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domingo, 25 de novembro de 2018

PF diz que Renan recebeu propina na Suíça e o acusa de corrupção


O tempo e seus contratempos


Líderes políticos, como as andorinhas, não fazem seus verões voando sozinhos.
Sempre é arriscado dizer, daqui de nossa toca tropical, mas são cada vez maiores os sinais de que há uma espécie de “Primavera dos Imbecis” grassando no mundo e é tão claro que até são poucos os “otários” que acham que os as “revoluções coloridas” do Leste europeu, os levantes árabes, a eleição de Trump, a do nosso impensável presidente e, agora, os “coletes amarelos” da França são mesmo “uma rejeição à política tradicional” ou mesmo a sistemas arcaicos de poder que já não expressam as massas empoderadas pela internet e suas redes sociais.
Sim, é certo que a esquerda, ao deixar-se levar pelo engano de colocar as “pautas modernas” – identitárias, ecológicas, sexistas, todas importantes, sem dúvida – à frente das econômico-sociais, criou certa orfandade  naquelas massas, absorvidas pela cooptação que transformou em “malditas” as ideias do século 20 sobre justiça social (impostos, salários, direitos trabalhistas, redes de proteção social) e sobre a prevalência do interesse social com algum grau de regulação dos capitais, o que vem de antes, até, da famosa Lei Anti-Trust norte-americana.
Mas a essência deste movimento está na financeirização completa do sistema econômico, que já bem pouca ligação tem com as estruturas produtivas – quem é o dono de que, na produção? – e que se rege apenas por um jogo que envolve especulação e controle da tecnologia. Não há mais a ideia do “lebensraun” – o espaço vital das nações, expresso pelos nazistas, mas desde antes praticado, notadamente com a expansão dos EUA, no século 19, com o nome de Doutrina do Destino Manifesto, que guiou a triplicação do território norte-americano.
O território, hoje, é o capital volátil.
Olhado de per si, o governo Bolsonaro seria algo incapaz de se sustentar até antes de sua posse. Mas é deste aparentemente “Verão da Estupidez” que a “Primavera dos Imbecis” prenuncia que ele obtém ambiente para, mesmo com toda a inorganicidade que revela, alcançar algum grau de viabilidade, ao menos por algum tempo.
Veremos retrocessos por toda a parte e que ninguém se iluda com a “resistência” que lhes poderemos opor. Não há argumento que possa se confrontar com o núcleo de boçalidade que se despertou na sociedade com a transformação da Justiça em órgão impugnador do pensamento de matriz humanista e de justiça social. E não serão – como não foram na eleição – as pautas “identitárias” que nos darão força capaz de enfrentá-los.
Ou alguém pretende travar uma discussão séria com gente que, hoje, lota os comentários dos grandes portais a dizer que o caso dos “coletes amarelos” da frança é uma reação ao “comunista” Emanoel Macron, que meses atrás era apontado como modelo mundial por gente – se me perdoam a força de expressão – como João Dória?
Os obstáculos são outros.
Em primeiro lugar, a impossibilidade de qualquer progresso harmônico, no Brasil e no mundo, que não passe pelo distributivismo e pela inclusão. A população do mundo desenvolvido, mesmo desconsiderando as populações marginalizadas dentro deles, não chega a 20% do total do planeta. Em segundo lugar, a dificuldade de se sustentar a unipolaridade da hegemonia dos EUA, esta que o energúmeno elevado a chanceler brasileiro professa como fé, contra as resistências, de maior ou menor grau, da velha Europa, da China, da Rússia e da Índia.
Em nosso “front” interno, não se sabe se o governo Bolsonaro conseguirá os frutos de alguma parca recuperação superficial da economia, que não é impossível diante da longa recessão que vivemos. Talvez nem isso, dado o nível de improviso e selvageria que nos virá. Mas, se chegarmos ao médio prazo, é do agravamento maior da concentração de renda que virá a erosão deste pavor que se vai erguendo no horizonte do país.
É impossível governar o país sem algum projeto de construção de justiça social, exceto pela força. E força, hoje, não basta para legitimar governos, até porque a própria direita acabou com a sacralidade de respeitá-los.
A história dá voltas, está longe de ser uma linha reta. Mas, como um rio, ainda que com seus meandros, desloca-se na direção do progresso humano.
Madalena França via Tijolaço.

sábado, 24 de novembro de 2018

‘Escola Sem Partido’ é rejeitada por 150 entidades de 87 países


 
Foto: Mídia Ninja.

