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sexta-feira, 5 de março de 2021

Vaza-Jato: Deltan diz que Cármen Lúcia teria pedido para manter Lula preso

 

Correio Braziliense
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A defesa do ex-presidente Lula enviou nesta quinta-feira (4/3) ao Supremo Tribunal Federal
 (STF) uma manifestação com mais diálogos que teriam sido trocados entre integrantes da
 força-tarefa da Lava-Jato do Paraná. Nas mensagens, obtidas no âmbito da Operação
 Spoofing (que prendeu hackers suspeitos de invadir celulares de autoridades em 2019),
 os procuradores discutem formas de evitar a soltura de Lula, depois que o desembargador 
Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), determinou que o
 ex-mandatário fosse solto, em julho de 2018.O episódio em questão é conhecido como o 
“prende e solta” de Lula. Isso porque no mesmo dia, o ex-juiz Sergio Moro, que estava de 
férias, disse que o desembargador plantonista não poderia mandar soltar o ex-presidente, que estava detido desde abril daquele ano, dizendo que ele era "autoridade absolutamente incompetente para sobrepor-se à decisão do Colegiado da 8ª Turma do Tribunal Regional 
Federal da 4ª Região”.
O relator do processo no TRF-4, Pedro Gebran Neto, suspendeu a decisão do colega 
plantonista. Em seguida, Favreto reafirmou a decisão pela soltura. A questão foi resolvida
 pelo então presidente do TRF-4, Thompson Flores, que manteve a prisão afirmando que o
 pedido de habeas corpus de Lula caberia ao desembargador João Pedro Gebran Neto.
Acesso aos diálogos
A defesa de Lula teve acesso às conversas após autorização do Supremo, e as análises 
foram enviadas ao ministro Ricardo Lewandowski no âmbito de uma reclamação. Os diálogos
 foram analisados pelo perito Cláudio Wagner, contratado pela defesa.
 Este é o nono relatório de análise preliminar enviado ao STF.
Conforme documento, após tomar conhecido da decisão de Favreto, integrantes da
 força-tarefa passaram a trocar mensagem pelo aplicativo Telegram. As conversas seriam
 no sentido de articular uma forma de manter Lula preso, na busca de evitar que a Polícia 
Federal o soltasse enquanto aguardavam uma decisão que revertesse a de Favreto. 
"É preciso uma contraordem do Gebran ou Lens (Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz). 
Não adianta a gente falar. Pela aparência, Favretto pode cassar a decisão do Moro”, teria dito 
Deltan em um momento.
Em outro, o procurador teria afirmado: “Falei com Valeixo agora. Seguem segurando. 
Estão em contato com o TRF tb”. As mensagens estão transcritas na reportagem tal como
 estão no documento enviado pela defesa de Lula. Conforme relatos, depois da segunda
 decisão de Favreto, reafirmando a soltura do ex-presidente, Dallagnol teria dito aos demais 
membros do Ministério Público Federal (MPF) presentes no grupo do aplicativo: “Vou ligar pra
 PF e pedir pra não cumprir”.
Logo mais, o procurador falou sobre uma suposta orientação do relator Pedro Gebran.
 “Orientação do Gebran è que a PF solte se não vier decisão do presidente do TRF. Pedi pra
 PF segurar, mas predicávamos (precisávamos) deneto dessa 1h ter sinal positivo. Pq eu 
dizer e nada não muda muito qdo tem ordem judicial”, escreveu. O procurador fala em horário
 porque na decisão, Favreto dá uma hora para que Lula fosse solto.
Em um momento, no decorrer da discussão sobre o que poderia ser feito, o procurador
 Januário Paludo teria comentado que já enfrentaram desembargadores corruptos antes,
 mas que a questão em foco parecia ser ideológica.
Ainda na discussão, Dallagnol diz: “o problema é que Gebran disse pro Valeixo 
(Maurício Valeixo, então superintendente da PF no Paraná) cumprir a ordem do
 Favreto se não vier contraordem tempestiva do presidente”. Uma procuradora
 identificada como Jerusa, que seria Jerusa Viecili, então, diz: "Imprime e leva 
em mãos para o presidente". Dallagnol respondeu: "Ou driblamos isso ou vamos perder".
Do Casinhas Agreste
Postado por Madalena França


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