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sábado, 4 de novembro de 2017

Escritora de 71 anos lidera movimento contra Bolsonaro e dá lição de coragem


A coragem de uma escritora de 71 anos que está liderando um movimento de repúdio a Jair Bolsonaro em Santo André

Fonte Pragmatismo político
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A concessão do título de cidadão andreense ao deputado federal e pré-candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSC), pelo vereador Sargento Lobo, do Solidariedade, criou uma onda de críticas e protestos na cidade de Santo André e região do ABC.

Uma das mais atuantes intelectuais do município, a livreira e poeta Dalila Teles Veras, promete devolver o título de cidadã honorária andreense se a Câmara aprovar o projeto de lei que concede a mesma honraria a Bolsonaro.
Em seu Facebook, Dalila destaca que a homenagem a Bolsonaro, que nunca contribuiu com Santo André, é um ato explícito de campanha eleitoral e que merece repúdio.
Solenemente, devolverei o título de cidadã honorária andreense, caso a Câmara Municipal de Santo André aprove o projeto de lei de um vereador que não merece ter seu nome aqui citado, propondo título de cidadão honorário andreense àquele outro deputado que pretende ser candidato a presidente da república e que me recuso também a dizer seu nome. Foi com muita honra que recebi, em 2002, esse título, não só porque já me sentia cidadã andreense, pelo fato de ter escolhido esta cidade para morar e também por, desde sempre, ter defendido os direitos de outros cidadãos ao ter me engajado em tantas lutas. Homenagear oficialmente um político que jamais contribuiu em nenhum aspecto com esta cidade é um ato explícito de campanha eleitoral e merece meu mais veemente repúdio”, escreveu Dalila.
A poeta é proprietária de uma livraria, a Alpharrabio, ponto de encontro de intelectuais. Também é editora e educadora. Dalila nasceu no Funchal, Ilha da Madeira, em 1946. Reside no Brasil desde 1957.
É animadora cultural, organizadora de cursos, seminários e congressos. Participou como convidada da Unesco do Colóquio Imprensa de Língua Portuguesa no Mundo, realizado em 1991, em Paris, com a comunicação “A Imprensa Alternativa no Brasil como resistência cultural”.
Adotou a cidade de Santo André para viver e diz que já se sente uma andreense nata. Mas que não pode aceitar uma homenagem do povo de Santo André a um homem que não defende os direitos humanos. A poetisa destaca o objetivo eleitoreiro de conceder o título ao pré-candidato.
O autor do decreto legislativo, vereador Sargento Lobo, hoje no Solidariedade, deverá se transferir para o PEN, legenda que também deverá receber a inscrição de Bolsonaro. O PEN mudará de nome para Patriota antes do início da corrida presidencial em 2018.
O vereador informa que ainda não sabe quando poderá ser realizada a sessão que vai conceder a honraria a Bolsonaro. Lobo aguarda a disponibilidade da agenda do pré-candidato. Mas acredita que poderá ser em março do próximo ano.
Santo André é uma das primeiras cidades criadas do Brasil, com fundação antes mesmo da cidade de São Paulo. Completará 465 anos em 2018.
O município tem grande tradição de militância política ligada a sindicalistas e a movimentos de esquerda. Em 1947, os andreenses elegeram Armando Mazzo, do Partido Comunista Brasileiro. Mazzo era operário e líder sindical. Foi o primeiro prefeito comunista eleito no Brasil, exatamente em Santo André.

Foi também em Santo André o registro de um dos primeiros prefeitos eleitos pelo PT, com Celso Daniel, em 1988.
Hoje há uma grande corrente contrária à concessão da homenagem a Bolsonaro. Um abaixo assinado circula na internet para tentar barrar o ato. O documento pode ser assinado aqui.
Nós, moradores de Santo André-SP, somos contra o Projeto de Decreto Legislativo nº 10/2017, que propõe a concessão do título de “Cidadão Honorário do Município de Santo André” ao Senhor Jair Messias Bolsonaro”, diz o rol de assinaturas #BolsonaroNão.
O texto destaca que “Bolsonaro é a voz representante da extrema direita brasileira e em todas oportunidades em que lhe é permitido falar, explora e ataca as minorias, entre as quais se enquadram milhares de moradores do município. Jair é homofóbico, misógino e racista por natureza e convicção. Idolatra a extrema direita neonazista e admira os torturadores da ditadura militar, a qual enaltece em todas as oportunidades.”
Por que dar título de cidadão a quem nunca fez nada pela cidade e não tem vínculo nenhum com Santo André? Não é admissível utilizar dinheiro público para um ato que tem como pano de fundo motivação eleitoral, gerando palanque e exposição ao proponente e ao homenageado!
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