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sábado, 1 de setembro de 2018

O esbulho


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Esbulho, que é “tirar algo de seu legítimo possuidor”, é o nome do que se passou esta madrugada no Tribunal Superior Eleitoral.
Foi, afinal, consumado o ato de tirar do povo brasileiro de dizer, pelo voto, quem quer que seja o presidente da República.
Porque, quando 40% dos eleitores quer votar em Lula, proibi-lo de ser candidato é o mesmo que tirar o direito do voto livre.
Não era, afinal, algo inesperado, o que não tira em nada o espanto e a indignação com que se fez, tão vergonhosamente que nem mesmo os ministros – exceto o inominável Luiz Roberto Barroso – conseguiram chegar ao grau máximo que pretendiam: simplesmente abolir a existência do nome e da imagem de Lula nas eleições.
Assistimos ali, murmurando palavras  pomposas e arrogantes, os homens e uma mulher de toga contrariarem mais que a lei, o espírito da Lei, que faz ressalvas justamente porque quer deixar espaço que a forma dura não deixaria, por onde o justo e o verdadeiro possa ter espaços em meio a suas letras frias.
Vimos insignes nulidades recusarem, por inservível por faltar-lhe um carimbo, uma estampilha, uma ordem internacional para que a Justiça se levantasse – logo nós, que tantas ordens de nos ajoelharmos recebemos e cumprimos.
Vimos, enfim, a tentativa de gente que só é menos poderosa do que a sua pretensão de cortar a História com suas espadas sujas, de estrangular o futuro, de matar os sonhos simples de gente ainda mais simples.
Dependemos, agora, apenas daqueles a quem juramos servir: o povo, os desvalidos, o carvão humano que, exausto, alimenta as caldeiras do mundo suave e confortável de uma casta de privilegiados, medíocres, e cuja falta de pudor teve seu corolário no “conchavão secreto” em que se reuniram para constatarem, horrorizados, o grau de escândalo a que tinham chegando, revogando leis por suas próprias razões mesquinhas.
Mas a revogaram, porque mesmo que ela diga que é candidato até que se termine de julgarem o registro, para Lula é diferente. Só como apoiador, que só pode falar “do passado”, porque não pode mais falar e “dá processo” se dele  se gravar um “ai”.
A ultima algema que põem em nossas mãos, em nossa vontade é, também, a sublimação de nossa liberdade.
Fizeram, fazem e ainda farão, mas não destroem a vontade do povo brasileiro e só pelo silêncio, pela mentira, pela desinformação esperam vencer.
Tiraram-nos um estadista que, de Garanhuns, correu o mundo e fez nosso país ter nele o tamanho que tem no mapa.
Tiraram-nos um governante amado pelo povo, para nos dar pequenos ratos, a quem este povo odeia.
Mas eles não têm causa, não têm projeto, não têm nenhuma promessa a fazer que convença nosso povo, tanto que precisaram de um bucéfalo para dizer que civilização é selvageria, que paz é tiro, que morte é vida.
Não há toga, não há sentença, não há cadeia que prenda a luz que sai da esperança que o povo brasileiro viu, sentiu e que a ela deu nome.
Quem viu a face da esperança dela não esquece.
Madalena França via Tijolaço

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