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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Os maiores pintores de Pernambuco: parte 4

 


Da coluna de João Alberto

Reynaldo Fonseca: Além de pintor destacou-se como muralista e ilustrador. Reynaldo de Aquino Fonseca nasceu no Recife em 1925. Como ouvinte, frequentou em 1936 a Escola de Belas Artes de Pernambuco, onde foi aluno de Lula Cardoso Ayres e fez curso de magistério em desenho. Em 1944 morou seis meses no Rio de Janeiro, onde foi aluno de Cândido Portinari. Foi um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife, associação que propunha a ruptura com o sistema acadêmico de ensino. Realizou viagem de estudos à Europa e voltou amorar no Rio de Janeiro. Manteve ao longo da sua longa carreira temas recorrentes, como as cenas familiares com crianças e animais, nas quais predomina um clima de sonho, inquietação e estranheza, que evoca o surrealismo e a pintura metafísica.

O artista inspirava-se em pinturas do primeiro Renascimento italiano e flamengo, também nos pintores primitivos norte-americanos dos séculos XVIII e XIX e nos surrealistas em geral. Para Roberto Pontual, Reynaldo Fonseca concentrava-se na armação de enigmas, a meio caminho entre o metafísico e o fantástico. A retomada da história da arte é realizada de forma paciente, e por vezes com uma parcela de ironia. Utilizou freqüentemente recortes de fotografias impressas em jornais e revistas, como inspiração para seus quadros. Um dos seus mais bonitos murais está na agência do Banco do Brasil no Recife Antigo. Passou a fase final da vida praticamente recluso na sua cobertura em Boa Viagem, mas sempre pintando. Seus quadros estão cada vez mais valorizados. Morreu em 2019, com 94 anos.

José Carlos Viana: Teve destaque como pintor, desenhista, gravador e escultor. Nasceu em Olinda em 1947. Fez o curso de desenho artístico na Escola Técnica Federal de Pernambuco, sob a orientação de Luiz Notari. Realizou sua primeira exposição na Galeria 3 Galeras, em Olinda. Logo depois, viajou para os Estados Unidos, onde viveu cinco anos e fez cursos e exposições em Washington. Na volta, aprendeu litogravura com João Câmara e foi um dos fundadores da Oficina Guianases de Gravura. Em 1981 viajou para a Inglaterra, onde viveu por três anos. Sua vivência no exterior influenciou na sua arte, de um virtuosismo de beleza evidente. Paralamente à carreira artística, atuou como presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, a convite de Jarbas Vasconcelos, seu grande amigo. Faleceu em 2019, deixando uma marcante obra.

Militão dos Santos: Antônio Militão dos Santos nasceu em 1956 em Caruaru. Aos sete anos contraiu meningite e perdeu 100% da audição. Para minimizar a deficiência, a família se transferiu para o Rio de Janeiro, em 1970, para que ele se matriculasse no Instituto Nacional de Educação de Surdos. Lá não só aprendeu as linguagens labial e dos símbolos como pôde desenvolver a sua inclinação para a pintura em aulas com o artista plástico Rubens Fortes Bustamante Sá, que lhe transmitiu a ideia de composição e cores. Começou vendendo seus trabalhos na Feirinha de Arte da Praça General Ozório, em Ipanema, que eram muito procurados especialmente pelos turistas estrangeiros. Em 1982, passou uma temporada entre a Argentina, Uruguai e Paraguai.

Em 1990 veio morar no Recife. Pouco conhecido, fez, por conta própria, uma exposição no lobby do Mar Hotel. Em dois dias, vendeu todas as telas e viu sua carreira decolar. Já participou de várias exposições no exterior e tem peças em museus famosos da Europa e Estados Unidos. Com sua técnica de pontilhismo, que dá forma a desenhos compostos de cores intensas, cheios de vida e bastante originais, Suas obras retratam os cotidianos perfeitamente, numa sintonia fantástica que podemos sentir e ouvir tudo o que ele coloca nas telas, com todos os sentidos. Suas pinturas nunca se repetem. Cada trabalho realizado conta uma história diferente, sempre com muita alegria, típica da arte Naif.


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