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domingo, 4 de abril de 2021

Bolsonaro chama a polícia para sua aventura

 


Neste domingo de Páscoa, o que é servido em todos os jornais são os ovos da serpente, os alertas da ação de Jair Bolsonaro e seus asseclas sobre as polícias estaduais, visando desestabilizar governadores e, quem sabe, ter nelas “um exército para chamar de seu”.

No Estadão, “Bolsonarismo usa covid-19 para desestabilizar PMs e governos estaduais” conta como correm solta pelo país os incitamentos à indisciplina nas forças policiais; em O Globo, conta-se como Lideranças de baixa patente das PMs tentam incitar tropa contra governadores adversários do Palácio do Planalto descrevendo como, sobretudo no Nordeste, parlamentares vindos da tropa na onda de 2018 agem para subverter os comandos e confrontar as ” medidas de combate à Covid-19 determinadas por governadores que fazem oposição ao governo federal”.

Na Folha, o ombudsman Flávia Lima, depois de excelente reflexão sobre o quanto haveria de fato de resistência à politização das Forças Armadas, alerta para que deve ser “ponto máximo de atenção se as polícias estaduais estariam propensas” a cruzar os limites que Exército, Marinha e Aeronáutica não se disporiam a atravessar na intervenção sobre poderes estaduais.

O fato é que, com tantas fumaças surgindo, em tantos lugares, há focos de fogo a levantá-las.

Não são poucos, também, os que se lembram que, na vizinha Bolívia, foram as polícias que serviram de “abre-alas” ao golpismo militar.

E as Forças Armadas, que faz tempo acham que são as PMs que devem fazer o jaguncismo, não parecem ter desgosto em deixar que elas corram para este rumo.

A subnotificação de mortes desta Semana Santa vai, a partir de terça feira, levar os números macabros da pandemia para bem perto de cinco mil mortes dias, obrigando governos estaduais e municipais, já sofrendo a perda de credibilidade com sua política de “abre-fecha-abre de novo” a tomarem medidas mais fortes de restrição às atividades econômicas. Medidas duras, mesmo, não as “me engana que eu gosto” de até agora.

Palco armado para o “vem pra rua” presidencial prestar-se à agitação política e, sabe-se lá, policial.

Depois de levarem um capitão desclassificado a comandá-las, o que impediria as Forças Armadas de terem polícias e milícias como suas “tropas de elite”?

Ou, mais propriamente, tropas DA elite.

Do Tijolaço

Por Madalena França

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