A convenção da Executiva Estadual do PSDB em Pernambuco, realizada neste domingo no Recife, deixou mais do que evidente a divisão nacional dos tucanos, em alas a favor e contra o governo Temer. O deputado federal Daniel Coelho, que ganhou destaque nacional como um dos cabeças prestas do Congresso Nacional, abandonou neste domingo a convenção do PSDB afirmando sofrer perseguição interna por conta de sua posição nacional, contrária à participação do partido no governo Temer.
O constrangimento foi grande porque o novo presidente do PSDB no Estado, Bruno Araujo, é ministro das cidades de Temer. Além dele, estava presente o senador Fernando Bezerra Coelho, pai do ministro das Minas e Energia, Fernando Filho. Os dos ficaram em silêncio, enquanto parte da audiência puxava gritos de ‘Fora, Temer’.
O advogado Antônio Campos, do Podemos, de oposição aos socialistas no Estado, tamém esteve na convenção do PSDB junto com o senador Fernando Bezerra Coelho.
Após o evento, Daniel Coelho diz que lutou para construir a unidade entre os tucanos locais – que assistia uma disputa entre o ministro Bruno Araújo e o ex-prefeito Elias Gomes -, mas que não teve sua “proporcionalidade respeitada” dentro da chapa única.
“A convenção está ocorrendo e até o momento ainda não foi divulgada a composição da Executiva. Estão me excluindo da chapa e não estão respeitando a minha proporcionalidade. Eu que fui o deputado federal mais votado de Pernambuco, com 138 mil votos”, afirmou Daniel.
Segundo Daniel Coelho, a perseguição ocorreu por conta de sua posição nacional, contrária à aliança do PSDB com o governo Temer.
Quatro integrantes do partido ocupam cargos de ministério na gestão federal, incluindo o ministro das Cidades, Bruno Araujo.
“Votei pela abertura de inquérito contra Temer. Dentro do PSDB, foram 23 foram a favor e 20 foi contra. Foi um erro. O PSDB devia ter se colocado ao lado do povo brasileiro. O que ocorre hoje é um veto às minhas posições nacionais, ao voto que dei contra Temer. Me posicionarei sempre no que for a favor da população. Não me peçam para fazer acordo. Lamento até este momento não estar divulgada a chapa, lamento”, criticou.
Durante o discurso, Daniel Coelho foi interrompido várias vezes aos brados de “Fora, Temer!”, por parte de alguns integrantes da militância.
“O Estado brasileiro tenta resolver tudo e não resolve nada. A gente precisa resolver problemas da educação e da saúde e não o que a gente vê hoje, a tentativa de acordos para a composição de um governo. Priorizam as composições políticas e esquecem as necessidades do povo. É a pura distribuição de cargos e de vantagens na busca dessa chamada governabilidade. Existem pessoas no PSDB a continuar a lutar por essas bandeiras”, criticou.
Ao final do evento, Daniel Coelho pediu a exclusão de seu nome da Executiva estadual do partido.
“Me excluam da executiva estadual. Militarei dentro do partido, continuarei na Executiva nacional, mas não quero participar de um acordo desta maneira como está colocada”.
Veja trechos do discurso de Daniel Coelho.
“A gente tentou conversar sobre a unidade dentro do PSDB. Quando é possível, a gente faz de forma clara e aberta. Eu nunca me furtei a fazer um debate público. Tenho convicção das minhas posições, daquilo que acredito. Em tendo convicção, discuto numa convenção, discuto numa rádio, na televisão, na tribuna da Câmara Federal, ou de qualquer ambiente as posições políticas que acredito. Foi assim que cheguei no PSDB, vindo do Partido Verde.
O PSDB já tinha força no interior e no sul do Estado, mas faltava ao PSDB uma pegada mais urbana, uma presença numa cidade do porte de Recife, Olinda… Nesses sete anos de PSDB, ajudei a construir isso.”
“Me esforcei nesses últimos dois meses em busca de uma composição de unidade, entre a candidatura de Elias e uma candidatura de Bruno, que nascia com o apoio de alguns prefeitos. Fui o único , Elias (fala, dirigindo-se ao ex-prefeito de Jaboatão), que não assinei um documento que colocava Bruno como presidente, porque sabia que aquilo o colocaria numa posição difícil. E a gente não quer constrangimento para ninguém, a gente quer um partido forte.”
“O que lamento é não poder dizer que há unidade dentro do PSDB. Mesmo sendo o deputado federal mais votado do PSDB aqui no nosso Estado, com 138 mil votos, não tenho a minha representação respeitada dentro da Executiva estadual. Vocês podem observar que estamos fazendo uma convenção e não foram divulgados ainda os nomes da Executiva. Fiz um pleito para ocupar a tesouraria, onde todos os outros 10 cargos da Executiva seria composto livremente pelo partido que está aqui composto. Mas efeticamente recebi um veto na ocupação da tesouraria do partido. É de se estranhar, isso com um deputado federal com a maior votação dentro do Estado, que agiu pela unidade. Tentei separar minhas divergências nacionais com a situação local, a gente sabe que tenho divergências em relação ao partido no âmbito nacional.”
“É um veto às minhas posições nacionais, ao voto que dei contra Temer. Me posicionarei sempre no que for a favor da população. Não me peçam para fazer acordo. Lamento não estar divulgada a chapa, lamento. Não querem divulgar. Me excluam da executiva estadual Militarei dentro do partido, continuarei na Executiva nacional, mas não quero participar de um acordo desta maneira como está colocada. É necessário que todos os segmentos sejam representados na sua proporcionalidade.
Nomes próximos do ministro
O PSDB de Pernambuco realiza convenção estadual neste domingo (5) com chapa única, encabeçada pelo ministro das Cidades, deputado federal licenciado Bruno Araújo. De olho em 2018, o ministro Bruno Araújo manobrou e fez acordos para tornar-se candidato à presidência do PSDB de Pernambuco.
Oficialmente, a chegada de Bruno Araujo ao comando do PSDB local ocorreu após convocação de vários líderes do partido que, em carta aberta divulgada no início de outubro, disse considerar que o ministro “reúnia as condições para dar continuidade ao trabalho do deputado Antônio Moraes, no sentido de fortalecer o partido com a consolidação de seus diretórios municipais, e no processo de aglutinação e ampliação de alianças visando a eleição dos candidatos do PSDB em 2018”.
Uma das suas principais aliadas ocupará a secretaria-geral, entregue a coordenadora dos projetos sociais do Ministérios das Cidades no Nordeste, Izabel Urquiza.
Foram renovados os comandos de vários segmentos do partido como a Juventude, que reelegerá Rodrigo Barros, o Tucanafro e o PSDB Mulher que terá a deputada estadual Terezinha Nunes reconduzida à presidência.
O ex-governador Joaquim Francisco foi reconfirmado na presidência do Instituto Teotonio Vilela (ITV).
Ainda no segmento Mulher, ocupou a vice-presidência do colegiado, a prefeita de Lagoa do Carro, Judite Botafogo; A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, fi eleita presidente de honra do colegiado.