Quantias astronômicas de dinheiro sujo fluíram pelos maiores bancos do mundo durante anos, de acordo com um relatório do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) divulgado neste domingo.
“Lucros das guerras mortais contra as drogas, fortunas desviadas dos países em desenvolvimento e poupanças suadas roubadas em esquemas Ponzi conseguem entrar e sair dessas instituições, apesar dos avisos dos próprios funcionários dos bancos, aponta a investigação realizada por 108 meios de comunicação de 88 países.
A investigação é baseada em milhares de “relatórios de atividades suspeitas” enviados por bancos de todo o mundo à FinCen, a polícia financeira do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.
“Esses documentos, compilados por bancos, compartilhados com o governo mas mantidos fora da vista do público, expõem a fragilidade das salvaguardas bancárias e a facilidade com que os criminosos as exploram”, escreveu o site Buzzfeed, na apresentação do relatório.
Os documentos apontam para transações de dois trilhões de dólares entre 1999 e 2017.
A investigação aponta em particular para cinco grandes bancos (JPMorgan Chase, HSBC, Standard Chartered, Deutsche Bank e Bank of New York Mellon) que acusa de mobilizar bens de supostos criminosos, mesmo depois de eles terem sido processados ou condenados por crimes financeiros.
Vivemos tempos políticos extremamente voláteis, e a popularidade que se registra num dia pode facilmente virar fumaça no outro. Da semana passada para cá, três fatores concorrem para abalar os números de Jair Bolsonaro, que pelas pesquisas anda com uma aprovação nacional perto dos 40%:
1. Os números do desemprego começaram a subir de forma mais acelerada, concentrando na última semana de agosto um contingente de mais um milhão de desocupados que resolveram procurar ocupação e elevando o percentual geral para 14,3%;
2. A redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300, valor que começou a ser pago na semana passada. Além de doer no bolso dos mais de 60 milhões de brasileiros que o recebem, tem impacto na economia como um todo, reduzindo o poder de compra e contribuindo para queda maior do PIB. O aumento da inflação dos alimentos joga mais lenha nessa fogueira;
3. As queimadas no Pantanal. Assim como ocorreu no ano passado, quando a cobertura intensiva e as manifestações internacionais pelo desmatamento da Amazônia tiveram repercussão negativa na popularidade presidencial, é possível prever que as imagens do fogo e de animais calcinados e a fumaça que alcança estados distantes produzam seus abalos.
É cedo para se prever o alcance e a duração desse efeito, e se ele já se fará sentir na próxima parada do calendário político, a eleição municipal de novembro. Nos últimos anos, tem sido bastante limitada a nacionalização das eleições para as prefeituras. Mas é possível que, em locais do Nordeste, por exemplo, o eleitor que não recebia nada e agora ainda tem R$ 300 esteja satisfeito com Jair Bolsonaro e tenda a votar em quem se identifica com ele.
Nos grandes centros, porém, a situação pode ser outra. Nesse sentido, o Ibope sobre a eleição de São Paulo divulgado neste fim de semana pelo Estadão trouxe boas e más notícias para Bolsonaro. Seu candidato, Celso Russomano, está na frente – ainda que tenha estado assim no início da corrida em quase todas as eleições majoritárias de que participou e, ainda assim, não ganhou.
Mas má notícia mesmo, para Bolsonaro, é o dado de que 47% dos paulistanos afirmam que o apoio do presidente a um candidato diminuiria sua vontade de votar nele. Seu apoio influenciaria positivamente 24% dos eleitores, e Bolsonaro é o cacique nacional que mais afugente eleitores em SP. O ex-presidente Lula, por outro lado, aparece como o cabo eleitoral mais forte na capital paulista:32% se inclinam a votar num candidato apoiado por ele, embora outros 40% seriam afugentados.
A gratidão é o maior dos sentimentos humanos depois do amor. Aliás, ninguém ama se não for grato. Esse menino é uma máquina de fazer amizade, de distribuir afeto , de olhar nos olhos da gente e de voar alto. Thomás não assemelha-se a bode que olha por baixo, mas as águias, que pegam uma cobra e sem lhe dá uma bicada, voa alto e de lá de cima, dá-lhe a queda sem precisar bater ,nem machucar. Vamos frmes e fortes, fazer Orobó Feliz de Novo.
Quem não conhece a divertida Lourdes de Horácio de Orobó?
Uma mulher de meia idade, com uma juventude espiritual de 20 anos. Onde Lourdes está é festa. Eu admiro muito a coragem das mulheres de Orobó, que se propõem a dar a cara a tapa e botar seu nome na política. Porque política também é lugar de mulher! Aliás, nosso lugar é onde a gente quiser estar. Na cozinha preparando um delicioso almoço, na escola educando ensinando e aprendendo, no hospital salvando vidas, na cama sendo e fazendo alguém feliz, e nas guerras da vida salvando, nossos direitos. Apesar de não ser costumeiro se eleger mulher em Orobó, se nunca se propomos à competição, como podemos querer espaço? Ninguém ganha na loteria se nunca jogar. Lourdes é divertida, é espontânea, ela alegra o grupo da terceira idade, Lourde é um patrimônio Vivo cultural de Orobó, com seu jeito extravagante. E dai?
