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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Marília Arraes pode garantir ‘votação expressiva’ para o PT na Câmara, diz Doriel Barros

 


Lara Tôrres/Diário de Pernambuco
Candidata bem votada no segundo turno das eleições municipais do Recife em 2020 e ocupante de uma das cadeiras do PT na Câmara dos Deputados, Marília Arraes (PT-PE) chegou a colocar seu nome à disposição do Partido dos Trabalhadores para a disputa pelo Palácio do Campo das Princesas. A legenda, contudo, em meio às negociações com a Frente Popular – e outros grupos ao nível nacional – em busca da eleição de Lula à presidência e diante da demora do PSB (importante ator desse processo) em indicar um nome para encabeçar a chapa, decidiu pela indicação do senador Humberto Costa (PT-PE) como pré-candidato ao Governo do Estado. 
Assim, passou a pairar uma interrogação sobre qual seria o próximo passo eleitoral na carreira política de Marília, e chegou o ano eleitoral. Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o deputado estadual e presidente do PT Pernambuco, Doriel Barros, declarou que ainda há muitas incertezas no que diz respeito ao número ao espaço eleitoral de que disporá para o Legislativo, visto que os detalhes acerca da federação não estão todos alinhados, mas destacou uma boa expectativa para crescimento da bancada, com Marília Arraes sendo uma das peças-chave para essa estratégia. 
“Hoje trabalhamos com um cenário que Lula também tem enfatizado muito: ele precisa ter uma Câmara federal forte, e quadros importantes que ajudem a puxar mais deputados. Marília se apresenta, com toda a movimentação que ela vem fazendo, como uma grande candidata que vai mobilizar e ajudar a puxar gente para se animar, vir para o PT, querer disputar [as eleições] pelo PT porque sabe que tem quadros de força política não só do voto na legenda, mas na esperança política que ela exerce. Isso que está mostrando ao PT um cenário de crescimento na bancada federal, muito em função também da votação expressiva que a gente acredita que Marília vai ter nessa eleição”, declarou Doriel.
Além de Marília, o partido já faz cálculos (matemáticos e políticos) pensando em mais alguns nomes fortes do partido em Pernambuco com boas chances de sucesso no na eleição à Câmara dos Deputados. 
“Teresa Leitão vai para disputar a Câmara Federal, você tem Fernando Ferro, tem Carlos Veras, você tem mais nomes para disputa das chapas. A gente tem Lula candidato, grande cabo eleitoral, PT consegue ampliar seu número de votos de legenda. A gente tem expectativa boa nos dois cenários e estamos preparando nosso time para quando o jogo começar, a gente estar com a equipe escalada para fazer uma grande eleição em Pernambuco”, disse Doriel.
A busca por ampliação da bancada também passa pelo empenho de conseguir filiar mais pessoas interessadas em disputar as eleições. Doriel Barros conta que o partido vem formando, desde o ano passado, uma base de nomes para o pleito que envolve “prefeitos, vice-prefeitos, deputados  que já estão em mandatos e outras lideranças do campo social”, destacando a importância eleitoral desse trabalho. Como exemplo, ele cita o deputado estadual e ex-prefeito do Recife, João Paulo (PCdoB), que já declarou publicamente seu retorno ao PT, mas ainda aguarda o prazo legal para poder realizar a mudança de partido.
“Claro que o PT também tem sido procurado por alguns deputados com o interesse de se juntar à legenda. Não há definição ainda sobre as filiações, mas quem tem mandato tem um prazo legal, que é março, então ninguém vai sair até lá. (…) deputados estão procurando, a gente vai conversando para ver se vai ter o interesse. O PT, claro, vai procurar sempre ampliar seu quadro, mas com toda a responsabilidade que você sabe que o PT tem, dos compromissos políticos que o PT defende”, disse o presidente estadual da legenda.
O presidente estadual do PT destaca ainda que o potencial de votos de Marília Arraes, se somado a uma eventual confirmação da Federação de Partidos, poderia ampliar muito não apenas para o PT, mas para todos os partidos que a compusessem, o número de pessoas eleitas, configurando um potencial interessante de crescimento da representatividade das legendas envolvidas na alta casa legislativa.
“Há um debate em torno da federação, ainda não está fechado, mas é uma estratégia bastante importante pensando em fortalecer uma base no Congresso. O PT, PSB e PCdoB, juntos, fariam uma importante base de sustentação no Congresso Nacional, com isso a gente ampliaria, inclusive, o número de deputados e deputadas eleitos e eleitas no cenário estadual e nacional, segundo levantamento que o PT nacional tem apresentado. Todos os partidos envolvidos na federação aumentariam sua representação”, afirmou o deputado. Doriel enfatizou, também, a importância dessa ampliação de bancadas após a eleição, caso ela seja vencida por Lula, para lhe conferir condições de governabilidade no trato com o Congresso. 
Paulo Câmara entre o mandato e o Senado
A preocupação do PT com a governabilidade de Lula, caso eleito, impacta também nas tratativas acerca da definição do nome indicado pela chapa em que o partido está para disputar um assento no Senado, visto que só há espaço para uma pessoa. Atualmente, a legenda trabalha, tanto local quanto nacionalmente (o diretório estadual tem o apoio de Lula e da presidenta do partido, Gleisi Hoffmann) na busca de um acordo para uma composição com Humberto Costa disputando o Palácio do Campo das Princesas, e o atual governador, Paulo Câmara (PSB), com o rosto na urna em busca do Senado.
Paulo, no entanto, vem manifestando o desejo de não entrar na disputa eleitoral, afirmando que prefere terminar seu mandato de governador – visto que, para concorrer, ele teria que deixar o cargo por força da legislação eleitoral. Sobre isso, Doriel afirma que entende o desejo de Câmara, mas afirma que a decisão sobre essa questão depende também do PSB. 
“É desejo dele terminar o mandato, mas todo político é um instrumento do partido e do grupo. Se o grupo define, você topa a parada. Digo isso porque fui presidente da Fetape e não foi uma decisão minha, foi a Fetape que achou que eu deveria ser deputado estadual. Com o governador não é diferente”, disse o presidente do PT. 
Doriel enfatiza ainda que, na visão de seu partido, a chapa com Humberto e Paulo é importante para a eleição e governabilidade de Lula, que precisaria muito do apoio do governador no Senado durante um eventual mandato. 
“O presidente Lula tem defendido inclusive que Humberto seja nosso candidato a governador numa composição com a Frente Popular, num alinhamento nacional, que o governador Paulo Câmara viesse a assumir a vaga de senador da República como um quadro importante para o Brasil, e que Lula vai precisar muito de Paulo Câmara no Senado Federal (…) A nossa expectativa e esperança seria uma chapa muito bem alinhada em Pernambuco para ajudar o [ex] presidente Lula”, disse Doriel.
Para além de Paulo Câmara, Doriel destaca a existência de políticos de outros partidos aliados interessados em concorrer ao Senado, mas reforça que está firmemente lutando para viabilizar os nomes de Paulo e Humberto. 
“O PV hoje trabalha com a ideia de que Humberto pudesse encabeçar [a chapa], então a gente não está trabalhando nesse momento a identificação de nomes que pudessem compor a Frente. O que a gente está defendendo, mesmo que o governador Paulo Câmara colocando que tem o desejo de terminar o mandato, uma coisa que a gente respeita, mas sabe que [Paulo] tem capacidade [de ser senador]. O perfil do governador Paulo Câmara é um perfil que realmente, num cenário futuro, ia fazer muito bem lá na frente, no Senado Federal”, reforça o presidente do PT pernambucano.
Dimas Santos/Madalena França

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