele cumpra bem essa tarefa junto com os outros ministros pernambucanos como Bruno Araújo, Raul Jungmann e Mendonça Filho.

Qual a sua visão sobre os primeiros passos do Governo Temer?
O Governo Temer, no arriar das malas, fez movimentos que falaram para a economia com a escolha de Henrique Meireles. Mas faltou ao governo falar para a sociedade, que é a verdadeira base de sustentação de qualquer governo. As primeiras iniciativas do governo mostraram uma desconexão com a sociedade. Vimos isso na extinção do Ministério da Cultura e também para a ausência no primeiro escalão de espaços de poder onde fossem contempladas as mulheres. Mesmo se ressentindo do apoio da sociedade, porque é um governo que começa sem apoio da população, não se preocupou, na partida, em fazer gestos para a sociedade, esta é uma falha que o governo teve na sua partida. Esse é um problema fundamental, a retomada da legitimidade do governo brasileiro. Isso só será possível através de novas eleições. Apenas com a delegação direta do povo é que vamos dar as condições políticas necessárias para fazer as transformações importantes para o País. A única forma de reconstruir a unidade do povo brasileiro é pelas urnas.

Quando houver divergência entre a posição da bancada e do governador Paulo Câmara, como já ocorreu antes, o senhor ficará de qual lado?
Vou buscar sempre o consenso. Nosso retorno a Brasília também é instrumento, pela minha própria relação com Paulo Câmara, um meio para que a gente possa praticar mais o diálogo, sobretudo, da bancada do PSB de Pernambuco com o governador, e o próprio governador ampliar o diálogo com os próprios aliados.

O PSB de Pernambuco perdeu o protagonismo nacional no partido sem Eduardo Campos e Arraes?
É indiscutível que a perda de Eduardo Campos causou em nós um vazio do ponto de vista de uma liderança não só do ponto de vista de Pernambuco como do Brasil. A partir da perda de Eduardo, por não ter mais o farol que apontava os caminhos, a gente procurou praticar a democracia, fazer do debate interno o caminho para nossas escolhas. O PSB não é um partido, como muitos, por aí onde os “donos” andam com o partido embaixo do braço. Pernambuco continua sendo um protagonista, temos duas lideranças chaves: nosso governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Julio.

Um grupo de lideranças históricas do PSB critica que o partido vem traindo seus posicionamentos históricos, como na votação do impeachment de Dilma. O senhor que votou em defesa do impeachment, vê como essas manifestações?
A posição adotada pelo partido foi fruto de debate interno que levou uma manifestação formal, que apontou esse caminho. Não foi uma decisão fácil. O PSB é partido que tem vida, discussões. O partido vem seguindo uma trajetória. Primeiro que não preciso de atestado ideológico de qualquer partido político. Temos uma linha de atuação e nossa história fala por isso. Fizemos movimento de afastamento do Governo Dilma e PT, já em 2013, e depois no processo de eleição da presidente votamos em Marina. Vamos continuar com nossos compromissos em torno de bandeiras históricas que sempre orientaram nosso partido.

O senhor acredita que o PSB errou ou se precipitou ao pedir a saída do DEM e PSDB do governo?
Pelo que conheço dos ministros Bruno Araújo e Mendonça Filho, digo que, a despeito de qualquer tipo de diferença pontual ou política que possamos ter, a gente vai preservar as relações institucionais. Isso absolutamente traz qualquer tipo de dificuldades. A saída deles do governo é um episódio pontual, circunstancial de um processo de eleição que vamos viver. Vamos praticar o diálogo.

Isso não pode antecipar um racha na Frente Popular?
Não vejo racha. O PSDB e o DEM não fizeram parte da Frente Popular do Recife também. Não tem fato novo, poderia agregar, mas eles decidiram ter um projeto próprio..

O governador Paulo Câmara não está correndo muito risco ao se afastar de aliados em nome do projeto de reeleição de Geraldo Julio?
Não teve nenhum prejuízo em relação a isso. Essas coisas são naturais. Cada eleição tem uma configuração política. Cada partido tem seu projeto político, estão fazendo mais barulho com essa situação do que ela merece.

Como o senhor vê o discurso crítico de Daniel Coelho e Priscila Krause em relação ao PSB, quando os partidos dos dois integravam a Frente Popular até pouco tempo?
O DEM também fez parte da Prefeitura do Recife. No mínimo, há uma contradição entre a presença desses partidos na base da prefeitura e do governo e uma posição diferente dos dois parlamentares em relação à participação do governo. Se o PSDB e DEM estavam no governo então há claramente uma contradição nessa posição.

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