“O governo é um deserto de ideias. “Se tem propostas, eu não as conheço. Qual é o projeto do governo Bolsonaro fora a Previdência? Não se sabe”.
A declaração de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, mna manchete do Estadão, é quase um pleonasmo. Qualquer pessoa com uma capacidade mediana de enxergar através da cortina de fumaça do agressivo moralismo e da “pauta de costumes” erguida pelo bolsonarismo sabe, há muito tempo, que este não tem um projeto para o país, apenas o seu aniquilamento.
No entanto, revela uma antecipação dos planos da direita e que ela não só ensaia como age para por ao menos um pé completamente fora da nau dos insensatos que se tornou o Brasil.
Se porá os dois pés, depende de como o governo agirá diante do perigo de ver naufragar a questão mais importante do mundo financeiro: não apenas a transferência para ele de R$ 1 trilhão de renda da população como a manutenção de continuar transferindo, como faz hoje, centenas de bilhões drenados do trabalho e da produção.
Maia traduz o crescente convencimento de que não é esta a métrica do sucesso para Bolsonaro e as falanges que o acompanham.
O que mais parece importar a eles é o estado de guerra permanente, de ódio incontido e, por tudo isso, de adesão incondicional dos seus.
Talvez Bolsonaro ceda. Impossível, porém, que mude. O que o impede de um putsch autoritário é sua fraqueza ante as (ainda) resistências das Forças Armadas e os ensaios frágeis, como o de Maia, de sobrevivência do legislativo e de parte do Judiciário. Além, é claro, de uma conjuntura mundial diferente (embora menos do que já foi) da que havia nos anos 50 e 60 e sua Guerra Fria, a cujo discurso tão frequentemente apelam.
Mas também – e cada vez mais se suspeita – é possível que seja este o cenário que lhe interesse: pelo “toma-lá, dá-ca” alegado, parlamento impede a suposta salvação do Brasil que seria a reforma. E, se não se salva o Brasil com eles, que se os elimine para salvar o Brasil.(Tijolaço)
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