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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O gesto de Maia


(Tijolaço)
Em política, o gesto está mais próximo da intenção do que a distância que, para o poeta, separa um do outro.
O fato de Rodrigo Maia deixar a presidência da sessão da Câmara – não apenas na votação de um destaque, como registra Lauro Jardim, na na do próprio texto principal – é mais do que simbólico de suas objeções às cláusulas draconianas do projeto original de Sérgio Moro, o qual desidratou, sistematicamente, nos mais de seis meses de tramitação no grupo de trabalho que criou para analisá-lo.
Foi uma reação ao atropelo executado por Moro ao forçar o rompimento do acordo entre Câmara e Senado para que a questão da prisão em 2a. instância fosse analisada na Câmara, em primeiro lugar, em vez de ser feito isso no Senado com um projeto de lei que tem mais facilidades em aprovar a matéria.
Fez, por isso, questão que aparecesse, expresso, o seu voto.
Maia está se afastando, discreta e sistematicamente, do governo e basta observar o esfriamento de suas relações com Paulo Guedes. Ainda ontem, garantiu que “enquanto estiver” na Presidência da Câmara não colocará em votação uma das propostas do “Posto Ipiranga”, a de remover as cotas de contratação de pessoas com deficiência.
Maia vai aproveitar o esfacelamento da tropa bolsonarista – e o medo da adesão a isso, nos demais partidos, diante do espetáculo de queima de reputações que ele detona – para fortalecer-se como o comandante do “PC”, o partido do Centrão.
Com Moro votaram o PSL (bivaristas aliancistas, juntos), o Novo, o Cidadania (ex-PPS), o Podemos e quase totalidade do PSDB de João Doria.
Este é o desenho que está se formando na Câmara.

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