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sábado, 26 de fevereiro de 2022

Os efeitos da guerra no Brasil


O principal efeito imediato da guerra na Ucrânia no Brasil é a alta nos preços do petróleo e seus derivados. A Rússia é atualmente um dos maiores produtores de petróleo do mundo, com capacidade de produção de mais de 10 milhões de barris por dia. O País é ainda o maior fornecedor de gás natural da Europa, responsável por cerca de 40% do abastecimento total do continente.

Há também imposição de sanções contra bancos, empresas e empresários russos que podem paralisar a produção e a exportação de commodities. Os Estados Unidos anunciam sanções contra a Rússia. As medidas atingem duas instituições financeiras russas - os bancos VEB e PSB, incluindo 42 subsidiárias - e impedem a negociação de novos papéis da dívida pública russa no mercado.

O Reino Unido anunciou penalizações contra cinco bancos e três bilionários da Rússia, e outras potências ocidentais ameaçaram tomar ações semelhantes nos próximos dias. A guerra responde com sanções mais graves do que as que já estão sendo aplicadas atualmente. Traz impactos diretamente na subida dos preços do petróleo e, consequentemente, no aumento dos preços dos combustíveis no Brasil.

No Brasil, o aumento do preço do barril de petróleo não significa apenas pagar mais caro pela gasolina, mas também por derivados do petróleo como o gás de cozinha. A alta nos preços dos combustíveis no Brasil impacta na inflação e dificulta o trabalho do Banco Central de conduzir os preços para as metas de inflação. Isso pode exigir também a adoção de taxas de juros mais altas por um longo período de tempo.

Além do petróleo e derivados, a Rússia também é o polo de exploração e produção de diversas outras commodities, como minérios e grãos. A exportação desses bens também deve ser dificultada pelas sanções, causando ainda mais danos às já abaladas cadeias globais de produção. Isso pode, ao mesmo tempo, pressionar os preços pela oferta limitada e reforçar a onda de inflação global.

O efeito final da elevação da inflação é uma redução do ritmo de crescimento da economia brasileira. A economia provavelmente não crescerá este ano e pode até cair um pouco. E o quadro pode piorar ainda mais com o aumento dos preços do petróleo e da inflação. Tudo isso pode ainda impactar diretamente no resultado das eleições presidenciais, marcadas para outubro.

Um ambiente de grave inflação pode atingir de maneira muito negativa a campanha do presidente Jair Bolsonaro, porque não importa a origem da inflação, aqui ou em qualquer lugar, ela é sempre imputada ao chefe de Governo.

Opção pelo conflito – O presidente da França, Emmanuel Macron, disse em entrevista a jornalistas, que o presidente russo, Vladimir Putin, escolheu a guerra “quando ainda era possível negociar a paz”. O líder francês mencionou uma ligação que fez ao russo pedindo a interrupção do ataque: “Tive uma conversa franca, direta e muito rápida com o presidente Putin, a pedido do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, para primeiro pedir-lhe que parasse o combate o mais rápido possível e, especialmente, que se propusesse a discutir com o presidente Zelensky", afirmou. 

Posição mais dura – O encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Douglas Koneff, diz que o país espera uma declaração mais forte do governo brasileiro sobre os ataques da Rússia a Ucrânia. Koneff foi perguntado em entrevista a jornalistas se espera uma declaração enfática do presidente Jair Bolsonaro sobre o tema. Evitou responder diretamente. Disse: “Qualquer declaração de governo que condene as ações russas, porque são violações do direito internacional e da carta das Nações Unidas, ajuda e é bem-vinda. Um pedido de desescalada das hostilidades ao povo ucraniano e de retirada das tropas são passos importantes para todos os países".

O lado de Bolsonaro – Da professora Laura Karpuska, PHD em Economia pela Universidade de Nova Iorque: "O presidente russo, Vladimir Putin, revela em seus discursos uma mentalidade imperialista. Um corolário disto é o autoritarismo. Ele desrespeita Estados-Nação, normaliza anexações de territórios, atua contra direitos humanos e boicota ideais liberais. O presidente Jair Bolsonaro deixou claro, mais uma vez, que lado escolheu. Chamou Putin de “amigo” e disse ter “valores comuns” com o líder russo durante a viagem feita neste momento inoportuno. O Brasil é um ativo de risco pela economia política e pela personalidade do seu líder".

Jornalista chora – O jornalista inglês Clive Myrie não conseguiu segurar o choro enquanto falava sobre a invasão russa na Ucrânia diretamente de um dos maiores pontos turísticos do país. Myrie estava em frente ao mosteiro de São Miguel das Cúpulas Douradas, em Kiev. Apesar de não mudar sua expressão durante a fala, o público notou que o jornalista derramou uma lágrima no final da transmissão.( Da coluna de Sábado do magno Martins)

Postado por Madalena França

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