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sábado, 30 de novembro de 2019

Procuradores e Policiais da Lava Jato teriam recebido R$ 20 milhões em propinas para blindar doleiros. Pagamento foi revelado em delações e mensagens interceptadas pela própria Polícia Federal



Procurador da Lava Jato no Paraná, Paludo é apontado por delações e mensagens interceptadas pela PF como destinatário de propina para blindar doleiros



O site de notícias UOL acaba de revelar que a Policia Federal interceptou conversas de Dario Messer, conhecido como o "doleiro dos doleiros" com sua namorada, em que conta que pagava propina mensal ao procurador da República Januário Paludo, considerado uma espécie de mentor da turma de Deltan Dallagnol.

A ascendência de Paludo sobre os demais lavajateiros é tal que estes se auto-intitulam como "Filhos de Januário".

A blindagem de doleiros pela Força Tarefa da Lava Jato já era motivo de especulações desde que veio a público a existência de uma investigação no MPF do RJ sobre suposta propina paga por doleiros a policiais federais e procuradores através do advogado recordista no acompanhamento de delações premiadas Figueiredo Basto (Confira em https://apublica.org/2019/08/prisao-de-messer-pode-esclarecer-acusacao-de-propina-a-investigadores/).

Cada doleiro contribuiria com uma mesada de R$ 50 mil por mês, para garantir a blindagem por parte das autoridades. Levantamento da Agência Pública aponta para pagamentos da ordem de R$ 20 milhões a essas autoridades.

A Agência Pública já havia revelado que os doleiros que acusaram investigadores trabalhavam para Messer, que estava foragido. Dezenas de anexos de delação estão sendo analisadas pelo MPF-RJ. Um Delegado afastado das investigações disse ter ficado “indignado” com acordo de Youssef homologado por Moro. Desde janeiro do ano passado, quando ouviram os relatos de dois delatores, conta a Agência Pública, procuradores do Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro investigam uma suspeita de corrupção em que doleiros acusam procuradores e policiais – hoje na Lava Jato – de receber propina em troca de proteção.

A matéria do UOL dá nome aos bois e revela que um relatório a respeito do conteúdo das mensagens de Messer, revelando a propina a procuradores da República, aponta o Procurador Januário Paludo como destinatário da vantagem ilícita. O relatório foi elaborado pela Polícia Federal, em outubro. Nele, a PF diz que o assunto é grave e pede providências sobre o caso. A Lava Jato do Rio, procurada pelo UOL, informou que já enviou o relatório à PGR (Procuradoria-Geral da República), órgão que deverá definir as providências a serem tomadas. Também consultada pela reportagem, a força-tarefa de Curitiba afirma que Peludo preferiu não se manifestar.

Os diálogos de Messer sobre a propina a Paludo ocorreram em agosto de 2018 e foram obtidos pela PF (Polícia Federal) do Rio de Janeiro durante as investigações que basearam a operação Patrón, última fase da Lava Jato do Rio de Janeiro.

Nas conversas obtidas pela PF, conta o UOL, Messer fala a Myra, sua namorada, sobre o andamento dos processos que responde. Ele diz que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Januário Paludo. Depois, afirma a namorada: "Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês."

