Com Deus e a Verdade

domingo, 18 de agosto de 2019

Meu cargo, minha vida


Coluna de Carlos Brickmann
Ao formar seu Governo, parecia que Jair Bolsonaro se escorava na fama de dois de seus ministros, ou superministros: Sérgio Moro e Paulo Guedes. Bolsonaro se revelou um profundo conhecedor da natureza humana: os dois são importantes, mas a caneta presidencial é mais importantes do que eles.
Guedes, que no mercado financeiro sempre operou com eficácia e em silêncio, passou a falar, sempre repetindo o discurso do Capitão do Time: agora, além de dar palpite na política interna de um país vizinho, chegou a perguntar desde quando o Brasil precisou da Argentina.
Ele sabe a resposta, claro: desde que a Argentina é a maior importadora de carros brasileiros, desde que a Argentina dá ao Brasil US$ 4 bilhões de superavit comercial. O economista Paulo Guedes sabe o valor de US$ 4 bilhões.
Pior é Moro, que no Ministério se tornou um colecionador de derrotas. E é ótimo para aceitar desfeitas. Bolsonaro prometeu-lhe que, como o Coaf não ficaria sob seu comando, manteria o presidente indicado por ele. Em seguida, mandou afastar o citado presidente.
Embora a Polícia Rodoviária Federal seja subordinada ao Ministério da Justiça, Bolsonaro disse num discurso que a mandaria suspender o uso de radares móveis (pode ser que depois tenha avisado o ministro).
Em seguida, sempre sem ouvir Moro,  mandou trocar o diretor da Polícia Federal no Rio. Bolsonaro age como se não houvesse ninguém no Ministério da Justiça. E talvez tenha razão.

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