O ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse, há pouco, na abertura de seu depoimento na CPI da Covid, que deixou o governo por ter percebido que não teria autonomia para atuar. Ele afirmou ainda que não havia estudos que baseassem o uso de cloroquina, apesar de o presidente Jair Bolsonaro defender o remédio contra a Covid.
“As razões da minha saída do ministério são públicas, elas se devem basicamente a constatação de que eu não teria autonomia e liderança que imaginava indispensáveis ao exercício do cargo. Essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação as divergências com o governo quanto à eficácia e extensão do uso do medicamento cloroquina para o tratamento da COVID-19, enquanto minha convicção pessoal, baseada nos estudos, que naquele momento não existia evidência de sua eficácia para liberar", afirmou o ex-ministro.
Teich ficou 28 dias à frente do ministério, entre abril e maio do ano passado. Ele deixou o governo por divergências com o presidente Jair Bolsonaro sobre a condução da pandemia, assim como seu antecessor na pasta, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, ouvido ontem na CPI.
Enquanto Bolsonaro defendia, e ainda defende, o uso da cloroquina, remédio cientificamente comprovado ineficaz contra a Covid, Teich alertava sobre os riscos do medicamento.
O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), perguntou se Teich sabia da produção de cloroquina pelo Exército. Teich respondeu que não sabia e que não foi um assunto que chegou a ele.
Teich foi à CPI na condição de testemunha, quando há o compromisso de dizer a verdade sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho.
Inicialmente, Teich seria ouvido na terça, após Mandetta, mas o depoimento foi remarcado. Durante a sessão, os parlamentares também adiaram, para o próximo dia 19, o comparecimento de Eduardo Pazuello, marcado para esta quarta.
O general do Exército pediu para não comparecer porque disse ter tido contato com pessoas que contraíram a Covid. Por isso, o adiamento para daqui a 14 dias.
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