Claudio de Souza, conhecido como Tony, e Vinicius Claret, o Juca Bala, que, presos em 2017, se tornaram delatores no início de 2018, contaram que, entre 2006 e 2013, doleiros que operavam no eixo Rio-São Paulo-Uruguai disseram pagar, cada um, uma propina de US$ 50 mil por mês como taxa de proteção a policiais federais e integrantes do Ministério Público. Trechos da delação foram publicados pela Agência Pública: "Mais incisivo, Juca Bala afirma textualmente que mandava entregar o dinheiro mensalmente em endereços indicados por Enrico Machado, doleiro de peso no Rio. 'Os pagamentos eram destinados a dois advogados de Kiko [o doleiro Clark Setton]: Figueiredo Basto e outros do qual não se recorda […]. Os pagamentos foram feitos de 2005/2006 até 2013', afirma Juca Bala em um dos depoimentos prestados ao MPF do Rio. O doleiro diz que, além dele e de Tony, a família 'Matalon, Richard Waterloo e outros doleiros também pagavam a citada taxa'. Figueiredo Basto nega a acusação. Se comprovada, com base nos doleiros citados por Juca Bala e Tony e computando os 96 meses que teriam durado a suposta proteção, cerca de US$ 20 milhões teriam escorrido pela lavanderia do mercado paralelo do dólar para subornar investigadores. Os dois contam ainda que Enrico e Dario Messer, para os quais a dupla trabalhava, criaram um banco, o EVG, em Antígua e Barbuda, conhecido paraíso fiscal, para operar na lavagem de dinheiro de origem ilícita a mais de 400 clientes cuja lista está em poder do MPF do Rio. Foragido há 15 meses, Messer, chamado pelos investigadores de “doleiro dos doleiros”, foi preso pela Polícia Federal (PF) em São Paulo, na tarde da quarta-feira passada. Estava no apartamento de uma amiga, nos Jardins, com nome falso e o visual levemente modificado pela barba e cabelos ruivos. Além da possibilidade de falar sobre a lavagem de dinheiro para empreiteiros, políticos e sonegadores, sua prisão pode ajudar a esclarecer o que disseram Juca Bala e Tony sobre o suborno a agentes públicos através do EGV em supostas operações no Brasil, Uruguai e Paraguai. Juca Bala e Tony contaram que o movimento de dólar-cabo começou a diminuir no final de 2015 com expectativa da lei de repatriação, sancionada no dia 14 de janeiro do ano seguinte pela ex-presidente Dilma Rousseff, por meio da qual, entre abril e outubro, R$ 169,9 bilhões não declarados retornaram legalmente ao Brasil. A lei permitiu também que um grande número de empresas e empreiteiras, como a Odebrecht, por eles citada, também se desligasse das operações no câmbio paralelo. O pagamento da suposta taxa de proteção, segundo os dois delatores, seria o pomo da discórdia entre os próprios doleiros, já que Enrico Machado, o arrecadador, se recusava a dar explicações sobre o resultado da propina. Em 2013 muitos deles deixaram de pagar e abandonaram a parceria nas operações. Enrico e Dario Messer passariam então a travar uma batalha em tribunais."

De fato, com a prisão de Messer, também vieram à tona as conversas deste com a namorada onde o pagamento de propina ao mentor da Lava Jato, Januário Paludo é revelado.

Ainda na matéria da Agência Pública, consta que a "propina relatada por Juca Bala e Tony seria a contrapartida de um acordo segundo o qual as autoridades fechariam os olhos para as operações ilegais das famílias de Marcos Matalon e de Dario Messer, em torno das quais gravitavam outros 15 doleiros. Messer operou para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e é alvo da operação Câmbio, Desligo, deflagrada em maio do ano passado, na qual foram presos Juca Bala e Tony. Também integravam o grupo Lucio Funaro, nome de peso nas delações que levaram à cadeia o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha; Clark Setton, o Kiko; e Najun Turner, o doleiro que em 1992 ajudou o empresário Paulo César Farias, o PC, a organizar a chamada Operação Uruguai, uma tentativa frustrada de salvar o mandato do ex-presidente Fernando Collor, simulando o empréstimo fictício para justificar gastos na reforma da Casa da Dinda, em Brasília. Apanhado em 2003, durante as investigações do caso Banestado, Alberto Youssef fechou o acordo com o MPF do Paraná e, na tentativa de se livrar, entregou as atividades de outro doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, que vendia e trocava dólares no mercado paralelo até para policiais federais de São Paulo. A delação de Youssef resultaria na prisão de outros 60 doleiros no caso Banestado, em 2005. Em troca da delação, Youssef cumpriu apenas um ano de prisão – ele havia sido condenado a uma pena de sete anos em regime fechado."

