(Do blog do Magno Martins)
Por Houldine Nascimento, da equipe do Blog
Deflagrada hoje pela Polícia Federal, a operação Background desnudou o luxo presente na vida de Fernando Santos, um dos herdeiros do grupo João Santos, que inclui empresas como Cimento Nassau, TV e Rádio Tribuna. Pela manhã, agentes foram a sua mansão na Ilha de Itapessoca, em Goiana, no Litoral Norte de Pernambuco.
Os policiais encontraram vários objetos de valor, entre os quais: obras de arte, joias, carro de luxo, dinheiro em espécie e embarcações. O cenário nababesco contrasta com a situação de centenas de funcionários do conglomerado João Santos.
Os jornalistas da TV Tribuna, afiliada da Bandeirantes no Recife, estão há quase três meses sem receber integralmente os salários. Expostos diariamente ao risco de contrair o novo coronavírus, os profissionais também convivem com ambiente insalubre e uma estrutura de trabalho precária.
Na operação Background, a PF cumpriu 53 mandados de busca e apreensão, além do sequestro e bloqueio de bens e valores de investigados. Entre as acusações, prática de crimes tributários, financeiros, lavagem e dinheiro e organização criminosa.
Segundo o jornal Valor Econômico, o grupo João Santos movimentou R$ 56 bilhões entre 2015 e 2019. Mais cedo, a Polícia Federal apontou dividas tributárias de R$ 8,6 bilhões e R$ 55 milhões em débitos trabalhistas. Ainda de acordo com a PF, os investigados se organizaram em um sofisticado esquema contábil-financeiro para desviar o patrimônio das empresas do grupo.
Ao todo, 240 agentes participaram da operação, que contou com o apoio da Receita Federal e da Procuradoria Regional da Fazenda Nacional na 5ª Região. Além de Pernambuco, mandados foram cumpridos no Amazonas, Distrito Federal e em São Paulo.
Desde a morte do fundador do grupo, o industrial pernambucano João Santos, em 2009, uma disputa entre os filhos José e Fernando Santos se acirrou, comprometendo a situação do conglomerado.
O que diz o grupo João Santos
Por meio de nota, o grupo João Santos disse guardar "absoluto respeito às decisões judiciais e aos órgão envolvidos na apuração". Além disso, afirmou "lamentar que empresas tão importantes para o cenário econômico e social, já abaladas pela crise que afeta setores produtivos, sofram investida danosa pela divulgação da mídia de acusações sem ao menos ter sido oportunizado de forma prévia o sagrado direito de defesa”.