Brincando com fogo
A governadora Raquel Lyra (PSDB) passou sete meses para preparar um plano de combate à violência crescente no Estado e fez uma verdadeira “obra prima” mambembe: o anúncio de uma carta de intenções para ouvir os diversos segmentos da sociedade e suas instituições que atuam na área.
O que fez a equipe de segurança da governadora e suas eminências pardas ao longo de tanto tempo? O que discutiam em seus gabinetes refrigerados? O sexo dos anjos? Só sendo, porque não dá para entender tamanha perda de tempo e lentidão no enfrentamento a um dos maiores problemas do Estado, a segurança.
Pernambuco é o Estado que tem o maior número de mortes violentas por 100 mil habitantes em todo o Brasil, segundo levantamento do Monitor da Violência, do G1, da TV-Globo, com base em números oficiais da Secretaria de Defesa Social. São 35,3 assassinados a cada 100 mil residentes no Estado.
Pernambuco, pasmem, fica à frente de São Paulo, o mais populoso do País, com mais de 46,6 milhões de habitantes. Até maio deste ano, Pernambuco somava 1.525 mortes violentas, classificadas pela Secretaria de Defesa Social (SDS) com base em crimes de homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e outros crimes resultantes em mortes, além dos óbitos decorrentes de intervenções policiais.
Isso é uma guerra civil, sem nenhum instrumento eficaz de enfrentamento, mas apenas uma plataforma criada pelo governo tucano para se elaborar um projeto daqui a dois meses. A governadora deu, mais uma vez, um atestado de que não está preparada para a função. O Juntos pela Segurança que propõe é uma soma do nada com coisa nenhuma. Em junho, foi noticiado que 56 delegacias estão sem seus titulares, enquanto Raquel anuncia um concurso para 45 vagas.
A carta de intenções da governadora é, na verdade, um brinquedinho de fogo. Vai se queimar!
Um Estado em guerra – Dentre as 300 mortes violentas que aconteceram no mês passado, 50 foram na capital pernambucana, 98 na Região Metropolitana e 152 no interior. Os dados, de acordo com a SDS, são coletados todos os dias em cinco instituições do estado: Instituto de Medicina Legal (IML), Polícia Científica (PC), coordenação de plantão da Polícia Civil (PC), serviço de inteligência da Polícia Militar (PM) e Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods).
Frota sem acréscimo – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o deputado Alberto Feitosa, com a experiência de Coronel da Polícia Militar, disse que a governadora está maquiando a segurança no Estado. Segundo ele, tudo que a tucana anunciou não se confirma. “Ela diz que entregou mais 200 viaturas, mas a Polícia Civil devolveu 100 viaturas, só na semana passada, por falta absoluta de condições de uso”, afirmou.
Cinco mais violentas – Cinco das 50 cidades mais violentas do País estão em Pernambuco, segundo a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, o Estado registrou 3.423 mortes violentas em 2022, o que quebra uma sequência de quatro anos de redução do número de homicídios. O Cabo de Santo Agostinho, que ocupa a quinta posição no ranking nacional, tem taxa de 81,2 homicídios para cada 100 mil habitantes, conforme os dados de 2022. A taxa média do Brasil foi de 23,4 mortes a cada 100 mil. As demais são, pela ordem, Vitória de Santo Antão, Garanhuns e Jaboatão.
Assassinatos – Considerando o cenário nacional, Pernambuco teve a quinta maior taxa de assassinatos do Brasil e a terceira do Nordeste. Foram 37,8 mortes violentas a cada 100 mil habitantes, atrás apenas do Amapá (50,6), Bahia (47,1), Amazonas (38,8) e Alagoas (37,9). Em números absolutos, Pernambuco registrou 3.423 mortes violentas em 2022. Desde 2018, o Estado vinha reduzindo o número de assassinatos, após atingir um pico de 5.427 vítimas em 2017. A alta de 1,3% vai na contramão da média nacional, que reduziu em 2,4% as mortes violentas em 2022.
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