O MPF do Rio confirmou à Agência Pública que foi aberto um inquérito para apurar a denúncia, mas como a investigação está sob sigilo, não quis dar entrevistas. O que se sabe é que os doleiros deram novas declarações, produzindo dezenas de anexos cujo teor está sendo analisado pelos procuradores Eduardo Ribeiro El Hage e Rodrigo Timóteo Costa e Silva. Os dois foram procurados pela Pública, mas a assessoria de imprensa disse que eles não falariam sobre o caso porque se trata de investigação em andamento. 

Desde o relato dos doleiros, conta a Pública, "Basto – advogado recordista em obter delações premiadas na Lava Jato – se tornou um dos personagens centrais de uma intrincada crônica policial cujos personagens se entrelaçam desde 2003, época em que o escândalo do Banestado gerou o embrião do que seria a Lava Jato, divulgado em março de 2014. Foi Basto, que advogou também para Messer, quem conduziu, em 2003 e 2004, os dois acordos do doleiro Alberto Youssef, principal elo entre os casos Banestado e Lava Jato. O aprofundamento das investigações sobre a denúncia poderia explicar por que Youssef permaneceu livre até o início da Lava Jato, mesmo depois de ter desrespeitado o acordo de delação de 2003. Esse acordo foi homologado pelo então juiz Sergio Moro – hoje ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro –, que, como boa parte de sua equipe, atuou nos dois casos.Basto foi advogado de Dario Messer, para quem Tony e Juca Bala trabalhavam até cair nas garras da PF, em 2017. Os dois haviam operado agressivamente na remessa ilegal de dinheiro para paraísos fiscais através das chamadas contas CC-5 (Carta Circular nº 5 do Banco Central). O mesmo canal pelo qual se movimentaram ilegalmente cerca de US$ 30 bilhões no caso Banestado. A PF investigava o grupo desde 2000. Na delação do ano passado, Tony contou ao MPF do Rio que, em 2002, percebendo o cerco, o grupo decidiu transferir a base das operações de câmbio para Montevidéu. Depois de uma reunião na casa de Enrico Machado, no Leblon, Rio, os doleiros criaram um novo esquema de lavagem, dando a ele o mesmo nome da ação inventada no governo Collor. Nascia uma nova “Operação Uruguai”, com a ajuda, mais uma vez, de Najun Turner, amigo de Dario Messer, que nos anos seguintes, até o desentendimento por causa do valor exigido como “taxa de proteção”, em 2011, assumiria participação nos lucros do grupo. Uma das bases de operações seria São Paulo. O advogado Figueiredo Basto disse à Pública que nunca atuou em causas relacionadas a negócios no Uruguai, não conhece os doleiros que o acusam nem tem ideia de onde eles tiraram a história da taxa de proteção para acusá-lo."

O ex-delegado federal Gerson Machado falou à Agência Pública: “Descobri que o Youssef havia mentido ao juiz e violado a delação de 2003. Saiu do acordo com dinheiro do crime (entre US$ 20 milhões e US$ 25 milhões) e estava trabalhando para Janene e sua família”.

Numa das ocasiões em que interrogou o doleiro, Machado diz ter ouvido dele que não declarara o dinheiro porque nenhuma autoridade havia lhe perguntado. Depois, negou que tivesse dito.

A partir de 2006, até ser preso, em março de 2014, o doleiro Alberto Youssef gerenciaria a grande lavanderia de dinheiro desviado da Petrobras. O que chama atenção, segundo a Pública, "é que atuou com incrível desenvoltura no período que marcou o auge dos crimes da Lava Jato, entre 2009 e 2014, apesar de todos os alertas, informes e relatórios produzidos pelo delegado Gerson Machado."