Durante a 6ª Assembleia Mundial da Campanha Global pela Educação, no Nepal, representantes de Mais de 150 entidades de 87 países aprovaram por unanimidade uma moção de emergência contra o projeto Escola Sem Partido no Brasil. O documento foi proposto pela Campanha Latinoamericana pelo Direito à Educação (Clade), com apoio de entidades dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Suíça, Noruega, Dinamarca, países do continente africano e instituições como Oxfam e a ONU
O projeto de lei Escola Sem Partido (PL 7180/14), identificado como “Lei da Mordaça” pretende proibir o que chama de “prática de doutrinação política e ideológica” pelos professores, além de vetar atividades e a veiculação de conteúdos que não estejam de acordo com as convicções morais e religiosas dos pais do estudante. Define, ainda, os deveres dos professores, que devem ser exibidos em cartazes afixados nas salas de aula. O projeto de lei também esteve no centro do debate sobre a escolha do futuro ministro da Educação.
Madalena França







De acordo com a moção, “o ultraconservadorismo de governos e movimentos tem atacado a pluralidade pedagógica, a liberdade de cátedra, a perspectiva da igualdade das identidades de gênero e orientações sexuais, além das de minorias étnico-raciais, e ao mesmo tempo, promovendo a militarização na educação”
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“Como estratégia política, os agentes promotores do ultraconservadorismo têm incentivado a censura a professoras e professores por parte de estudantes e famílias, prática que tem se tornado cada vez mais frequente”, apontou. “Como exemplo, no Brasil, por meio do movimento “Escola sem Partido”, e na Alemanha, por orientação do partido de extrema direita “Alternativa para a Alemanha”, estudantes são incentivados a filmar suas aulas e viralizam publicações nas redes sociais, acusando injustamente professoras e professores de proselitismo ideológico, cientificismo e estímulo à sexualização de crianças e jovens, afirmando que estariam promovendo o que denominam de “ideologia de gênero”, conceito falacioso difundido por fundamentalismos religiosos”, alertam as entidades.
*Com informações de Agências

Mais de 150 entidades estrangeiras de 87 países se unem contra Escola Sem Partido…

 DIMAS SANTOS   

Mais de 150 entidades de 87 países adotam uma moção de emergência contra o projeto Escola Sem Partido. O documento foi aprovado por unanimidade nesta semana, durante a 6ª Assembleia Mundial da Campanha Global pela Educação, no Nepal. 

O texto teve o apoio de entidades de todos os continentes e países, como EUA, Reino Unido, Holanda, Suíça e Dinamarca. Também estavam no evento grupos como Oxfam, Save the Children e Action Aid, além de relatores da ONU. 

O projeto de lei Escola Sem Partido (PL 7180/14) pode ser votado em uma comissão especial na próxima semana. A iniciativa prevê a proibição do que chama de “prática de doutrinação política e ideológica” pelos professores, além de vetar atividades e a veiculação de conteúdos que não estejam de acordo com as convicções morais e religiosas dos pais do estudante.

Define, ainda, os deveres dos professores, que devem ser exibidos em cartazes afixados nas salas de aula. O projeto de lei também esteve no centro do debate sobre a escolha do futuro ministro da Educação. 

O projeto de lei, porém, foi mencionado por entidades internacionais como um exemplo de uma tendência “preocupante”. 

De acordo com a moção, “o ultraconservadorismo de governos e movimentos tem atacado a pluralidade pedagógica, a liberdade de cátedra, a perspectiva da igualdade das identidades de gênero e orientações sexuais, além das de minorias étnico-raciais, e ao mesmo tempo, promovendo a militarização na educação”. 

