Com Deus e a Verdade

domingo, 20 de setembro de 2020

Um filme que já vimos, com um final mais infeliz?

 


Russomanno sai na frente na eleição para prefeito de São Paulo, manchete deste domingo do Estadão, é idêntica ao que você pode ler, muitas vezes, nas sempre repetidas candidaturas do ex-colunista social e há tempos “defensor dos consumidores” televisivos a cargos majoritários, todas mal sucedidas.

Como não é novidade, há dezenas de análises de porque, por exemplo, na eleição municipal de 2012 tinha 31% no Ibope e sequer foi ao segundo turno. Ou porque repetiu os 31% em 2016 no Datafolha e, igual, foi decaindo.

Tal como recebeu manifestações públicas de Edir Macedo para influenciar o eleitorado evangélico, agora já começa a receber o aval público de Bolsonaro, sem o que Bruno Covas teria a eleição a um passo. O que era, aliás, a razão para ter oferecido a vaga de vice a Russomano.

É esse o sinal mais importante da eleição paulistana: o esfacelamento irreconciliável da direita, que ainda tem personagens aparentemente “folclóricos” em outros candidatos.

Mas não ocorre esfacelamento igual entre a esquerda ou, pelo menos, no campo democrático?

Sim, mas não creio que tenha atingido as “juras de morte” que alcançou em outro extremo e que pode, na ainda remota hipótese de uma presença de Guilherme Boulos num segundo turno, superar-se com facilidade, porque as candidatura de Jilmar Tatto (PT) e Orlando Silva (PCdoB) tem características tão pouco representativas e destinam-se evidentemente a pavimentar a candidarturas parlamentares em 2020.

Numa eleição “fria” como esta, ainda é cedo para estimar que candidaturas com alguma expressão vão murchar ou ganhar vigor à medida em que se aproximar o momento do voto e se definirem os imensos 33% dos eleitores que não têm tendência manifesta ou que se negam a escolher.

A postura “low-profile” de Bruno Covas o ajuda, assim como a simpatia que despertou por sua luta contra um câncer. A Russomano, ainda se está por vero que uma crescente identidade com Bolsonaro lhe trará. A Boulos, o campo livre para se afirmar como candidato do voto petista fora do PT parece inevitável.

De toda forma, são eleições pobres de ideias, de programas e de partidos. Chegaram antes da eclosão evidente do desmanche do Governo Federal e, por isso, não é provável que tenham um caráter plebiscitário.

Tendem à mediocridade ou, para parafrasear Russomano: “não está bom para você, nem pra ele, então não está bom para ninguém”.

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