A prisão de Michel Temer e Moreira Franco, hoje pela manhã, acabou, indiretamente, ajudando a tirar o foco dos benefícios concedidos por Jair Bolsonaro aos militares, que perderam as manchetes e os espaços nos comentaristas de política, depois de digeridos os projetos de lei anunciados ontem.
Porque, tal como ocorre com os juízes, passar qualquer remuneração de servidor, mesmo militar, para R$ 30 mil causa uma compreensível indignação.
Logo cedo, antes da confusão, era assunto em todas as colunas e numa reportagem do UOL que informa que os oficiais-generais, os mais beneficiados, terão um aumento de 33,33% em troca de um desconto que, escalonadamente, lhes retirará 3% como contribuição para sua aposentadoria.
Os salários de generais do Exército, almirantes da Marinha e tenentes-brigadeiros, que são de R$ 22.631,28 com gratificações, subirão para R$ 30.175,04, caso a proposta de reestruturação das carreiras enviada ontem ao Congresso seja aprovada nos moldes apresentados. O aumento seria de 33,33%. Fazem parte dessa remuneração os adicionais de habilitação (73%), para aqueles que concluem cursos de capacitação, de disponibilidade militar (41%), recebido pelo trabalho sem jornada definida, e a gratificação de representação (10%), recebida por generais que chefiam unidades militares. Esses percentuais incidem sobre o soldo básico, de R$ 13.471.
Este valor, o do soldo básico, será multiplicado por oito na concessão da reforma, importando num pagamento único de R$ 107.768, dinheiro mais se suficiente para adoçar a inatividade conquistada e, claro, mantida com paridade aos tempos da ativa.
Temer merecia uma medalha por poupá-los das manchetes durante o dia de hoje, exibindo o “sacrifício” de melhorarem – nem discuto a justiça, apenas a conveniência – suas remunerações.
Quando Temer tentou mudar as regras da aposentadoria, os deixou de fora e os preservou, assim. Bolsonaro os meteu no meio da encrenca e já está claro que não vão levar o que pretendem. Afinal, o ex-presidente não pode ser preso todo dia, não é?( Tijolaço)
Por Madalena França
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