“Como estratégia política, os agentes promotores do ultraconservadorismo têm incentivado a censura a professoras e professores por parte de estudantes e famílias, prática que tem se tornado cada vez mais frequente”, apontaram as entidades. “Como exemplo, no Brasil, por meio do movimento ‘Escola sem Partido’, e na Alemanha, por orientação do partido de extrema direita ‘Alternativa para a Alemanha’, estudantes são incentivados a filmar suas aulas e viralizam publicações nas redes sociais, acusando injustamente professoras e professores de proselitismo ideológico, cientificismo e estímulo à sexualização de crianças e jovens, afirmando que estariam promovendo o que denominam de ‘ideologia de gênero’, conceito falacioso difundido por fundamentalismos religiosos”, alertaram. (Agência Estado)

MP pede que Aécio devolva R$ 11,5 milhões gastos com voos particulares


 
O Ministério Público (MP-MG) entrou com ação civil pública contra o senador Aécio Neves (PSDB) por ele ter realizado 1.337 voos no período em que governou Minas Gerais sem a comprovação de interesse público.
Eleito deputado federal nas últimas eleições de outubro, Aécio foi governador de Minas Gerais por dois mandatos.
Segundo a promotoria do MP, o prejuízo causado aos cofres públicos por Aécio foi de R$ 11,5 milhões.
Na ação, o MP pede o ressarcimento do valor e quer a indisponibilidade de bens do tucano.
Neste período, foram contabilizados 138 voos para o Rio de Janeiro, onde o ex-governador tem um apartamento, e 116 para Claudio, cidade de Minas onde a família do tucano possui uma fazenda.
Com informações do Uol
Por Madalena França

Primeiro Alvo


André Singer - Folha de S.Paulo
Votação do Escola sem Partido na Câmara promete ser a estreia de uma longa guerra de valores
O pragmatismo de Jair Bolsonaro na organização do futuro gabinete empacou na porta das salas de aula. Durante 24 dias, as inúmeras contradições da arquitetura presidencial foram sendo contornadas de maneira ambígua. Quando chegou ao ensino, entretanto, religiosos obrigaram o capitão reformado a bater continência para o fundamentalismo.
Na quarta (21), praticamente certo na chefia do MEC, a ponto de ser anunciado por grandes veículos de comunicação, o educador Mozart Neves Ramos foi posto abaixo por não ser posicionado o suficiente. Porta-voz do "derruba ministro", o deputado evangélico Sóstenes Cavalcanti (MDB-RJ) foi claro: "Para nós, o novo governo pode errar em qualquer ministério, menos no da Educação, que é uma questão ideológica".
No dia seguinte, foi anunciada a escolha de Ricardo Vélez Rodriguez, para quem existe "uma instrumentalização da educação em aras de um socialismo vácuo".
Na economia, escolhas ambivalentes de Paulo Guedes têm sido toleradas pela base bolsonariana. Um ex-ministro com passado dilmista, Joaquim Levy, emplacou no BNDES. O novo presidente da Petrobras, que descartou a privatização in limine da companhia, foi recebido com relativa indiferença. Desde que faça a reforma da Previdência e promova algum crescimento, o Posto Ipiranga será deixado em paz.
Na Justiça, Sergio Moro tem passado como gato sobre brasa. À revista IstoÉ, único meio a obter entrevista exclusiva do ex-juiz, ele declarou ter aceitado o cargo "para implementar uma agenda anticorrupção". Como justifica, então, o fato de sentar-se ao lado dos nomeados OnyxLorenzoni (Casa Civil), Teresa Cristina (Agricultura) e Luiz HenriqueMandetta (Saúde), os três suspeitos de desvios? A pergunta não lhe foi feita e a resposta não parece interessar em demasia aos eleitores do futuro mandatário.
A grita em torno do titular da Educação, por outro lado, indica onde o calo aperta dentro da composição que elegeu o novo presidente. Ao trocar Ramos por Rodriguez, Bolsonaro sabe que comprará briga não só com a esquerda, mas com importantes setores do establishment cultural. Deve ter calculado, portanto, os ganhos que tal iniciativa lhe trará.
Movimento subterrâneo que veio à tona em junho de 2013, no bojo de manifestações que abrigaram da extrema esquerda à extrema direita, certo macartismo tupiniquim chega agora à Esplanada dos Ministérios. A votação do projeto de lei Escola sem Partido na Câmara dos Deputados, marcada para a próxima quinta, promete ser a estreia de uma longa guerra de valores. Tendo em vista o simbolismo envolvido, convém não subestimar o impacto desta primeira batalha.
Madalena França via Magno Martins

