Presidente reagiu a cobranças por mudança na condução da economia, dizendo que é necessário ter responsabilidade e que governo não gastará como no passado, quando tinha dinheiro
o ser cobrada por movimentos sociais em relação à política econômica com ajuste fiscal, implementada pelo governo, a presidente Dilma Rousseff respondeu que não há como negar a existência de dificuldades financeiras que precisam ser enfrentadas. Dilma comparou as medidas restritivas na economia com uma “travessia” e procurou passar a ideia de que os ajustes serão feitos, mas em afetar as políticas sociais.
“Negar isso (dificuldades financeiras) é negar a realidade e ninguém responsável, nem no governo e nem nos movimentos sociais, pode fazer isso”, disse Dilma durante o “Diálogo com Movimentos Sociais”, ocorrido no Palácio do Planalto, na tarde desta quinta-feira (13).
“Entraremos em uma travessia e isso será feito sem retrocesso de políticas sociais”, disse Dilma. “Não tem essa conversa de que o governo vai sair gastando como nós gastamos, quando tínhamos mais dinheiro”, rebateu a presidente.
Ao dar início ao seu discurso, Dilma chegou a demostrar irritação com o coro que pedia a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy e acabou soltando um “espera lá”. Os integrantes dos movimentos sociais em vários momentos entoaram em coro o lema: “Fora já, fora já daqui. Eduardo Cunha, junto com o Levy”.
A presidente ainda fez questão de falar de seu alinhamento com o pensamento dos movimentos sociais.
“Na minha vida eu mudei muito. Alguns podem dizer: ela piorou. É da vida. Agora uma coisa eu nunca aceitarei. Eu nunca mudei de lado”, disse a presidente.
Além de criticarem a condução da economia, as lideranças dos movimentos sociais ainda apelaram que a presidente vete a proposta de lei de antiterrorismo aprovada na última quarta-feira (12) pela Câmara. A alegação é de que a proposta abra brecha para o chamado processo de criminalização dos movimentos sociais.
“Veta Dilma”, pediu o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição. Dilma, no entanto, em seu discurso, sinalizou que poderá não vetar a proposta ao dizer que é necessário priorizar o diálogo. “Tem que ter diálogo. Diálogo é diálogo, pauleira é pauleira. Botar bomba não é diálogo”, disse a presidente.
Na tentativa de criar uma empatia mais forte com os presentes, Dilma recorreu à pauta da redução da maioridade penal, símbolo do avanço conservador no Congresso, liderado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
“Eu acredito que nesta questão da maioridade penal, não tem só uma visão conservadora, mas também equivocada em relação a todas as experiências. Aquela visão que já ocorreu no Brasil quando a questão da juventude era tratada como uma questão de polícia. A questão da juventude não é uma questão de polícia. Nós sabemos que não dá resultado o encarceramento”, argumentou Dilma, arrancando aplausos dos presentes.