(Postado por Magno Martins às 09:00
Com edição de Ítala Alves)
Postado por Madalena França
O circo chegou! Eu vi, com os meus olhos de garoto que busca alegria. Está instalado em Afogados da Ingazeira, minha terra natal. É igual aos dos meus anos dourados, do palhaço Tesourinha, que arrancava gargalhadas até do mais sisudo integrante da plateia. A alegria do circo, na verdade, não está no circo, está no palhaço.
Circo, mais do que fantasia, malabarismo e mágica, é palhaçada, é riso, alegria. Garoto, confesso que só ia ao circo para rir com Tesourinha. Ele nos fazia crer que a vida é um grande mar de risadas, um picadeiro, uma efusão de alegria sem fim. Mas palhaço também chora. E vi um dia ou uma noite Tesourinha chorar. Só depois compreendi: no circo dessa vida, o palhaço é o que mais chora.
Compreendi, também, que algumas vezes a vida é um circo: na hora em que estamos mais encantados, aquilo que nos encanta vai embora. A lição que fica é que precisamos ser palhaços, rir das coisas que normalmente fariam a gente chorar.
De tradição romana, o circo chegou ao Brasil no século XIX, com famílias e companhias vindas da Europa, onde se agruparam em guetos e manifestavam sentimentos diversos, através de interpretações teatrais nas quais não demonstravam apenas interesses individuais, e sim despertavam consciência mútua.
No Brasil, já havia os ciganos que vieram da Europa, onde eram perseguidos. Sempre houve ligação dos ciganos com o circo. Entre suas especialidades incluíam-se a de domadores de ursos, o ilusionismo e as exibições com cavalos. Eles viajavam de cidade em cidade e adaptavam seus espetáculos ao gosto da população local. Números que não faziam sucesso eram tirados do programa.
Toda vez que vejo um circo me recordo do jornalista Gualter Loyola, meu duplo chefe no Correio Braziliense e no Jornal de Brasília. Fui protagonista de uma das maiores reações do Congresso a um texto na mídia, feito por Loyola. Repórter do Jornal de Brasília, vi que havia sido instalada uma arena de circo na rampa do Congresso e comentei com Loyola. Ele me fez voltar lá para fotografar.
Na primeira página do jornal no dia seguinte estava estampada a foto com um brilhante texto dele comparando o Congresso a um picadeiro. Senadores e deputados, por pouco, não arrancam o fígado de Loyola a cru.
Mas o parlamento brasileiro continua a ser o único circo onde o palhaço é a própria plateia, o povo. De fato, o Congresso é um circo, a vida um espetáculo e ultimamente todos nós temos sido o palhaço.
Enquanto a política for um circo cheio de palhaços, Loyola terá razão, mas continuamos sem a menor graça em ser o palhaço.