O ministro da Educação, Milton Ribeiro, continua apavorando o mundo acadêmico. No sábado (21/08), ele questionou a busca por um diploma universitário por alunos que usam financiamento e depois ficam endividados “porque não tem emprego”. O discurso de desencorajamento ocorreu em um evento em Nova Odessa (SP).
A fala supersincera do ministro –‘não tem empregos’–, ao mesmo tempo que é canalha, denuncia o governo do presidente Jair Bolsonaro, que promove o desemprego, a fome, a miséria, a carestia, a semiescravidão, enfim, privilegia os bancos e especuladores financeiras. Ribeiro afirma, por linhas tortas, que o seu colega da Economia, Paulo Guedes, serve a interesses estranhos aos da sociedade brasileira.
“Que adianta você ter um diploma na parede, o menino faz inclusive o financiamento do FIES que é um instrumento útil, mas depois ele sai, termina o curso, mas fica endividado e não consegue pagar porque não tem emprego”, declarou o ministro em um encontro com representantes dos governos municipais da região, ao defender o ensino profissionalizante.
Para o ministro, é fundamental o país preparar as escolas técnicas para que elas forneçam mão de obra barata a determinados setores. Ou seja, Ribeiro reproduz o discurso tecnicista dos anos 90, quando o acordo MEC/USAID planejou a privatização das universidades públicas.
“No entanto, o Brasil precisa de mão de obra técnica, profissional. E aí depois o moço ou a moça, elas fazem esse curso, arrumam um emprego, e depois falam: ‘O que eu gostaria mesmo é ser um doutor. Eu fiz um curso técnico em veterinário, já tenho um emprego, mas eu quero ser um médico veterinário'”, disse.
O ministro Milton Ribeiro é um colecionador de declarações polêmicas. Recentemente, o titular do MEC afirmou que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos”. Segundo o ministro, as verdadeiras “vedetes” (protagonistas) do futuro são os institutos federais, capazes de formar técnicos.
O ministro ainda entrou na marca do pênalti, principalmente no Senado, ao dizer que há crianças com grau de deficiência em que ‘é impossível a convivência’. O senador Romário (PSB-RJ), pai de criança especial, pediu a convocação de Ribeiro, que se desculpou depois.
Entidades do movimento estudantil pedem a exoneração do pior ministro da Educação que o país já teve, superando, inclusive, Abraham Weintraub. A presidenta da presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Rozana Barroso, liderou um grupo que tentava entrar no local do evento, mas a Polícia Militar dispersou os jovens.
“Nós gostaríamos muito que ele estivesse nos recebendo no prédio do Ministério da Educação para uma reunião. Somos estudantes, não somos lixo, não somos ameaça. Mas ele nega a nos receber, então nós estamos aqui pra ver se ele passa a escutar os estudantes”, disse a dirigente da UBES.
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