Mourão assumirá a Presidência por duas semanas


Mourão assumirá a Presidência por duas semanas
..após cirurgia de Bolsonaro
Presidente eleito terá de ficar pelo menos cinco dias hospitalizado e cerca de dez dias em casa
Jussara Soares - O Globo
Com o adiamento da cirurgia do presidente eleito,Jair Bolsonaro , para depois da posse no dia 1º de  janeiro, o vice-presidente eleito, generalHamilton Mourão , deverá assumir a Presidência  por pelo menos duas semanas, tempo médio para recuperação da operação de retirada da bolsa de colostomia. A cirurgia foi adiada após Bolsonaro passar por exames na sexta-feira, que indicaram  inflamação do peritônio (membrana da parede do abdome). Inicialmente, a nova cirurgia estava prevista para 12 de dezembro, com
tempo suficiente para a recuperação total antes da posse.
Ao longo da campanha, após algumas declarações do candidato a vice consideradas desastradas pela cúpula da campanha, Bolsonaro pediu para que o então colega de chapa evitasse polêmicas.
Mourão chegou a sugerir uma nova Constituição escrita por notáveis, disse que famílias apenas com mãe e avó eram “fábricas de desajustados” e que o 13º salário pago aos trabalhadores é uma “jabuticaba”, numa crítica de que só aconteceria no Brasil.
Com o adiamento, não há previsão de quando a nova cirurgia ocorrerá. Bolsonaro voltará ao Albert Einstein para uma nova avaliação médica em janeiro, quando será marcada a operação.
Os médicos calculam que, assim que for operado, Bolsonaro terá de ficar pelo menos cinco dias hospitalizado novamente no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Inicialmente, numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Depois, permanecerá cerca de dez dias em casa.
No início de novembro, Bolsonaro afirmou que, por conta da cirurgia, a data para a primeira viagem internacional como presidente eleito, que seria ao Chile, ainda não havia sido definida. Não há um novo cronograma sobre a agenda de compromissos no exterior.
Bolsonaro ficou 24 dias internado após ter passado pela primeira cirurgia, ainda em Juiz de Fora, depois de ser atingido por uma facada durante ato de campanha.
De acordo com os últimos exames, o presidente eleito está "bem clinicamente" e mantém "ótima evolução" do seu quadro clínico, apesar da inflamação.
Devido à cirurgia até então marcada para o dia 12 de dezembro, a diplomação do presidente eleito e do general Hamilton Mourão, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi antecipada para o dia 10 de dezembro
Madalena França

O olavismo no poder


Bernardo Bernardo Mello Franco - O Globo
Jair Bolsonaro correu o risco de acertar na escolha do ministro da Educação. Mozart Ramos tinha currículo para o cargo. Ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco, hoje diretor do Instituto Ayrton Senna, conquistou respeito no meio privado e na academia. Sua indicação parecia boa demais para ser verdade. E era.
O educador foi vetado pela bancada evangélica, aliada do presidente eleito. “Somos totalmente contra o nome dele”, resumiu o deputado Sóstenes Cavalcante. Ele participou da comitiva que foi do Congresso ao CCBB, quartel-general do futuro governo, para torpedear a nomeação que já era dada como certa.
A pressão funcionou. Ontem Bolsonaro cancelou a reunião que selaria a escolha de Ramos. Em seu lugar, recebeu o procurador Guilherme Schelb. As credenciais do novo ministeriável eram desconhecidas. Em poucos minutos, o enigma se desfez: ele havia virado propagandista do projeto Escola Sem Partido.
Sem deixar a Procuradoria, Schelb se tornou um ativista de rede social. No Facebook, sustenta que há um complô para “doutrinar” e “erotizar” criancinhas nas escolas. Entre seus alvos, estão a ministra Cármen Lúcia, a atriz Fernanda Lima e o ex-presidente Barack Obama.
É uma militância lucrativa. Ele mantém um site para agendar palestras e vender o curso on-line “Família educa, escola ensina”. Um lote de cartilhas sai por R$ 1.700. O pastor Silas Malafaia apoiou sua nomeação com entusiasmo. “Esse é o cara!”, vibrou, no Twitter.
O lobby evangélico bateu na trave. À noite, Bolsonaro anunciou a nomeação de Ricardo Vélez Rodríguez. Apresentou-o como “filósofo autor de mais de 30 obras, atualmente professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército”. Esqueceu de apontar o pai da indicação: o ideólogo e polemista Olavo de Carvalho.
O guru ultraconservador já havia emplacado o trumpista Ernesto Araújo nas Relações Exteriores. Agora apadrinha o ministro da Educação, que repete suas teses reacionárias com a vantagem de não usar palavrões. O olavismo passou de piada a doutrina oficial de governo. Parece ser a hora de adaptar um lema de outros tempos: “Chega de intermediários, Olavo para presidente!”.

