Postado por Madalena França
do Tijolaço
Custa-se a crer que, num governo como o de Jair Bolsonaro, alguém venha falar que a oposição a ele está “radicalizando”.
Alguém, em toda nossa história, radicalizou tanto quanto um presidente que ameaçou “metralhar”, prender, exilar, ou que dividiu sua própria base política, ou que, todo o tempo, fala em armar, matar, encarcerar, mandar “pra Cuba”?
Alguém deixou seu entorno ameaçar fechar o Supremo e o Congresso e cassar seus integrantes?
Ou pretendeu fazer o país, em matéria de valores e comportamentos, regredir mais de meio século, à intolerância?
Existem alguma maneira de enfrentar isso a não ser dizendo “não”?
Impossível e abrir diálogo concessivo à selvageria, como faz parte de nossa direita e quase toda a mídia, alegando que é preciso tolerar a barbárie político-comportamental dos Bolsonaro em nome da aprovação das propostas de Paulo Guedes.
Isso, sim, é colocar interesses acima de princípios.
Ou não é isso aceitar que , em nome de reformas econômicas ultraliberais se possa aceitar a instituição de um regime político autoritário?
No extremo, para chegar ao modelo econômico chileno é preciso aceitar um Pinochet.
Não se exigiu, para que se pusessem em marcha programas de inclusão e justiça social que se mantivessem o respeito aos contratos fundados em iniquidades e
Como os homens do dinheiro já não se preocupam com o longo prazo, talvez a maior diferença entre o capitalismo industrial e o financeiro – pouco lhes importa que este modelo vá dar no que deu com o vizinho.
Diante de tudo isso, é curioso ler comentários assim sobre os discursos de Lula – inclusive os de ontem, na convenção do PT – estarem “polarizando”.
Não é para polarizar quando a força poderosa do Governo quer nos levar ao desmonte do Brasil e sua reversão à condição de colônia e de selvageria?
O que é isso, aversão à realidade de que Bolsonaro e Lula são dois polos?
E que existe uma Linha do Equador na vida brasileira que não permite que alguém esteja no Hemisfério Sul e no Norte ao mesmo tempo? Terá sempre que estar em um, olhando mais ou menos de perto do Cruzeiro do Sul ou da Estrela Polar, mas a só uma delas usa como referência.
Não, a Terra não é plana, ela é polar.
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