Gerson Machado disse à Pública que, além de ter mentido, Youssef estava atuando fortemente no crime e ainda escapou com considerável fortuna amealhada com os crimes praticados no caso Banestado. “Fiquei indignado. O delator não pode trair. Tem que contar tudo, sem seletividade, porque senão se torna perigoso: ele passa a ter acesso a muita coisa de dentro da polícia. Quando descobri, em fevereiro de 2006, botei tudo no papel”. Ou seja, o delegado relatou as descobertas ao MPF, ao juiz e a seus superiores na PF.

Gerson Machado contou, ainda à Pública que, quando o caso ganhou vulto nos bastidores da investigação, passou a sofrer todo tipo de pressão de Janene, que tinha o domínio sobre a PF em Londrina e reiteradas vezes ameaçou pedir sua remoção para outro lugar do país. O delegado conta que certa ocasião sua mulher, Valéria, foi interceptada numa rua na região central de Londrina por um motoqueiro. O homem estava armado e, ao perceber que era a mulher que estava no veículo, montou novamente na moto e seguiu em frente. “Naquele dia, minha mulher estava no carro que eu usava diariamente”, lembra Machado, que nunca conseguiu esclarecer se a ação do motoqueiro visava à sua eliminação física ou fazia parte do terrorismo psicológico do qual se tornou alvo constante. Sem recursos para tocar adequadamente uma investigação complexa, como se veria mais tarde na Lava Jato, pressionado e ameaçado pelos investigados, e sem apoio superior, Gerson Machado entrou em crise depressiva e, por pouco, não cometeu suicídio com a própria arma dentro da delegacia em que trabalhava, conta, ainda a Agência Pública.

Em 2012, depois de ter passado por tratamento para sair da depressão, Gerson Machado tentou reassumir o cargo. Apresentou um laudo feito pelo médico que o tratou, recomendando o retorno em ritmo mais suave e sem arma. Mas a direção da PF, baseada em análise de seu departamento médico, decidiu aposentá-lo por invalidez. Seu papel como o primeiro policial a perceber o fio de uma meada que daria nos desvios da Petrobras foi resgatado pelo cineasta José Padilha, que na série O mecanismo se inspira nele para dar vida ao personagem incorporado pelo ator Selton Mello. Machado mora atualmente em Portugal, onde escreve um livro de memórias sobre sua participação na Lava Jato.



As esquerdas frente ao bolsonarismo: hora da unidade para poder avançar


Postado por Madalena França
Do 247
"De Lula espera-se que seja o aglutinador da grande frente popular de resistência. Ninguém tem mais condições de exercer essa liderança", diz o colunista Roberto Amaral
Sete dias decisivos para Lula
Sete dias decisivos para Lula (Foto: Stuckert)
 
