Por Glenda Lima
O Conselho Internacional do Fórum Social Mundial (FSM) se reuniu nos dias 15 e 16 de outubro, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador. Cerca de 40 membros do CI – representantes de organizações e instituições sociais de diversas partes do mundo – debateram a conjuntura atual brasileira de retrocessos políticos e mundial, de crise econômica e civilizatória generalizada.
A reunião também contou com a presença de membros do Coletivo Brasileiro do FSM, que puderam fazer intervenções e sugestões para a organização do evento, que será realizado entre os dias 13 e 17 de março de 2018, na UFBA, em Salvador. Foram discutidas e encaminhas propostas de mobilização, metodologia, finanças, comunicação, a assembleia dos movimentos em luta e o calendário de atividades para a edição de 2018.
A expectativa em relação ao Fórum Social Mundial 2018 é de que contribua aos processos de resistência por seu potencial para reunir, mobilizar, comunicar, resistir, criar, sensibilizar e promover o intercâmbio entre propostas e estratégias de luta de diversos movimentos e causas, muitas das quais estão invisibilizados na sociedade.
Para Damien Hazard, membro do CI, é necessário entender este momento de crise. “(…) O mundo passa por uma crise sem precedente, de muitas dimensões: ambiental, energética, financeira, econômica, geopolítica, alimentar, de migrações na qual o capitalismo busca formas de se reinventar. Na realidade, a gente pode qualificar o momento atual de hiperglobalização. No sentido em que a globalização neoliberal intensificou o seu domínio sobre a vida das pessoas e dos bens comuns. A gente está vendo que a economia global já mostra sinais de sua incompatibilidade com a manutenção das democracias. Daí, vários golpes de Estado ou retrocessos nas institucionalidades democráticas”, pontuou.
O Conselho Internacional destacou a importância de uma grande mobilização, “rumo ao FSM 2018”, que consiga atingir o maior número de pessoas, entidades, organizações e movimentos sociais em todo mundo. “A mobilização para o Fórum está sendo feita na Bahia, no Brasil e no mundo, com destaque para a África, Europa e Américas do Norte e Latina”, destacou Hazard.
Outro ponto debatido pelo Conselho Internacional foi a dificuldade de recursos financeiros para a realização do FSM 2018. Como encaminhamento, foi criado uma Comissão de Finanças, com a participação de membros do CI e do Coletivo Brasileiro, para ampliar os esforços na capitação de recursos nacional e mundialmente.
Como indicações para a escolha dos eixos do Fórum serão utilizadas as sugestões dos grupos de trabalho da Oficina de Metodologia, que contou com a participação dos membros do CI e do Coletivo Brasileiro do FSM 2018. Durante a Oficina, os participantes foram divididos em três grupos, que debateram respectivamente três questionamentos: 1. Qual é o FSM que queremos? 2. Sobre a dinâmica das convergências – qual o papel da marcha, das atividades autogestionadas, das plenárias e assembleias de convergências, das assembleias dos movimentos sociais? 3. Qual o papel dos eixos, temas e lemas no processo de organização do FSM? O texto será disponibilizado, em breve.
Após o debate, o CI encaminhou a criação de alguns grupos para encaminhar propostas de eventos para o FSM 2018. Um deles deve articular a construção de uma Assembleia dos Movimentos em Luta, com o objetivo de dar visibilidade às diversas assembleias de convergências preparatórias. Outro que tratará da proposta de dar visibilidade a iniciativas ligadas ao FSM mas que podem ocorrer antes ou depois do evento, e que seriam apresentadas em uma grande ágora da edição 2018. Um terceiro grupo foi criado pelas participantes, para preparar a assembleia das mulheres, em momento não coincidente com as demais atividades do FSM, para que todas interessadas possam participar. O grupo fará as conexões com o 8 de março de 2018 e o calendário geral do mês de lutas das mulheres.
Foto: Stela Oliveira
Do blog PautaPolítica de Betinho Gomes.