POLÍCIA: Cambista é morto a tiros no Centro de Surubim


"Chumbado", como era conhecido, foi
assassinado dentro da residência onde morava,
no Centro de Surubim
(Foto: Divulgação/Reprodução)
Do CORREIO DO AGRESTE
charlesnasci@yahoo.com.br

O cambista José Mário Barbosa, 57 anos, mais conhecido por "Chumbado", foi morto com disparos de arma de fogo na noite desta quinta-feira (22), na Rua Senador Nilo de Souza Coelho, no Centro de Surubim, por trás da Maternidade Estefânia Farias. O crime aconteceu por volta das 19h, na casa N.º 72, onde a vítima morava. Segundo um irmão do cambista, dois homens não identificados entraram no imóvel e o parente escutou quando a vítima falou não ter dinheiro. Logo em seguida, os criminosos efetuaram disparos de arma de fogo que atingiram a cabeça de José Mário.


De acordo com informações repassadas por populares, o cambista também era agiota. O corpo foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML), em Caruaru. Até agora não há informações sobre a autoria e a motivação do crime. A Delegacia de Polícia Civil de Surubim já está investigando o caso.
Madalena França Via Mais Casinhas

A rainha de Copas cortará cabeças

O desenho que se vai esboçando – ou já bem esboçado, a esta altura – do que será o governo Jair Bolsonaro vai, cada vez mais, lembrando o trecho de “Alice no país das Maravilhas” em que surge a Rainha de Copas, que traduz seu poder e seu mando em apenas uma recorrente frase: “Cortem-lhe a cabeça!”.
A corte do ex-capitão, tem três categorias. Ou apenas duas, se quisermos ser mais rigorosos e desconsiderarmos a família, que exerce, nela, ministérios sem pasta, mas com poder.
Uma, evidente desde o início, é a dos ministros “proprietários”, donos do Governo e integrantes do aglomerado que, desde há algum tempo, apostou no “azarão” e em sua aventura presidencial.
Nela estão os militares, Ônyx Lorenzoni ( que cedo se deu conta da incapacidade de Bolsonaro de articulação parlamentar), Paulo Guedes (que se ofereceu para suprir a ausência de qualquer coisa que se pudesse chamar de programa econômico do candidato) e Sérgio Moro (que negociou sua grife de “Eliot Ness” pelo lugar de Grão-Duque da repressão judicial no novo governo.
O resto – e quase todos os outros que virão – são escolhas sem maior importância, gente que Bolsonaro mal conhece – se é que alguma vez já viu. E que, portanto, não haverá maiores problemas em “despachar” se criarem problemas.
Todos, ou quase todos, já demonstraram que não têm grandes envergaduras: foram selecionados pelo segundo escalão – os ministros proprietários – e com bem pouca autonomia contam para montar suas equipes. Caberá a alguns deles acomodar os ajustes que, adiante, serão necessários com o Congresso, loteando as estruturas inferiores de suas pastas, até porque a composição “nova” do parlamento, pela sua falta de expressão, pode fazer com que fidelidades “saiam barato” em matéria de cargos.
Como no livro de Lewis Carroll, pintarão as rosas para que fiquem ao agrado da rainha.
A outros, caberá mesmo se prestarem ao papel de “bois de piranha”, desmontando políticas, equipes e produzindo o clima de perseguição de dissolva as resistências ao que de fato vão fazer: estagnar despesas ou, até, cortá-las ainda mais.
O episódio envolvendo Viviane Senna e o ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Mozart Ramos, mostra o nível de desconsideração do presidente eleito pelas pessoas que indica para os cargos.
Os primeiros meses do novo Governo serão meses de demolição. A rainha só tem o “cortem-lhes a cabeça” para berrar e, como isso vai gerar crises, e não soluções – algumas das cabeças de seus auxiliares também rolarão, para mostrar que, na falta de programa de ação, ao menos “há autoridade”.
Nada a estranhar: no Brasil deformado desde que começou a epidemia de punitivismo, como para a Rainha de Copas de “Alice”,  a sentença vem antes do julgamento.

Por Madalena França via Tijolaço

Sancionada lei contra abuso sexual de crianças e jovens atletas

  O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que estabelece diretrizes para prevenir e combater abusos sexuais co...