Será uma tragédia para a democracia e nosso País se as forças progressistas não se derem conta das transformações político-sociais mais recentes, notadamente aquelas que se fizeram conhecidas a partir de 2013, sismo social que demoramos a entender e, por isso mesmo, só nos foi dado assistir (e sofrer) ao cortejo de suas consequências.
É fundamental ter em conta que o mundo mudou, mas nós, nossos partidos, nossas organizações e seus intérpretes, não mudamos, nem como discurso, nem como práxis.
O mundo de hoje, e nele o Brasil, pouco ou nada tem a ver com aquele que em 2002 assinalou, com a primeira eleição de Lula, a emergência das massas e o início do ciclo de governos de centro-esquerda, encerrado com o golpe de 2016, ato preparatório e essencial para as eleições de 2018 e a ascensão de um projeto de extrema-direita, pondo à luz do sol a face real de um Brasil que nos recusávamos a reconhecer.
O encontro da ameaça autoritária com a desmontagem da promessa do Estado social é fato objetivo, e cobra das esquerdas brasileiras visão analítica e resposta instrumental.
Insisto neste ponto descurado: a rejeição pelo PSDB do resultado das eleições de 2014, a desestabilização do segundo governo Dilma e o impeachment, o governo Temer e a eleição de Bolsonaro, constituem momentos decisivos de um mesmo processo político-social que terminou se consolidando como um golpe de Estado permanente, que chega agora com a desmontagem da ordem constitucional de 1988 em seus princípios básicos, a defesa nacional, a proteção dos direitos sociais e individuais, a proteção do trabalho, as franquias democráticas, a liberdade de cátedra e associação, a integridade federativa.
Não nos podemos considerar alheios ao que ocorre no mundo a partir da matriz trumpiniana, e em nosso continente. Somos peça do mesmo tabuleiro onde se jogam interesses hegemônicos da grande potência do Norte, em contradição com os projetos nacionais de desenvolvimento autônomo
O aprofundamento do autoritarismo entre nós, um capítulo da nova geopolítica, é a garantia da “Pauta Guedes”, em que aposta o dito “mercado”, e para atingir seus objetivos a burguesia nacional não conhece limites.
Se tiver a menor chance, a direita não tergiversará em romper o pacto constitucional. Esta é sua história no mundo e entre nós.
Sem cair no escapismo de confundir crítica e autocrítica, reflexão ou revisão histórica com ato de contrição, é preciso que as esquerdas reflitam sobre a história presente com disposição para, identificando erros, corrigir posturas e, eventualmente, projetos. É preciso considerar a importância das avaliações de experiências para poder traçar rumos políticos. É o que se pode esperar de uma esquerda que em algum momento tenha se alimentado nas fontes da dialética. É a hora agônica de revermos nossos métodos de análise e de interpretação da história viva, e de pôr em xeque nossas certezas, para estarmos à altura dos novos desafios.
A tarefa de hoje não se cinde a fazer oposição a um governo, mas consiste em impedir que, na sua continuidade, se consolide o projeto autoritário e antinacional.
Precisamos, conhecendo bem o adversário, formular as teses corretas para seu enfrentamento teórico e prático, e nenhuma ação será consequente se não considerar como prioridade a organização das forças populares, ponto de partida para a mobilização de massas.
Muitos de nossos partidos ainda não se deram conta de que perderam ou estão perdendo suas bases sociais, que deixamos de falar para grandes segmentos da população, que não nos ouvem ou não nos entendem. As dificuldades de hoje questionam os meios tradicionais do fazer política. As classes não são mais as mesmas, o proletariado sofre redução quantitativa e tem sua importância política relativizada; aprofunda-se a desindustrialização do País, o sindicalismo vive sua pior crise. O neoliberalismo, causa e efeito do monopólio do sistema financeiro, trouxe à cena o precariado, coletivo de trabalhadores sem trabalho, sem emprego estável, sem salário certo, sem previdência social, sem sindicalização, uberizado, atomizado, candidato a pária. A nova ordem econômica despreza o trabalho e o trabalhador, reduzidos a mercadoria, e mercadoria passa a ser tudo, inclusive o País, inclusive a vida.
Este é o mundo no qual a hegemonia do capital financeiro canta de galo, fazendo explodir a desigualdade social e construindo bolsões de miséria. Metade dos brasileiros vive com 413 por mês, ao tempo em que cresce a precariedade dos sistemas de saúde, previdência e educação. Enquanto isso, na outra ponta da linha, o 1% mais rico, apenas 2,1 milhões de afortunados, recebe 16.297 por mês por pessoa, 40% mais que a metade da base da pirâmide populacional (Dados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar Contínua-PNAD, do IBGE).
