A partir de julho deste ano, Curitiba, a oitava maior cidade do Brasil, com 2 milhões de habitantes e 1,4 milhão de eleitores, não terá mais um jornal impresso, com a decisão da Gazeta do Povo de se concentrar apenas na produção digital; este movimento antecipa uma onda que atingirá todas as capitais do País, colocando em risco a sobrevivência impressa de títulos como Correio Braziliense, Zero Hora, Estado de Minas e até mesmo Globo, Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo; embora faça todo o sentido econômico, a morte das edições impressas traz um risco gigantesco para a mídia tradicional, que é a matar a sua presunção de influência.
247 – A notícia mais importante da mídia brasileira nos últimos tempos aconteceu na quinta-feira, quando a Gazeta do Povo, do Paraná, anunciou a decisão de encerrar sua edição impressa, a partir de julho deste ano. Uma decisão óbvia, do ponto de vista econômico, uma vez que praticamente todos os brasileiros que hoje se informam consomem informações por meio de dispositivos móveis, como smartphones e tablets, ou computadores.
Sem a edição impressa, a Gazeta do Povo elimina custos industriais, com sua gráfica, e de distribuição dos jornais para bancas e assinantes. Na outra ponta, os consumidores também se beneficiam. No mundo digital, os leitores têm acesso a informações instantâneas, que também podem ser imediatamente comentadas e compartilhadas.
Embora faça todo o sentido econômico, a Gazeta do Povo relutou em tomar essa decisão porque a morte dos impressos traz também riscos gigantescos para os jornais tradicionais, que tentam manter, a partir do papel, a percepção de que são os reis da cocada – ou da influência – em suas determinadas praças, com uma suposta superioridade técnica em relação aos concorrentes digitais da chamada "blogosfera".
A partir de julho, no entanto, a Gazeta do Povo será também "blogosfera" e passará a concorrer com veículos como o Blog do Esmael, parceiro do 247, que já é tão ou mais influente do que o centenário jornal paranaense.
Outro dado surpreendente é o fato de a morte do impresso ter chegado a uma cidade como Curitiba, a oitava maior do País, com 2 milhões de habitantes e 1,4 milhão de eleitores, que não terá mais um jornal diário impresso, no campo da formação de opinião. Esse movimento antecipa uma tendência e coloca em risco a sobrevivência impressa de títulos como Correio Braziliense, Zero Hora, Estado de Minas e até mesmo Globo, Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. É só uma questão de tempo.
Abaixo, reportagem do Portal Imprensa sobre o fim da Gazeta do Povo impressa:
O jornal Gazeta do Povo anunciou nesta quinta-feira (6) uma mudança significativa na sua produção jornalística. A partir de 1º de junho, deixará de publicar a edição impressa diária e será o primeiro jornal brasileiro feito originalmente para plataformas móveis, a partir do conceito “mobile first”. Ao todo, foram investidos R$ 23 milhões em tecnologia para promover essa mudança.
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“Nossa estratégia se baseia em levar ao leitor onde ele estiver, pelo celular, notícias de credibilidade em um ambiente onde se difundem amplamente as fake news. Acreditamos que o leitor da Gazeta valoriza a informação de credibilidade e isso será a base para que ampliemos o nosso universo de assinantes”, afirmou Guilherme Pereira, presidente do GRPCOM, grupo proprietário do jornal.
A partir do aplicativo da Gazeta do Povo, desenvolvido por pela Eidos, o jornalista poderá produzir não só textos, mas também fotos, vídeos e lives. A proposta inverte a lógica de consumo de conteúdo geralmente utilizada pelos veículos jornalísticos na internet: o site originalmente construído para celular será responsivo para a tela do computador.
Além da plataforma digital, será publicada uma edição semanal do jornal, que circulará sempre aos sábados em um novo formato. A ideia é aprofundar e explicar os assuntos mais quentes do momento com artigos exclusivos. Cada exemplar terá 64 páginas e será vendido a R$ 8 nas bancas. Os assinantes receberão em casa aos sábados. Também haverá mensalmente a publicação das revistas Haus e Bom Gourmet.
O jornal também anunciou novos colunistas: Ricardo Amorim, Teco Medina, Leandro Narloch, Rodrigo Constantino, Lúcio Vaz e Evandro Éboli.