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quinta-feira, 7 de março de 2019

Bolsonaro irritou militares e Araújo piorou o caldo


 

Jornalistas com longa trajetória de contatos com os militares, como Igor Gielow, na Folha, e Roberto Godoy, no Estadão, relatam a irritação dos militares com a afirmação de que “democracia e liberdade só existe(m) quando as Forças Armadas querem”.
Do nada, foram arrastadas à evidenciação de uma posição de tutela que, mesmo sendo real neste governo, sempre foi religiosamente negada desde a redemocratização do país.
E no meio do torvelinho causado pelo tuíte pornográgico do presidente durante o Carnaval, que já os tinha deixados chocados e contrariados.
Os “remendos” feitos por Hamílton Mourão, longe de endossar Bolsonaro, apenas o colocam como alguém que se expressou mal, como se coubesse dizer isso de um presidente que vai falar em público diante de uma tropa formada.
Mas a coisa ficou um pouco pior, agora à noitinha, com as declarações do desafeto dos militares, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, à Bloomberg News, dizendo que o Brasil está interessado em receber material bélico dos Estados Unidos na forma de “cooperação”, em troca da eliminação dos vistos de entrada no país de cidadãos norte-americanos e do aluguel da base aeroespacial de Alcântara.
Cooperação militar é algo que não se faz assim, em cima da perna, a menos que seja pararecber, como já fizemos em 2015, 2017 e ano passado, algumas dúzias de veículos blindados e tanques (bem) usados. Os militares sabem que material de terceira geração tecnológica não fará ninguém bem equipado. E que não terá o que mais se ressente, lançadores e mísseis de alcance superior a 300 km – nada, considerando as dimensões brasileiras e continentais.
Além do mais, dadas as “bateções de cabeça” entre eles e o chanceler nos últimos tempos – no caso da “base americana” no Brasil, na ação sobre a Venezuela e nos atritos com a China e os países árabes – não é papel de Araújo sair anunciando acordos militares em que nem se sabe o que será oferecido.
Muito menos se interessam em que isso seja apresentado como uma barganha.
Do Tijolaço.
Por Madalena França

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