Temos, inclusive, um ministro da educação que combate o ensino público.
Temos um presidente da Fundação Palmares que prega a extinção do feriado da Consciência Negra e define a escravidão como “benéfica para os descendentes”.
Este é o mundo do bolsonarismo (com ou sem o capitão), um populismo de extrema direita que associa o liberalismo econômico radical ao autoritarismo político que põe em xeque a democracia, a república e a federação. É evidente que o estágio atual ainda não é seu ponto de chegada. Urge compreender o processo presente para impedir os desdobramentos que já podemos antever. Nossas armas são a unidade das forças democráticas e a retomada das organizações populares, como antídoto à dispersão que favorece a sobrevivência da ordem dominante.
De Lula espera-se que seja o aglutinador da grande frente popular de resistência. Ninguém, hoje, tem mais condições de exercer essa liderança.
Se é notória a ojeriza do capitão à liberdade de imprensa e a todas as liberdades, seu desapreço à Constituição que tenta mutilar até com Medidas Provisórias, é conhecida sua admiração pela ditadura militar, cujo único erro, segundo ele, “foi torturar e não matar”. É a partir desse prisma que devemos analisar as recorrentes invocações ao AI-5 (salvo conduto da ditadura para fechar o Congresso, cassar mandatos, suspender as garantias constitucionais e impor a censura). Já agora, após os filhos do capitão, é o ministro da economia, e representante do mercado no governo, quem, diante de mobilizações sociais hipotéticas, apela para o instrumento ditatorial.
Tudo isso tem método.
Os acadêmicos se dividem na classificação político-ideológica do bolsonarismo, visto a partir do discurso do capitão e seu séquito, e de seu governo. Há definições para todos os gostos, como fascista, protofascista, simplesmente ditadura populista de extrema direita e, agora, “totalitarismo neoliberal”. O relevante é identificar nessa coisa que nos malsina, de par com o autoritarismo intrínseco, a regência do capital monopolista, açambarcador de bens, pessoas e valores reduzidos a mercadoria e assim entregues ao banquete das forças do mercado.
Enquanto o neoliberalismo econômico corre célere sob o comando da dupla Paulo Guedes-Rodrigo Maia, desfazendo o País, o capitão avança no aprofundamento do autoritarismo político, instrumento essencial para garantir a hegemonia dos interesses do “mercado” (a estreitíssima ponta da pirâmide social brasileira) sobre o País. Ele se precata em face da inevitável reação popular que já incendeia nossos vizinhos.
Não mais que uma semana após enviar ao Congresso Nacional mensagem propondo o chamado “excludente de ilicitude”, instrumento mediante o qual fica isento de pena o agente – soldado do exército, policial militar, policial federal, policial civil etc. – que mata em serviço, anuncia o projeto que autoriza a utilização de tropas federais na Garantia da Lei e da Ordem em ações de reintegração de posse no campo. Para agradar aos proprietários rurais, uma das bases de apoio do capitão, o Exército, fora de suas funções constitucionais, será chamado a substituir os milicianos e os jagunços dos latifundiários, dos desmatadores, dos grileiros, na defesa da propriedade improdutiva dos poderosos. As forças armadas, que não se sentiram humilhadas por atuarem como polícia à cata de criminosos nas favelas do Rio de Janeiro, correm o risco de se envolverem em conflitos sociais nos quais suas armas serão acionadas, como em Canudos, contra trabalhadores, camponeses assentados que produzem alimentos, velhos, mulheres e crianças armados de foices e tocos de pau.
Não é esta, portanto, a hora de os partidos de centro-esquerda tentarem realizar, cada um isoladamente, sua revolução eleitoral. Não é a hora dos voos solo, não é a hora de “marcar posição”: é hora de avançar coletivamente na defesa da democracia e dos interesses populares.
O cerco – A recente condenação de Lula pela 8ª turma do Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF-4) – arbitrária e ilegal, lavrada contra a prova dos autos, eivada de vícios processuais e contestatória de decisões do STF – deve ser vista como um passo a mais na consolidação do Estado autoritário, de cuja construção o poder judiciário e o ministério público tem-se constituído como peças decisivas. É mais um ataque ao Estado de direito democrático, desferido por uma instância do poder judiciário.

