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sábado, 28 de janeiro de 2017

A falta que faz


Ricardo Boechat - IstoÉ
A volta de doenças típicas de países subdesenvolvidos, como a febre amarela, assassinatos em série nos presídios, desemprego em alta decorrente de uma crise econômica longe do fim, estados falidos e o antagonismo crescente entre classes no Brasil. Em meio a muitas notícias ruins nesse início de 2017, surge algo positivo. Foram consolidados os dados sobre os transplantes no País. No ano passado, alcançamos a marca de 14,6 doadores por milhão de habitantes (pmp), melhor que a observada em 2015: 14,1.
O nosso País se destaca nesse campo no contexto mundial. Para ser preciso, de 2000 a 2016 foram 403 mil 368 cirurgias para implantação de órgãos e tecidos. Os números notáveis falam por si. Em 16 anos foram 156.316 transplantes de córneas, 150.801 de ossos, 71.329 de rim, 20.329 de fígado, 3.534 de coração, 2.688 de pâncreas, 913 de pulmão, 146 de pele (a partir de 2010) e nove de intestino. As informações são da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Ainda existe espaço para crescimento e tudo está sendo feito para envolver mais estados na rede, além das crescentes ações para aproximar a população do tema.
Cerca de 95% dos procedimentos são realizados pelo SUS. E aqui reside um ponto importante: apesar da crise vivida pelo País, as autoridades têm que se empenhar ao máximo para não deixar faltar remédios na rede pública. Um transplantado precisará deles a vida inteira. Em alguns casos, como os envolvendo a implantação de um coração, pulmão e fígado, a paralisação significa morte certa em pouco tempo. Se a pessoa que recebeu um rim não tomar medicamentos, em cerca de 15 dias perde o órgão e volta à hemodiálise.
O SUS aplicou muitos recursos nesse quase meio milhão de transplantes. Que os investimentos prossigam, favorecendo quem se beneficiou com as cirurgias ou os milhares ainda inscritos no Registro Brasileiro de Transplantes, aguardando a hora de ir para salas de cirurgia e, depois, experimentarem outra qualidade de vida.

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