Bom mesmo é ser de verdade! Eu te admiro Lourdes pela tua coragem!
A gente sabe que são 11 vagas para muita gente. Não se entra numa competição apenas para ganhar. Mas para saber nossa competência e até onde podemos voar, ser livre, fazer o que dá na telha, como diz a linguagem popular. Competir já é ganhar alguma coisa. Tem gente é com inveja da sua ousadia. Quem tem a vontade, já tem a metade e a quantidade de eleitores que você conquistar, seja quanto for é uma bênção.
Foi irritante saber que um político que tanto você acompanhou anda lhe chamando onde chega de" Velha Safada". Muito deselegante e ingrato isso! Quando você o seguia você era santa e agora virou safada? Safada porquê? Por gostar de Thomás e querer vê-lo prefeito?
Não vou citar nomes, mas fiquei indignada quando soube disso. Você tem direito de se candidatar como cidadã e do lado que quiser. Quem votar em você, pelo menos vai ter garantido abraços fofos e alegria constante! Pior que você tem na Câmara . Garanto que não votaria contra sua classe de professores. Sou Mulher ,Você é mulher e somos assim :alegres, espontâneas e do povo; e, com Thomás a gente quer Orobó feliz de novo!
Boa sorte Pré- Candidata. Deus abençoe sua caminhada. Ninguém solta a mão de ninguém!
Faz poucos dias o doutor Drauzio Varella, colaborador fiel de CartaCapital, velho e muito querido amigo, me liga para dizer: “Dou a mão à palmatória”. Pergunto: “A que você se refere, à minha costumeira desconfiança em relação ao destino do Brasil?” Explica o caro interlocutor: “Nas nossas discussões sempre tive uma visão muito mais otimista em relação à sua, atribuía-lhe a visão a uma certa amargura, mas confesso que, nos últimos tempos, tenho achado que você estava mais certo do que eu”.
Não sei se a palavra amargura foi bem escolhida. Para quem entendeu que era este o país do futuro e assistiu à vagarosa, mas inexorável negação da ideia, talvez se trate, sobretudo, de uma imensurável decepção.
O texto que se segue é de uma entrevista com o médico-cientista, autor de livros importantes, um deles com versão cinematográfica de Hector Babenco sobre a chacina do Carandiru, que ele frequentou assiduamente para prestar assistência aos presos.
No Brasil, ele virou o herói do combate infatigável à Aids, lição bem-sucedida com repercussão global. Permito-me apenas dizer que o sistema de saúde mais extraordinário que conheço é o Welfare State, em vigor em 23 países da União Europeia, certamente o mais amplo e democrático, no sentido de que a condição social não entra em jogo em momento algum e diz respeito ao tratamento médico em geral, sem exclusão do preço dos remédios, e a escola gratuita.
Mas esta situação também decorre das diferenças profundas, políticas, econômicas e sociais entre Brasil e Europa. Não é o caso do Reino Unido, citado pelo entrevistado, porque o UK prefere agir por conta própria.
Mino Carta: A esperança do mundo concentra-se na vacina. É esta a solução?
Drauzio Varella: Não é uma solução milagrosa, primeiro a vacina vai proteger 98% dos infectados? Nenhum cientista diz isso. Quem tomar a vacina vai ter uma resposta duradoura? A gente também não sabe. Sabemos, isto sim, que a vacina ítalo-inglesa, que está sendo produzida em Oxford e comercializada pela AstraZeneca, vai precisar de duas doses. A vacina da Cynovac, que está sendo testada pelo grupo do Butantã, também vai precisar de duas doses. Será que a imunidade vai ser suficiente para proteger a gente por anos? Nós não sabemos. A vacina da gripe, por exemplo, tem de ser tomada todos os anos. Eu acredito haver uma alternativa para o desenvolvimento de uma substância antiviral. Está claro que não é a cloroquina. Ao contrair uma gripe comum, você começa o dia com o corpo meio quebrado, meio cansado, no outro dia você está com febre, que pode ser alta, coriza, dores no corpo. Em 24, 48 horas, desenvolvemos a gripe. Mas com esta doença, não. Com esta doença a pessoa pega o vírus. Qual é o sintoma? Você vai tomar café e não sente o perfume, fica um pouco enjoado, mas a primeira semana decorre mais ou menos normalmente, nos primeiros cinco dias, a pessoa tem sintomas gripais muito leves até. Depois do quinto, sexto, sétimo dia, ela piora, abre-se então uma janela de tratamento. O ideal seria contar com um antiviral específico com alta eficácia, como temos as drogas para Aids. Diziam que para Aids era impossível conseguir e hoje você pega uma pessoa HIV positivo, toma a medicação e o paciente vive 20 anos sem manifestar a doença. Nós temos drogas altamente eficazes de alta potência contra o HIV, então por que não podemos desenvolver outras contra o coronavírus?
MC: E que dizer da segunda onda que ocorre em muitos países?
