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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A censura ao "vampiro-presidente" da Tuiuti e o carnaval na imprensa da Alemanha



Pragmatismo político.

“Vampiro-presidente” da Tuiuti é proibido de usar faixa presidencial no desfile das campeãs no Rio de Janeiro. Desfile ganhou as manchetes na imprensa alemã

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Fábio Góis, Congresso em Foco

O carnavalesco responsável pela fantasia de “Vampiro Neoliberalista” da escola de samba Paraíso de Tuiuti, o ator e historiador Leo Morais, desfilou na madrugada deste domingo (18) sem a faixa presidencial que deixou clara a crítica da agremiação ao presidente Michel Temer e a fez ser comentada no mundo inteiro (veja um exemplo no vídeo abaixo).
O destaque, que encimou um dos carros alegóricos mais polêmicos entre todos os que passaram pela Marquês de Sapucaí, passarela do samba do Rio de Janeiro, disse que a Presidência da República ordenou que o adereço fosse descartado no desfile das campeãs. Ainda segundo Leo Morais, sua própria participação na celebração chegou a ser dúvida a duas horas de sua entrada na avenida.
Estreante no grupo principal das escolas de samba, a Paraíso do Tuiuti foi consagrada pelo público e declarada vice-campeã do carnaval carioca pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Com a estreia exitosa, a Tuiuti se uniu à Estação Primeira de Mangueira, quinta colocada, e à Beija-Flor de Nilópolis, grande campeã de 2018, nas críticas furiosas à classe política e aos desmandos do poder. Além de Temer, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), foi outro alvo dos protestos dentro e fora da avenida – no caso de Crivella, em tempos de intervenção federal e caos na segurança pública fluminense, com o agravante de ele ter se ausentado da cidade – e do país – durante todo o carnaval em tour pela Europa, divulgando como oficial uma visita de “caráter puramente privado”.
O jornal fluminense Extra informa que, de acordo com o barracão da escola, “emissários da presidência da República pediram à Liesa que impedisse a entrada do destaque”. Já Leo Morais disse que não recebeu tal orientação, e que usaria a faixa. “Logo depois ele afirmou que perdeu o adereço no fim da apresentação de domingo. A reportagem do [jornal O] Globo, no entanto, viu o momento em que o professor entregou a faixa para um funcionário da escola guardar dentro de um carro”, acrescentou o Extra.
Ele (o vampiro) representa um sistema. Isso que está acontecendo no Rio de Janeiro hoje, para qualquer um que tenha um conhecimento de história, é preocupante. A gente fica até com medo de se manifestar. Eu espero que isso não seja um grande retrocesso”, declarou o historiador, segundo o relato do jornal fluminense. Ao final do desfile, arremata a reportagem, o destaque se desfez rapidamente da fantasia e da maquiagem de vampiro. Integrantes da escola lamentaram o fato de que ela não enfrentou a situação e manteve a faixa presidencial originalmente concebida para o desfile. O Palácio do Planalto ainda não comentou o assunto.

“Campeã do povo”

Com o samba “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?”, a agremiação caiu nas graças da Sapucaí e das redes sociais e soltou o grito contra o racismo renitente na sociedade brasileira, com suas variadas formas de “escravidão” social – entre elas, as relações trabalhistas recentemente modificadas pelo governo Temer, com o auxílio providencial do Congresso. A escola de samba entrou para a história do carnaval no domingo (11), quando desconcertou apresentadores da TV Globo ao abordar a questão da manipulação ideológica.
Com a fantasia “Vampiro Neoliberalista”, a alegoria fez uma clara alusão a Temer, em um carro onde viam “paneleiros” com camisas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A crítica foi mais longe: a ala intitulada “Manifestoches” exibiu passistas fantasiados de patos amarelos, numa analogia aos protestos de rua que ganharam corpo em 2016 e, simbolizados com o pato amarelo gigante concebido pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), contribuíram para o impeachment de Dilma Rousseff.
Na referência mais clara ao neoliberalismo posto em campo pelo governo Temer, outra ala retratou o trabalho informal, em referência à reforma trabalhista que alterou, no ano passado, diversos pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – e, segundo críticos das mudanças, precarizaram as condições do trabalhador e desequilibraram, em favor dos patrões, a relação entre empregadores e empregados.
Veja como um telejornal da Alemanha reportou o episódio:

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