POR FERNANDO BRITO
A arrecadação do Governo Federal, em julho, caiu, o,34% em termos reais frente a julho passado.
Um pouquinho?
Não, são uma enormidade, não apenas porque julho passado já havia sido o pior da série desde a recessão 2009/2010.
Enormidade porque, mantido o crescimento real das despesas registrado mês passado e considerado o mesmo percentual de transferências obrigatórias, vai deixar a receita líquida total abaixo dos 90 bilhões de reais contra uma despesa não muito inferior aR$ 120 bilhões, porque esta, com todos os cortes, ainda cresce fortemente.
Um déficit, portanto, bem superior aos cerca de R$ 19 bilhões que compuseram o déficit primário do mês no ano passado e que vão elevar para perto de R$ 170 bilhões o déficit acumulado em 12 meses – nesse valor incluídas as receitas de R$ 35 bilhões da repatriação de recursos do exterior do ano passado, que nem de longe se repetiram este ano.
Não é nenhum absurdo imaginar que, entre receitas extraordinárias (Refis, leilões de petróleo e venda das usinas da Cemig) e resultado do aumento do PIS/Cofins, o Governo Federal precisa levantar cerca de 50 bilhões para chegar perto de cumprir a meta ampliada de déficit de R$ 159 bilhões).
A conta, nem na melhor das hipóteses, fecha.
O “apagão” da máquina pública, a partir de setembro, é inevitável.
O Orçamento, contingenciado, praticamente se esgota este mês, o mais tardar em setembro.
Veremos pequenas liberações seletivas de recursos aliviando tal ou qual situação dramática, aqui e ali, não mais que isso.
Daí a correria (e a justificativa) de vender tudo a toque de caixa, inclusive áreas lucrativas das estatais.
É o Brasil entregue na bacia das almas, para dizer que, ano que vem “a coisa vai”.
Vai, não. Já foi.
Pro brejo.
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