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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

12 milhões de razões para o ‘Mito’ fraquejar com Bebbiano


Da experiente jornalista Helena Chagas, no site Os Divergentes:
Quem circula no submundo das negociações partidárias não ficou surpreendido com as revelações da Folha sobre a malversação dos recursos do fundo eleitoral pelo PSL. Segundo essas fontes, o caso do laranjal pernambucano seria a ponta do iceberg da operação que levou Jair Bolsonaro e aliados ao partido. A direção do PSL , dizem, teria tido no mínimo 12 milhões de motivos para acolher o candidato e dar a seu então braço direito, Gustavo Bebianno, o posto de presidente da legenda durante a campanha.
Ninguém arrisca um palpite sobre o grau de participação, ou até de conhecimento, de Bolsonaro nos detalhes dessas negociações, travadas entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018. Os principais interlocutores do acordo foram o próprio Bebianno, pelos bolsonaristas, e Luciano Bivar, pelo PSL. Mas o relato se encaixa perfeitamente na reação desproporcional, exagerada mesmo, de Bolsonaro e seu filho 02 às denúncias sobre o laranjal pernambucano – que, por si só, não parece ser motivo suficiente para o tamanho da crise que gerou no Planalto.
As ameaças nada veladas de Bebianno, que em entrevista à Crusoé chegou a dizer que o presidente estaria temendo que o episódio “respingasse” nele, jogaram mais lenha na fogueira. Não haveria muito sentido em que Bolsonaro tivesse medo de que respingassem nele acusações relativas a repasses de recursos a candidatas sem chances de ganhar em Pernambuco. Obviamente, o ministro se referiu a um esquema maior – que, quem sabe, poderia acabar revelando caso fosse chutado do governo depois de destratado por Carlos Bolsonaro e desmoralizado pelo próprio presidente.
É uma história que se repete a cada eleição. No caso, Bolsonaro havia acabado de quebrar a cara no PSC e no Patriotas e Bebianno acertou a ida do grupo, em bloco, para o PSL, que pertencia a um profissional estabelecido há muito tempo, Luciano Bivar. Na negociação, Bivar concordou inclusive em ceder seu posto de presidente eterno do PSL a Bebianno, mas apenas durante o período das eleições. Bebianno conduziu o partido e todas as negociações pertinentes durante o período combinado. A gestão do fundo eleitoral era uma dessas atribuições. Isso costuma dar brigas de faca.
Josias de Souza, insuspeito de  esquerdismos, no UOL:
Gustavo Bebianno, mantido no governo, transformou-se numa estonteante novidade. Carbonizado, ficou pendurado nas manchetes por 48 horas como um cadáver à espera da última pá de cal. Insepulto, articulou-se com parlamentares e com a banda militar do governo. Virou o jogo, convertendo-se num caso raro de ministro que frita presidente (…)Jair Bolsonaro, já bem passado, pode utilizar as palavras que quiser para explicar a permanência do “mentiroso” no governo. Mas a impressão que ficará é a de que o presidente da República não demitiu o ministro que carbonizara porque “está com medo de receber algum respingo.”… 
É só o começo. O caso Bebianno-laranjas foi uma palha de aço que Jair Bolsonaro passou em seu próprio “Tefllon”.
Madalena França via Tijolaço

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