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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Bolívia: Jeanine Añez anuncia novas eleições em breve


Condições para novo pleito dependem de acordo com o MAS, partido de Evo Morales que tem maioria no Congresso.
Jeanine Áñez (Twitter/Reprodução)
Da Redação da Veja
A presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, disse, neste domingo 17. que vai anunciar “muito em breve” a convocação de novas eleições “transparentes” após a renúncia de Evo Morales, em um novo esforço para pôr fim às manifestações que deixou 23 mortos em quase um mês.
Áñez fez este anúncio, após se reunir com um delegado da União Europeia, León de la Torre, que também se disse otimista sobre os “avanços na mesa de diálogo” entre o governo interino e setores leais a Morales, que não especificou.
Quanto às eleições, De la Torre reforçou o que foi dito por Áñez aos jornalistas de que a convocação a novas eleições, após acordo com o partido Movimento ao Socialismo (MAS), de Morales – que tem maioria no Congresso -, ocorrerá “em breve”.
Segundo a Constituição, é o Congresso que deve eleger seis dos sete titulares do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE). Os anteriores foram postos em prisão preventiva pelas irregularidades registradas nas eleições de 20 de outubro, que deram a reeleição a Morales, mas que ele mesmo anulou horas antes de renunciar à Presidência há uma semana, em meio a protestos e após perder o apoio de policiais e militares.
Jean Arnault, enviado do secretário-geral da ONU, António Guterres, começou a entrar em contato com autoridades do governo de Áñez e organizações sociais, em uma tentativa de restaurar a paz no país.
Mas os protestos de rua permanecem e o principal foco se concentrou em Cochabamba (centro), onde na sexta-feira camponeses cultivadores de coca entraram em confronto com o Exército e a Polícia, deixando nove mortos, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que elevou a 23 o número de vítimas em um mês de confrontos.
O governo reconheceu oficialmente cinco mortos, e o ministro do Governo, Arturo Murillo, sugeriu que os próprios camponeses atiram uns nos outros para produzir vítimas, pois pelo menos um morto “aparece com um tiro na nuca”.
Contudo, Thomas Becker, advogado americano da Clínica Internacional de Direitos Humanos de Harvard, disse que foi ao necrotério da cidade de Sacaba, onde os nove cocaleiros morreram: “Todos morreram por impacto de bala”.
“Todos com quem falei disseram que [nas manifestações] não havia nenhuma pessoa civil com uma arma”, disse Becker por telefone à AFP, apontando que entrevistou 50 pessoas na cidade.


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