Procurador da Lava Jato deve ser preso por recebimento de propina, dizem petistas Publicado em 30 novembro, 2019



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As principais lideranças petistas estão sugerindo a prisão do procurador Januário Paludo, da força-tarefa Lava Jato, pelo recebimento de propina do doleiro Dario Messer.

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O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), disse que o procurador Paludo é a ponta podre do iceberg da “Farsa Jato”.

“Se o doleiro dos doleiros [Dario Messer] fizer uma delação essa turma da Lava Jato e os advogados de estimação de [Sérgio] Moro e [Deltan] Dallagnol serão todos presos”, afirmou o líder petista.
Do Blog Esmael Morais
Postado por Madalena França


O ex-presidente da OAB-RJ e ex-deputado Wadih Damous classificou “bate pau” da Lava Jato o procurador apontado como recebedor de propina de doleiro.

“Depois dessa revelação e das do Intercept fica mais claro que a Lava Jato só se mantém de pé para cumprir a missão de algoz de Lula. É tão corrupta quanto muitos que prendeu”, denunciou Damous.

O advogado Edu Goldenberg, do Rio, também sugeriu que Paludo esteja precisando de uma lição no cárcere.


O causídico carioca tuitou print de um post do procurador perguntando se prisão não tinha servido de lição a Lula, por supostamente o petista estar insuflando protestos como no Chile.

Em mensagem ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, Goldenberg pergunta qual destino o “lixo” do pacote anticrime prevê qual para o procurador Januário Paludo, ídolo do coordenador da força-tarefa Lava Jato, Deltan Dallagnol.


Wadih Damous

@wadih_damous
Paludo é o que se pode chamar de um bate pau da Lava Jato.Apontado como recebedor de propina de doleiro.Depois dessa revelação e das do Intercept fica mais claro que a Lava Jato só se mantém de pé para cumprir a missão de algoz de Lula. É tão corrupta quanto muitos que prendeu.

1.668
08:02 - 30 de nov de 2019
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Paulo Pimenta

@DeputadoFederal
Se o doleiro dos doleiros fizer uma delação essa turma da Lava Jato e os advogados de estimação de Moro e Dallagnol serão todos presos. Paludo é a ponta podre do iceberg da Farsa Jato

842
09:59 - 30 de nov de 2019
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Edu Goldenberg
@edugoldenberg
Bom dia, @SF_Moro.
Bom dia, Marreco.
Esse lixo - ~pacote anticrime~ - prevê qual destino para esse tal de Paludo, ídolo de @deltanmd?

358
07:40 - 30 de nov de 2019
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Edu Goldenberg
@edugoldenberg
Estaria ⁦@januario_paludo⁩ precisando de uma lição no cárcere?! 👇👇👇👇👇

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108
10:02 - 30 de nov de 2019
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Procurador da força-tarefa Lava Jato recebeu propina, diz Polícia Federal

Folha bolsonarista reclama de Bolsonaro; quem pariu Messias que o embale

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Sobre Magnolli e os liberais que deram o braço ao fascismo


