Edição do dia 23/03/2014
23/03/2014 23h47
- Atualizado em
23/03/2014 23h47
Três cidades brasileiras estão entre as dez mais violentas do planeta
Maceió, Fortaleza e João Pessoa têm taxa de homicídios considerada epidêmica pela Organização Mundial da Saúde.
Nestes locais se mata por qualquer motivo: paixão, discussão, tráfico. “A morte é sempre entre 15, 21, 22 anos. Não passa disso”, destaca um policial.
Uma pessoa assassinada a cada duas horas. O crime é bem perto das autoridades. O que impressiona é que a venda de drogas funciona bem em frente à delegacia.
Durante um mês, o Fantástico percorreu as cidades brasileiras que aparecem no ranking das dez mais violentas do planeta entre as que não estão em guerra: Maceió, Fortaleza e João Pessoa. O levantamento foi feito por um respeitado grupo de estudos mexicano.
Sexta, 7 de fevereiro, às 22h30, o bar de forró no centro de Maceió é um dos mais agitados da região, mas a festa termina de repente. Veja os tiros no alto do vídeo acima. Pessoas se escondem embaixo das mesas, atrás do balcão, uma delas pede socorro.
Polícia: Polícia militar, boa noite
Vítima: Mande uma viatura urgente na Rua das Árvores. Pelo amor de deus. Mande logo.
Maceió é a quinta cidade mais violenta do mundo, e primeira do Brasil, segundo o estudo mexicano. Em 2013, foram 79 homicídios para cada 100 mil habitantes. Acima de 10 homicídios por 100 mil habitantes, a Organização Mundial de Saúde, considera uma epidemia de violência.
De acordo com números do próprio governo estadual, a maioria das vítimas de homicídios em Maceió é de jovens, com idade entre 18 e 29 anos.
“Quem está na orla não consegue visualizar que, todos os dias, na cidade de Maceió, pelo menos cinco jovens estão morrendo. E esses jovens não estão morrendo na orla. Eles estão morrendo nas periferias”, destaca a socióloga Ruth Vasconcelos.
Durante os nove dias que passamos em Maceió, foram 19 assassinatos. Em todos, os criminosos nem se preocuparam em esconder o rosto.
Segundo a polícia, geralmente, os assassinos mandam informantes para o local do crime. Eles querem saber se algum morador está colaborando ou não com as investigações. Por isso, a lei do silêncio. Ninguém fala nada, ninguém ajuda.
Com 46 anos, Sebastião Borges dos Santos não ajudou na investigação de um homicídio, diz a polícia. Mas os traficantes acharam que sim. E mataram o borracheiro com um tiro na cabeça.
Uma das 12 cidades-sede da Copa e palco do segundo jogo do Brasil na competição, Fortaleza é a sétima cidade mais violenta do mundo e a segunda do Brasil, de acordo com o levantamento. São 72 assassinatos por 100 mil habitantes.
Como em Maceió, os jovens são as principais vítimas. Carlos Henrique foi morto com dois tiros. Segundo a polícia, por dívida com o tráfico. O assassino não foi preso e conta com a estatística oficial a seu favor. Hoje, o estado do Ceará tem 58 mil foragidos, 11 mil deles acusados por homicídio. O Fantástico teve acesso a mandados de prisão que deveriam ter sido cumpridos em 1995, 1994 e até em 1991, ou seja 23 anos engavetado.
“O criminoso, no Ceará, para ser preso, tem que ser muito azarado. A Polícia Civil não tem efetivo pra investigar nenhum crime”, destaca o presidente do sindicato de Policiais Civis do Ceará, Gustavo Simplício Moreira.
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