O dia é de dúvidas, mas não tantas.
Se houver quorum, vota-se a denúncia contra Temer.
Se não houver, perde Temer, que terá de passar mais uma semana no balcão, onde já deu o que tinha e o que não tinha para dar.
Se houver, Temer conseguirá, com certeza, o número necessário para bloquear o andamento da denúncia de Rodrigo Janot pelo caso de corrupção com a JBS.
Conseguirá o número legal,é certo. Mas é incerto que que receba o número político necessário.
Ficando como na primeira, com 263 votos, ou pouco acima disto será uma vitória para Temer, mas um prejuízo para parte de sua base, porque sinalizar maioria na Câmara “barateia” o voto a favor dos governistas.
Como em qualquer mercado, também no balcão da Câmara dos Deputados funciona a lei da oferta e da procura. Se Temer tem maioria, mais barato fica cada voto a favor; se não a tem, é preciso conseguir sem medir métodos para isso, como ficou claro nas últimas decisões presidenciais.
A maioria governista diz que terá tanto ou mais que na primeira votação. Pode ser, até, pelas 20 ausências registradas naquela ocasião. Mas os sinais são em direção contrária.
O mais robusto deles é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao menos na aparência, não estar movendo esforços por Temer. Maia monta a “sua bancada”, para encaminhar uma solução eleitoral que dê ao Dem (ou lá o nome que venha a ter nestas fantasias partidárias que se estão criando) protagonismo.
Todos se recordam que PMDB e Maia disputavam um naco do PSB que, na primeira votação, deu 11 votos a Temer. Ontem, deixaram o partido os que caminham para ficar com o partido de Temer: cinco deputados. Restam seis que, provavelmente, seguirão a orientação que vier de Maia.
No PSDB – 22 com Temer, 21 contra e quatro ausentes, na primeira votação – a anistia a Aécio não deve surtir efeito e todos preveem placar parecido.
De qualquer forma, não é provável que haja diferenças além das de números, em pequena escala.
Numa parlamento desmoralizado, sem líderes respeitáveis, com os partidos esfacelados pela judicialização da política, os negócios privados – ou favores do governo ou o medo de dele recber o desgaste eleitoral – é que vão determinar as decisões.
Não há, na Câmara, a dúvida poética de Cecília Meirelles no seu “Ou Isto ou Aquilo” exceto no par de versos que diz: “É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares!”.
No resto, não há isto ou aquilo.
A Câmara dos Deputados é só aquilo mesmo, sem dúvida.
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