(Tijolaço)
Postado por Madalena França

Demétrio Magnolli e Reinaldo Azevedo, cada um em seu campo, são dois publicistas que, sem nenhum ressentimento por seus erros pretéritos, acompanho com muita atenção.
São liberais remanescentes, papel que deveria ser ocupado por Fernando Henrique Cardoso, se a decadência oportunista e sabuja não o tivesse transformado numa ruína disforme.
Azevedo, com seu exemplar apego à Constituição, merece o reconhecimento de ter sido dos poucos a apartar-se do “jornalismo de histeria” que desaguou em duas bacias: a dos rufiões do bolsonarismo e a dos “moromuristas” que acham Bolsonaro um horror a ser suportado em nome de seus cavaleiros da lei (política) e da ordem (econômica).
Daí a pergunta que já é uma resposta de Demétrio, já há tempos e de novo, hoje, na Folha, faz: “O governo é mesmo um só?”
Demétrio tem tido a coragem de resistir, como um liberal quase solitário, à onda que transformou os que se diziam assim em cúmplices de um governo que não esconde os pendores autoritários e clama – acho que num deserto – para que os “liberais brasileiros” não adiram a uma semiditadura (ou mais que isso), apontando a tolerância, quando não o desejo, em que ela seja a forma possível de implantarem suas propostas.
Aí está a essência do erro mental dos remanescentes “liberais brasileiros”, não terem entendido que, ao contrário, a presença de uma força de esquerda – e esquerda, hoje, salvo exceções pontuais, é centro-esquerda, socialdemocrata) é, como sempre foi, a chave de sustentação de regimes liberais. Aliás, foi a derrota (em geral, por capitulação) da socialdemocracia europeia o que abriu espaço, ali, para o ressurgimento de uma extrema-direita agressiva, de volta aos padrões de antes da II Guerra Mundial.
Tanto é assim que a maior escalada de prosperidade econômica veio num período em que o “novo desenvolvimentismo” brasileiro fez, aqui, às vezes, do conceito de economia social de mercado, aqui temperada com um forte papel do Estado como investidor-financiador, por nossa histórica falta de poupança interna como fonte de capital.
Foi a destruição deste equilíbrio, a ruptura de um pacto eleitoral e a absoluta ausência de liberais com coerência política para manter a disputa dentro das regras do jogo que levou os liberais brasileiro a aderirem, em maior ou menor grau, à aventura fascistóide.
Desembarcar delas vai-lhes custar mais caro do que terem subido a bordo deste arrogante Titanic. E não por falta de mãos estendidas, mas por incapacidade de responderem com um sonoro não à pergunta que lhes faz Magnolli: “A questão não é acadêmica: os liberais brasileiros estão dispostos a seguir a trilha de Bolsonaro?”

Bolsonaro cometeu crime grave e vai cair


Do Blog da Cidadania
Postado por Madalena França
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ASSISTA HOJE (30/11/19) AO MEIO-DIA — Não é uma opinião, é um fato. Bolsonaro cometeu um crime grave e perfeitamente tipificado na LEI. O Legislativo e o Judiciário vão ter que agir. Agora ou daqui a pouco. É inescapável. Bolsonaro cometeu seu maior erro. Vai cair. Escreva aí.

Folha bolsonarista reclama de Bolsonaro; quem pariu Messias que o embale


Do Blog do Esmael Morais
Postado por Madalena França
Publicado em 30 novembro, 2019
A Folha de S. Paulo reclama em editorial de sua própria cria, o presidente Jair Bolsonaro.
A Folha apoiou a ditadura militar de 1964, por exemplo.
Bolsonaro e Folha são farinha do mesmo saco.
Ambos foram favoráveis à reforma da previdência (fim da aposentadoria), advogam pela retirada de direitos dos trabalhadores, concordam na agressão à soberania da Venezuela, dentre outras afinidades.
A Folha chegou ao orgasmo com o pacote econômico de Paulo Guedes, registrado em editorial no começo deste mês, cujo resultado é a recessão, o desemprego, a precarização da mão de obra de metade da população economicamente ativa.
A Folha discorda de Bolsonaro no supérfluo, qual seja, na questão de comportamento. O jornalão acredita que o presidente não tem modos porque ‘coça o saco’ enquanto fala e ‘arrota à mesa’ durante as refeições. No essencial, na questão econômica, jornalão e Bozo estão juntos e shallow now.
No editorial desta sexta-feira (29), a Folha de S. Paulo esperneou porque o presidente da República determinou um boicote contra anunciantes, o que, segundo o jornalão, escancara abuso de poder político.
O diabo é que no editorial do dia anterior, a mesma Folha defendeu a prisão em segunda instância visando mandar o ex-presidente Lula de volta à prisão, mesmo que o Supremo Tribunal Federal (STF) já tenha decidido pela impossibilidade do cumprimento da pena sem o trânsito em julgado.
A Folha incitou o desrespeito à Constituição Federal, aos direitos e garantias fundamentais, inscritos em cláusulas pétreas, e atentou contra a presunção da inocência prevista no art. 5º, incisivo LVII.
A Folha de S. Paulo na condição de criatura é o espelho de sua cria o Senhor Presidente Jair Bolsonaro.
Portanto, quem pariu Messias que o embale.
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