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sábado, 2 de junho de 2018

A direita feroz quer, agora, um “novo líder para a esquerda”?


mervalmuy
Mais que irônico, é revelador que os mais incondicionais defensores políticos do neoliberalismo estejam, agora, preocupados com o “isolamento” eleitoral do PT e de Lula, a quem sempre quiseram o mal e, se possível, pior ainda.
Ontem foi a vez de Merval Pereira dizer que, Lula – o malvado, o perverso, o “egocêntrico” – “persiste na ação de não deixar que uma nova liderança de esquerda surja à sua sombra”, e que por isso não estaria “deixando” que Ciro Gomes  “seja a alternativa à sua candidatura”.
Na tese do acadêmico “muy amigo” da esquerda, foi isso que o levou a escolher Dilma Rousseff como sua sucessora mas pasmem, até de “astuta” Merval chama Dilma, depois de ter atravessado anos a dizer que ela não tinha habilidade política.
(…) Lula escolheu Dilma porque pensava que poderia manipulá-la e, mais que isso, queria voltar na sua sucessão em 2014. Não contava com a astúcia dilmista, que se segurou na cadeira presidencial sem lhe dar alternativas. O poder, como se sabe, é o maior afrodisíaco, e Dilma partiu para seu calvário sem deixar que o grande líder a substituísse.
Merval, claro, ignora fatos de todos sabidos, desde que a conjuntura política de 2014 deixava abertíssima a porta para seu retorno (alguém se esqueceu do “volta, Lula” que tomou conta dos aliados e de boa parte do PT no início de 2013?).  Só faltou dizer que Gilmar Mendes impediu a ida de Lula para a Casa Civil na crise pré-impeachment por alguma impensável combinação com a então presidenta.
O ridículo é tanto que, acreditem, Merval chega a invocar até Brizola, por quem nutriu um ódio mortal – como “vítima” de Lula.
É evidente que Ciro Gomes não tem culpa nenhuma do que diz Merval Pereira.
Mas deveria refletir sobre o que as palavras do autoimaginado “Golbery da Globo” trazem de significado.
Há um erro fundamental na formulação mervalista e  na frase “vazada” sabe-se lá se verdadeira ou com que motivo, de que Ciro seria “um bom quadro, mas não um líder”: Ciro não é um bom quadro partidário – é só olhar sua trajetória nps partidos – , mas é , sim, um quadro com podetncial de liderança: tem posições e linguagem forte e, mesmo diante da luz forte de Lula não se tornou uma pequena sombra, quase apagada na política.
E fez isso sempre mantendo, ao mesmo tempo, proximidade e independência com os governos petistas, inclusive na sua derrocada diante do golpe.
Não é diferente o que faz agora, embora tenha- o que hoje já não o faz – ido longe demais nas manifestações ásperas em relação a Lula, num tema muito sensível a qualquer pessoa: a defesa de sua honradez pessoal. Talvez, justamente, pela ânsia do agora candidato do PDT de mostrar-se distinto do PT.
Seja como for, a equação política Lula-Ciro-PT não se resolverá com conversas, mas no processo político.
Ambos precisam um do outro e, mais ainda, o processo de rejeição do golpe e de retomada da normalidade democrática precisa de ambos.
As pesquisas eleitorais, que seguem mostrando a liderança impávida de Lula, há dois meses encarcerado,  desautorizam todas análises de que a manutenção de sua candidatura o enfraquece. O crescimento de Ciro, mais como alternativa do que como opção isolada, não significa um enfraquecimento do líder petista.
Acordos apressados, negociados na base do “isso é meu, isso é seu” são próprios da direita fisiológica, não de homens de Estado.
Estes devem ser pacientes e observarem os movimentos da sociedade, menos que o calendário dos afoitos.
 Madalena França via Tijolaço.

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