Reino da poesia, do repente que brota fácil da terra seca, embora com a sonoridade da dor de suas adversidades, o Sertão do Pajeú tem também um toque invejável na musicalidade. Quem nasce por lá ou bebe água nas jusantes do segundo maior rio seco do planeta, quando não improvisa versos, toca ou solta a voz.
Carnaíba, terra de Zé Dantas, o maior parceiro de Luiz Gonzaga, é o maior berço de sanfoneiros do semiárido nordestino. Augusto Martins, meu irmão, que promove, há anos, um festival de sanfona, tem exibido talentosos garotos e dado oportunidade para eles se projetarem além Pajeú.
De tão musical, Carnaíba ganhou uma escola de música instrumental no primeiro governo Anchieta Patriota (PSB). Forma sanfoneiros, saxofonistas, flautistas, violinistas e até pianistas. Orgulho nordestino, reproduz também orquestras cidadãs, como a do Coque.
O Pajeú tem muitas Severinas sombreadas pelos tumores da seca. Mas tem Severinas também tocadoras e sabiás de voz aveludada como Monique D' Ângelo, deste vídeo me enviado pela poetisa Mariana Telles, outro sabiá, mas do improviso.
Monique é vocalista da banda As Severinas, do meu Pajeú. São três, do trio pé de serra: Isabelly Moreira (triângulo, vocais e declamações), Monique D'Angelo (vocal e sanfona) e Marília Correia (zabumba). Todas do Sertão do Pajeú. O grupo canta, encanta e declama.
Declama Lourival Batista, Rogaciano Leite e tantos outros monstros sagrados da poesia glosada do reinado que Deus já chamou para cantoria no céu. Monique bem que poderia viver da arte de tão talentosa, mas é advogada e professora acadêmica em Mossoró (RN).
Um encanto de artista e doce figura humana.
Madalena França Via Magno Martins
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