Furar fila, não devolver troco a mais, fazer "gatonet" ou gato de luz e água;
comprar ou vender CDs "piratas" e tudo mais que for "pirata"; deixar de
declarar (de pagar) algum imposto (DEVE "dar a César o que é de César");
passar calote esperando a conta prescrever; apresentar atestado falso para
se livrar do trabalho; comprar carteira de motorista; estacionar em vaga
de idoso ou cadeirante, etc.
Tudo isso é considerado pelo brasileiro, esse que vai às ruas gritar contra a corrupção, e também pelos que não
vão, como sendo algo comum, algo do dia a dia; apenas uma forma de facilitar a vida. Outros, no entanto, têm isso
como sendo uma forma de vida (fazem disso trabalho e sobrevivem assim)!
- O que esperar de pessoas que agem dessa forma?
- Que moral essa gente tem de sair às ruas pedindo a cassação ou impe-
chement desse ou daquele político que elegeu para representá-lo?
Não tenho conhecimento, não tenho lembrança desse país menos corrupto
! Toda vida ele foi assim! Em épocas anteriores, com o militarismo, por
exemplo, também tínhamos corrupção - com a diferença de que tínhamos,
além disso, o cerceamento de alguns direitos. Na época da ARENA e
depois PMDB ou PSDB a inflação era terrível e também se roubava do
povo (que o diga Malouf - àquele que "rouba mas faz"!).
O que temos hoje são pessoas mais revoltadas com a corrupção. Se antes
eram mais resignadas hoje tem direito, vez e voz! Podem fazer o que bem
entendem, inclusive sair quebrando tudo pela frente que nada lhes passa
de mais grave! Antes, as badernas estavam sujeitas à pena de prisão e até
torturados podiam ser!
A moda hoje é corrupto lutar contra corrupto!
Colocam o rabo entre as pernas e saem pelas ruas como se esse simples
fato os abonasse das atitudes do cotidiano. "CORRUPTOS MODINHA"
A corrupção do dia a dia é normal; anormal mesmo é roubar muito -
POUCO PODE! E se roubar mas fizer alguma "coisinha para o povo,
que vive de pão e circo, de brinde", está mais que perdoado!
Certamente o cidadão que pratica "jeitinho brasileiro" e, ainda assim,
aponta o dedo para os outros - faria bem pior se tivesse oportunidade.
Como diria Machado de Assis: "a ocasião NÃO faz o ladrão pois esse
nasce feito, a ocasião faz o furtador"! É assim porque, no furto,
artigo
155 do
CP, o objeto do delito é a coisa alheia móvel - o proprietário
tem que estar distraído ou não estar presente para configurar...., nós, a
nação brasileira ("proprietária da res pública") seríamos os distraídos
(já somos) e o "furtador" será (já é) o político que não nasceu ladrão, mas
a oportunidade o fez (pelo voto)!
Portanto, não dá para esperar muita coisa de uma nação que se diz
indignada mas pratica, diuturnamente, o famigerado "jeitinho brasileiro"
- acreditamos que se estão indignadas é porque não tiveram a mesma
oportunidade, já que passam a vida praticando pequenas corrupções -
quem verdadeiramente se revolta, age diferente!
Pela moralidade pública e por uma verdadeira democracia onde podemos
escolher entre votar (no menos corrupto) ou NÃO VOTAR, não
compactuar com nenhum dos que se dispõe a nos roubar!
Essa é a