Com Deus e a Verdade

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Judiciário que vira palco e pede aplausos também ganha vaias


arman
Desde há muito tempo, este blog é manifestamente contra os “escrachos”. E há muito mais tempo ainda, despreza a politização com que Gilmar exerce o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Por isso, tem autoridade moral para olhar como degradante o episódio de seu “escracho”, divulgado pelo Poder360, num voo, sábado, com destino a Cuiabá, vindo de Portugal, onde seu instituto mantém negócios.
Francamente, não me ocorre sequer um país do mundo, nem mesmo uma remota ilha na Polinésia, onde uma cena destas possa ocorrer com um juiz da suprema corte nacional.
A espetacularização do Judiciário – da qual, aliás, ele foi um dos precursores e protagonistas – leva a estas cenas, inimagináveis em qualquer país do mundo. E que não vão parar, porque sempre haverá, no clima de ódio em que vivemos, alguém para fazer este tipo de afronta – transformado em protesto, agora – contra quem quer que seja.
Ou não é assim que estamos, pelo caminho que nos levaram?
O próprio Gilmar, não tem dois anos, foi saudado como herói quando proibiu Lula de assumir a Casa Civil e tentar abortar o golpe de Estado. Agora, é execrado como bandido porque não concorda com prisões indiscriminadas.  Chamá-lo, como faz a reportagem, de “garantista” é um exagero só compreensível diante do estado de miséria moral a que está entregue o Direito brasileiro.
Desde o chamado Mensalão, o Judiciário brasileiro passou, em escala cada vez maior, a deixar de lado o julgamento de fatos concretos e passou a analisar o que dependia de “suposição” – nada melhor o exemplifica que a tal torta teoria do “domínio do fato” (aqui distorcida ao ponto de deixar estarrecido seu próprio formulador, Claus Roxin) – aproximou-se de um clima próprio do futebol, com a natural aparição das “torcidas organizadas”.
E suas excelências, que passaram a ser os protagonistas do espetáculo judicial, com direito a anular gols, apitar penaltis e mostras cartões amarelos (para uns) e vermelhos (para os idem) não podem reclamar que, como seus colegas do futebol, mereçam nos locais públicos os coros que já foram destinados aos “armandinhos” e “margaridas”.

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