Após uma suposta “agressão” relatada por Miriam Leitão em um voo entre Brasília e Rio de Janeiro, outro jornalista global se queixa de ter sido agredido em um aeroporto. Trata-se de Alexandre Garcia, que apresenta o telejornal Bom Dia Brasil, da Globo, e que, vez por outra, substitui William Bonner no Jornal Nacional.
O jornalista estava na fila para o embarque quando foi abordado pelo ativista Rodrigo Pilha que o acusou de “golpista” e “eternamente golpista”.
O militante de esquerda filmou o momento em que provoca Garcia e publicou o vídeo na quinta-feira (15) em um canal do Youtube.
Pilha entrou na fila de embarque logo atrás de Garcia e começou a fustiga-lo:
— Como é ser golpista? Fala pra gente aqui. Não é a rede Globo não. Aqui é no filter. Você pode falar que vamos publicar sem edição. Como é compactuar com o sistema?
Acompanhado por uma mulher, Garcia permanece o tempo todo de costas para o crítico.
Pilha embarca no mesmo avião e até entrar na aeronave continua atacando.
— Golpista! Quis a história que estivéssemos no mesmo voo, né? Vai chamar a polícia federal? Vai ter mi mi mi? Vai dizer que é ódio? Vocês que incentivam o ódio contra o PT, contra o PCdoB, contra a esquerda… A história não te perdoará, golpista.
Há que ressaltar a diferença entre esse caso e o caso envolvendo Miriam Leitão. No caso dela, conforme mostrou este Blog não houve agressão alguma. Militantes do PT que retornavam de Brasília para o rio em um voo da Avianca entoaram cânticos críticos à Rede Globo e negam peremptoriamente que tenham atacado a pessoa da jornalista.
Vídeo amplamente divulgado mostra uma história diferente da contada pela jornalista, ainda que seja um vídeo curto em relação a um voo de quase duas horas. Contudo, uma ambientalista e um advogado presentes ao voo desmentem Miriam Leitão
Já no caso envolvendo Alexandre Garcia, a situação é diferente. Não há dúvida de que ele foi xingado e, particularmente, acho que esse tipo de ação não contribui porque o outro lado (o antipetismo) é especialmente versado em promover baixaria.
Contudo, ninguém tem direito de dizer que não compreende a reação desfechada pelo ativista brasiliense. Não nos esqueçamos de que grupos de direita que agora criticam os protestos contra os jornalistas globais chegam a ir a velórios de petistas para insultar o defunto e a sua família.
Porém, independentemente da manifestação do ativista de Brasília, o fato é que a postura de Alexandre Garcia diante do ocorrido não chega a ser muito coerente.
O tom dos grandes órgãos de mídia vem sendo de censura à versão dos “agressores” e prevalência da versão dos agredidos. Porém, isso não é nada perto da incoerência de Garcia, que agora discorda desse tipo de manifestação, mas endossou agressão nos mesmos moldes ao cantor chico Buarque em dezembro de 2015.
Chico e um grupo esperavam um táxi após jantar em um restaurante. Um grupo saía do restaurante Sushi Leblon começou a gritar “petista”, “ladrão”, “vai para Paris”, “vai para Cuba” e “Você é um merda, quero ouvir da sua boca: quem apoia o PT o que é?”, perguntou um dos provocadores. “É petista”, respondeu o outro. “É um merda”.
Em determinado momento, o grupo ironizou o fato de Chico Buarque ter um apartamento em Paris. “Para quem mora em Paris é fácil”, disse um deles. “Você mora em Paris?”, retrucou Chico, que reside no Rio de Janeiro.
Mantendo o tom de voz baixo, mesmo diante da exaltação dos jovens, Chico Buarque tentou argumentar, mas não foi ouvido. Os insultos continuaram.
Sobre o episódio que ocorreu consigo, pelo Twitter Garcia chamou de “intolerância” e afirmou que esse tipo de manifestação “é o oposto do debate racional”.
Contudo, quando ocorreu o episódio com Chico Buarque, que teve insultos ainda mais pesados – chegaram a chamar o cantor de “um merda” –, o âncora global chamou aquilo de “críticas de opositores” e “denunciou” que o cantor, a atriz Marieta Severo e o ator Paulo Betti o insultaram logo após o fim da ditadura.
Garcia só esqueceu de contar por que Chico, Marieta e Betti o xingaram na rua logo após o fim da ditadura.
Depois da posse do general-ditador João Baptista Figueiredo (1979), Alexandre Garcia trabalhou como secretário de imprensa (porta-voz) da Ditadura.
— alexandre porta voz
— Alexandre porta voz 2
Porém acabou sendo exonerado devido à repercussão da entrevista “O Porta-Voz da Abertura” concedida à revista masculina “Ele & Ela”, na qual o jornalista se apresentava deitado em uma cama, de cueca, recoberto por uma felpuda toalha e revelava que era ali que ele “abatia suas lebres”
— alexandre porta voz 3
As declarações de Garcia de apoio a agressão a Chico Buarque foram dadas em comentário do jornalista à Rádio Itatiaia em 28 de dezembro de 2015. O vídeo abaixo reproduz a fala em que ele apoia para outros o tipo de agressão que sofreu, o que, mais uma vez, comprova todo o cinismo desse indivíduo de comportamento tão questionável.*
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