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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Locomotiva e vagões é a ideia arcaica de um Brasil colonizado por dentro


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O que se passa no Brasil, entre outros aspectos, é o bote da oligarquia paulista em sua feroz obstinação pela contínua para conquista e colonização do Brasil. Essa obstinação conta a história da República.
Oriunda da burguesia do café, a elite presunçosa de São Paulo dividia o poder, nas eleições de cabresto da República Velha, com a oligarquia mineira e, no plano cultural, buscava minar a hegemonia da capital, o Rio de Janeiro, herdada do centralismo do império.
Getúlio e a revolução de 1930, apoiados no começo pelos tenentes (grupo nacionalista pluri-ideológico de raiz positivista e, logo, pelas massas urbanas que se formariam com o desenvolvimento industrial) impediram esse percurso.
No plano cultural, a ideologia proposta pelo trabalhismo – forma brasileira de socialdemocracia – não implicava o confronto proposto no anarquismo dos operários imigrantes nem se deixava fascinar pelo modelo americano de uma plutocracia ricamente disfarçada em democracia, apartheid racial e pragmatismo aético. Pretendia, pelo contrário, que o  Brasil quisesse ser um país em que o conflito de classes fosse contido e negociado em condições de igualdade jurídica, uma nação de mestiços orgulhosos dessa condição e respeitosos com suas raças formadoras; uma democracia social na prática e os costumes, qualquer que fosse o regime de governo.
Contra Vargas, a São Paulo, a dos Jardins, fez tudo: da falhada “revolução constitucionalista” à fundação da Universidade de São Paulo , destinada a ser não apenas um núcleo de pesquisa científica mas, sobretudo, o think tankgerador de uma ideologia própria, que combina traços do liberalismo americanófilo com comportamentos e valores oriundos da componente fascista introjetado nos empresários de origem italiana.
Caso típico é o da Antropologia, em que o sofrido percurso de superação do racismo europeu, ao longo da primeira metade do Século XX, foi substituído por um novo racismo, fundado na herança das culpas e na segregação da “raças”.
Em suma, essa elite paulista – de Temer a Alckmin, de doutores da USP a Marta Suplicy, – não tem que ver com o Brasil em que nasci e me criei, este país em que os brancos se diluíram entre negros e índios, e a intolerância se desfaz em mil abraços: eles se julgam bandeirantes, desbravadores impiedosos, movidos pela ganância.
Mário de Andrade,  paulista, descreveu o meu Brasil, também o dele, como um país de nenhum caráter para dizer que tinha todos eles. A elite paulistana dá o que lhe faltava – um mau caráter que aliena o que herdou dos avós – ouro, petróleo, diamantes -e, não satisfeita, e se apropria das riquezas do Brasil colonizado por dentro.

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