No último sábado (07/05), durante lançamento de sua pré-candidatura, Lula fora surpreendido pela noiva Rosângela da Silva, a Janja, com uma releitura do jingle ‘Lula lá’, de 1989, como presente de seu casamento no próximo ia 18 de maio.
Dito isso, Lula se reuniu na noite de ontem (09/05) com milhares de pessoas em Belo Horizonte, Minas Gerais, no lançamento local do Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil. No evento, o ex-presidente pediu que o amor e não o ódio seja a força que vai promover as mudanças para tirar o Brasil da situação em que se encontra atualmente. Horas antes, ele também pediu união durante um encontro com lideranças de Minas Gerais.
– Não podemos ficar transmitindo raiva, transmitindo ódio, porque não resolve o problema de ninguém, o que resolve o problema é o amor. É amor quer a gente tem que dar, que tem que ter de sobra neste país. É por isso que com 76 anos, ao invés de estar com raiva, ao invés de estar com ódio, estou apaixonado e vou casar agora. Vou casar para demonstrar minha confiança no Brasil, para demonstrar minha confiança no futuro deste país – discursou Lula, que estava acompanhado no palco por sua noiva Janja da Silva.
O ex-presidente também se mostrou indignado com a situação do povo brasileiro, que já havia saído do Mapa da Fome da ONU em 2014 e, graças ao golpe e às políticas desastrosas adotadas nos governos Temer e Bolsonaro, voltou a passar necessidades como há anos não passava.
– Quero dizer para vocês que com 76 anos eu estou de volta. Estou de volta com a energia que eu tinha com 30 anos, com motivação política do mesmo jeito que eu tinha quando comecei. Porque eu tenho uma causa, e a minha causa é a gente libertar o povo brasileiro do sofrimento. Ninguém que mora nesse país, que é o terceiro maior produtor de alimento do mundo, pode deixar de se indignar porque a gente sabe que no vizinho da gente tem uma criança indo dormir sem tomar um copo de leite, sem comer um pão com manteiga, ninguém pode se conformar – ressaltou o pré-candidato do movimento.
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Retrato da fome no país
Lula citou uma história desesperadora que viu em uma reportagem televisiva, com um idoso de mais de 90 anos vivendo na rua por não ter mais dinheiro para nada.
– Esses dias, eu vi um senhor de 94 anos na televisão dizendo ‘o que eu fiz pra Deus pra aos 94 anos estar morando na rua?’ Não é normal, este país é grande, tem tudo, é o maior produtor de proteína animal do planeta Terra e tem gente correndo atrás de carcaça, tem gente correndo atrás de osso, que vergonha! O povo não está deixando de comer porque não tem alimento, o povo tá deixando de comer porque falta dinheiro, porque falta vergonha na cara de quem governa este país. Só peço para vocês, a gente não tem o direito de desanimar – pediu o ex-presidente.
Para ele, é primordial recuperar o espírito de solidariedade do povo. “Vamos ter que carregar no peito a fraternidade, a solidariedade, o amor, a compaixão. Vamos lotar este país de gestos de irmandade. Sou de um tempo que a minha mãe às vezes ia na casa da vizinha pegar uma xícara de óleo emprestada porque a gente não tinha, às vezes para pedir sal emprestado. Quando deixei a presidência, achei que isso tinha acabado, pensei que isso nunca ia voltar. Deram um golpe na Dilma dizendo que ia melhorar, mas o golpe foi pra piorar o que existe neste país”, declarou.
Lula propõe juntar os divergentes para vencer os antagônicos, em nome da democracia
No ato de lançamento do Movimento “Vamos Juntos pelo Brasil”, Lula agradeceu em BH a unidade dos partidos que compõem a aliança em torno dos nomes dele e de Geraldo Alckmin para a futura chapa que disputará as eleições deste ano
Em fala para lideranças locais do PSB, PCdoB, PSol, PV, Rede e Solidariedade, durante ato “Lula abraça Minas”, o ex-presidente disse que as legendas conseguiram cumprir a profecia de Paulo Freire de juntar os divergentes para vencer os antagônicos. “Essa é que é a nossa grande tarefa”, afirmou, em auditório lotado, com sete mil pessoas dentro e cinco mil fora, no Expominas BH.
No primeiro de três dias de agenda em Minas – ele passará por Contagem, nesta terça-feira, e Juiz de Fora, na quarta-feira, cidades geridas por prefeitas do PT, Lula lembrou os retrocessos que o país vive desde o golpe que tirou Dilma Rousseff da Presidência, em 2016, e disse que na disputa deste ano não está enfrentando um adversário qualquer, mas um adversário que não está alinhado com a democracia, o amor, a paz, a educação e o desenvolvimento.
– Não estaremos enfrentando um adversário qualquer, mas um adversário que representa a antidemocracia, o antiamor, a antipaz, a antieducação e o antidesenvolvimento. Um adversário que representa a ignorância, a violência e o fascismo. A gente vai ter que jogar esse fascismo no esgoto da história porque o Brasil nasceu para a democracia e para o desenvolvimento – afirmou.
Lula ressaltou que o país do desemprego e da fome precisa ser descontruído para construir de novo o Brasil que surgiu em 2003, com criação de empregos, aumento do salário mínimo, apoio à pequena e média agricultura e grande investimento na educação, que levou filhos de famílias humildes para a universidade e para o exterior com o Ciência sem Fronteiras.
No encontro, com discursos dos partidos aliados, foram exibidos novamente os vídeos que emocionaram os presentes no ato de lançamento do Vamos juntos pelo Brasil, no sábado em São Paulo. Um retoma o jingle da campanha de 1989, com participação de artista de diferentes gerações e estilos. O outro aponta a diferença do Brasil da insensibilidade do atual governo com o Brasil da esperança que a candidatura Lula de novo representa.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a união das legendas no primeiro turno mostra a unidade de um campo político que está do lado dos movimentos sindical, popular e social e daqueles que têm propostas e sabem governar. Segundo ela, do outro lado da disputa, os que não têm compromisso com o povo, não sabem o que está acontecendo no Brasil e não têm responsabilidade sobre a fome, o desemprego e a carestia.
– Temos muita responsabilidade nesse processo de retomar o Brasil para as mãos do povo brasileiro. E Minas é essencial para isso porque Minas reflete a grandeza que é esse Brasil. Minas é a síntese do Brasil. É o nó que ata o Brasil e transforma esse país numa coisa só. Isso foi dito por um mineiro e é verdade. É isso que Minas é. Por isso, a importância de a gente pisar aqui logo depois do ato do dia 7 para mostrar que nós queremos essa unidade – afirmou ela.
O deputado federal Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara, se colocou à disposição para disputar o Senado e disse que Lula é o único candidato capaz de consolidar novamente a democracia no Brasil.
– Temos a oportunidade única, ímpar, de fazer uma nova indústria para o país, conectada com a juventude, conectada com o século 21, digital, tecnológica, sustentável. Eu acredito muito que temos oportunidade de, a partir de seu legado, voltar a garantir emprego para todos os brasileiros e brasileiras, recuperar direitos previdenciários e trabalhistas e recuperar essa juventude que se encontra deprimida – disse o parlamentar mineiro.
Postado por Madalena França
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