Quando Marta Suplicy (PMDB-SP), saiu do PT em 2015, atirou para todos os lados, fez discurso de ética, moral e “bons costumes” e se disse constrangida com o “protagonismo” do PT em corrupção.Horas após o anúncio de desfiliação PT, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que Marta seria candidata à Prefeitura de São Paulo pelo partido, que faria uma fusão com o PPS. Marta disse na imprensa que iria assinar a ficha de filiação no mes seguinte, “Estou entrando (no PSB) de uma forma muito diferente da que eu entrei no PT”, disse ela.
O PSB também está envolvido no escândalo investigado pela Operação Lava Jato – o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa afirma que o partido foi destinatário de R$ 20 milhões em propinas desviadas de contratos da Petrobras. Questionada sobre o tema, Marta desconversou e não citou as suspeitas de corrupção que pesam sobre o PSB e assinou ficha de filiação com o PMDB, que tem 14 políticos investigados ou citados na Lava Jato. Agora descobre-se que o discurso sobre ética da Marta, não passou de discurso
Nessa semana, dois ex-executivos da Odebrecht disseram, em acordo de delação premiada, que a empreiteira fez repasses de mais de R$ 1 milhão para a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) durante as campanhas eleitorais dela à prefeitura de São Paulo e ao Senado. Parte dos pagamentos foi negociada num encontro no apartamento da senadora, nos Jardins, em São Paulo. Pelo menos um dos pagamentos teve origem no Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propinas da Odebrecht.
As informações constam do pedido de abertura de inquérito formulado pelo procurador-geral Rodrigo Janot contra a senadora. Os repasses teriam sido acertados pelos ex-executivos da Odebrecht Carlos Armando Paschoal e Benedicto Júnior. Paschoal conta que, em 2010, foi chamado para uma reunião no apartamento de Marta e do então marido dela Márcio Toledo. "Na ocasião, Márcio Toledo solicitou doação de recursos para a campanha de Marta Suplicy ao Senado Federal de São Paulo", segundo Paschoal.
No momento seguinte, Paschol tratou do pedido com o colega Benedicto Júnior e, a partir daí, ficou acerto que a candidata receberia R$ 500 mil. Era o mesmo valor que seria repassado ao senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). O marido da candidata não gostou. Ele queria uma cifra maior. "Márcio Toledo queixou-se do valor, dizendo que era uma desconsideração, já que marta seria uma pessoa importante", sustentam os delatores. Os ex-executivos ignoraram a reclamação e fizeram o pagamento na quantia estipulada inicialmente.
No sistema do Setor de Operações Estruturadas estão registrados repasses de R$ 100 mil em julho, de R$ 200 mil em agosto e de mais R$ 200 mil em setembro, todos em 2010. A entrega do dinheiro em espécie teria ocorrido em hotéis de Moema, Itaim e Jardins com a ajuda de doleiros e outros intermediários. A senadora aparece nas planilhas dos repasses com o codinome "Belo Horizonte".
Os delatores também disse que, em 2008, doaram R$ 550 mil para a campanha de Marta à prefeitura de São Paulo. Depois de fazer uma análise preliminar do caso, o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, devolveu o pedido a Janot. Antes de decidir se autoriza ou não o início das investigações, Fachin quer saber se o procurador-geral considera necessário levar a apuração adiante. Isto porque, pela datas dos fatos e da idade da senadora, os supostos crimes já estariam prescritos.
Marta vai trocar de partido com o mesmo discurso que usou contra o PT?
terça-feira, 18 de abril de 2017
Mais R$ 50 milhões em propina para Aécio
Ex-executivo da construtora revelou pagamentos em delação premiada; dinheiro seria para tucano defender interesses da empreiteira
Delatores da Odebrecht relataram à Procuradoria Geral da República (PGR) que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, recebeu no exterior R$ 50 milhões pagos como propina para que ele defendesse os interesses da empreiteira nas usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Jirau e Santo Antônio. O caso está sendo investigado em um dos cinco inquéritos contra o tucano, autorizados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo” e chegaram a ser adiantadas pela revista “Veja” antes da divulgação da “lista de Fachin”.
Conforme publicou o jornal, o ex executivo da empreiteira Henrique Valladares afirmou que o “cronograma de pagamento” feito a “Mineirinho”, codinome atribuído a Aécio, foi em parcelas que variavam de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões. Ele disse que o roteiro para os repasses foi fornecido pelo exdiretor de Furnas Dimas Toledo, aliado do tucano e chamado por ele de “operador do PSDB”.
A maioria dos depósitos teria sido feita em uma conta em Cingapura controlada por Alexandre Accioly, empresário amigo de Aécio, que é dono da rede de academias Bodytech. Valladares contou que as propina referentes às usinas, somaram R$ 120 milhões.
O empresário Marcelo Odebrecht relatou que o valor foi acertado com Aécio em uma reunião no Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador de Minas, em maio de 2008, quando o tucano ainda comandava o Estado. Pelo combinado, a Odebrecht teria que pagar R$ 30 milhões e a Andrade Gutierrez, R$ 20 milhões. O objetivo dos pagamentos seria conseguir apoio de Aécio no relacionamento com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), controlada pelo governo de Minas.
A estatal e a Odebrecht integraram o consórcio que venceu a licitação para as obras de Santo Antônio. Marcelo disse que os “vultosos repasses financeiros” foram feitos ao senador e seus aliados porque Aécio “sempre teve forte influência na área de energia”. A PGR, embora sustente haver indícios suficientes de que o tucano se envolveu em corrupção, fraude a licitações e desvio de recursos públicos, ainda não tem clareza sobre a cifra total que teria sido paga a ele e a aliados.
Conforme os delatores, os pagamentos supostamente solicitados por Aécio foram feitos também em espécie a intermediários. “A Odebrecht mantinha um histórico de relacionamento com o senador, pautado na oferta de valores em troca de benefícios ilícitos”, disse o procurador geral da República, Rodrigo Janot.
Aécio foi citado por ao menos cinco colaboradores da Odebrecht como o autor de pedidos de propina e caixa 2, entre 2008 e 2014. Somados, os valores mencionados chegam a R$ 89,5 mi.