DV: Olha, eu tenho muita dificuldade em aceitar essa chamada segunda onda como uma entidade separada da primeira. Acho que, na verdade, os países estão vivendo a mesma onda que começou lá atrás e tem períodos de calmaria. A partir do momento que as pessoas começam a se movimentar e a se aglomerar, a doença volta a atacar mais gente. Também acho que é uma onda única que responde às aglomerações, aumentando o número de casos e infecções. Se fazem isolamento, caem os níveis de infecções e de casos confirmados. O exemplo de Israel é bem típico, lá eles voltaram ao lockdown completo porque os casos estão aumentando, como estão aumentando também na Espanha e na França. Aquela ideia de que teríamos um pico e do pico os casos cairiam rapidamente, e pronto, estaríamos livres. Com a gripe espanhola foi assim, ela chegou dizimando populações. Em dois meses, no surto de 1918, a doença foi embora. Isso porque a gripe infectou uma massa muito grande e aí passa a ter essa imunidade coletiva mais depressa. Mas com o coronavírus não vai ser assim, as infecções podem seguir persistindo.
MC: E o Brasil diante disso tudo?
DR: Eu queria falar um pouquinho do SUS. Eu me formei na faculdade de medicina em 1967, o SUS foi criado em 1988, portanto, fiz medicina 20 anos antes da criação do SUS. Havia então quem trabalhava com carteira assinada e tinha direito ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Esses eram atendidos e tinham direito à assistência médica, mas os que não tinham carteira assinada, categoria que envolvia todos os informais, as mulheres que trabalhavam fora de casa naquele momento, o trabalho doméstico não contava, toda população rural quando a maior parte dos brasileiros vivia no campo, e esses não tinham direito a coisa alguma, eram considerados indigentes, a palavra usada. Lembro de ver prontuários de doentes carimbado “indigente” na folha de trás, porque essas pessoas dependiam da caridade pública, ou eram atendidas nas Santas Casas de Misericórdia se houvesse vaga. Então, um bando de lunáticos apareceu dizendo “vamos colocar na Constituição de 1988 que saúde é um direito de todos”. Na época eu também me perguntei: de onde vão sair os recursos? O dinheiro veio depois, criaram o sistema e a necessidade de mantê-lo. Nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes ousou oferecer saúde pública para todos, nenhum país. A Inglaterra, por exemplo, tem o National Health System (NHS). Todos os ingleses são orgulhosos do NHS, mas nós não temos nenhum orgulho do SUS. Agora, organizar o NHS em um país rico com 60 e pouco milhões de habitantes, todos com alto nível educacional, até eu organizo. Quero ver organizar saúde para todos em um país com 210 milhões de pessoas, com desigualdade social e regional profunda como o nosso. Conseguimos tudo isso em apenas 30 e poucos anos, e os ingleses, num país rico, fizeram isso depois da Segunda Guerra Mundial. Temos de ter orgulho do nosso Sistema Único de Saúde, e o que dói mais é que ele tem tudo de que precisa para funcionar direito. Desde atenção básica, que é o programa de assistência à saúde da família, com os agentes de saúde, em que cada agente acompanha cerca de mil famílias Essas equipes contam com uma auxiliar de enfermagem, uma enfermeira e um médico. O programa de assistência à saúde da família tem condição de resolver 90% dos casos sem os doentes irem parar nos hospitais.
MC: Do que depende?
DR: Da organização e da gestão. Nós temos tudo organizado e falta o quê? Uma política de saúde, não temos uma política de saúde. Antes deste governo, nos últimos dez anos tivemos 13 ministros da Saúde, o tempo de permanência do cargo é de dez meses. Como alguém, em dez meses, consegue criar uma política de saúde? Ele cai fora e o outro que entra não é um sanitarista preparado, é uma troca política. Vem um outro, de outro partido, que não entende nada de saúde e é jogado lá porque os governos têm muito apetite pelo sistema de saúde, porque em jogo há verbas enormes. Quando tivemos a epidemia, veja o que aconteceu com o SUS. A capacidade que o SUS teve de se organizar, montar UTIs, comprar respiradores, ventiladores mecânicos, com toda falta que faziam no mercado. Em São Paulo não ficou uma pessoa sem acesso a uma UTI. Nos outros estados foi mais difícil, mas foi possível montar uma organização toda. Então tudo é uma questão de vontade política. Quando perguntamos às pessoas qual o melhor programa de distribuição de renda, dizem que é o Bolsa Família, que é uma ajudinha comparado com o SUS, que investe 250 bilhões de reais.
MC: No combate à pandemia, podemos segurar a volta dos trabalhadores para os escritórios?
DR: Aqueles que têm condições de realizar seus trabalhos a distância devem procurar mantê-los, porque, quanto mais tempo conseguirem segurá-los, melhor será. Serão menos pessoas infectadas. Além do que as empresas estão aprendendo muito bem, com esta pandemia, a baratear seus custos.
MC: Esta vocação de buscar o melhor para o País começou quando?
DR: Como estudante de medicina o anseio era acabar com as endemias rurais, nossos grandes problemas de saúde, doença de Chagas, febre amarela, e ao mesmo tempo construir um país mais justo, com menos desigualdade social, construir cidades – Brasília foi fundada em 1960 – construir universidades, a Universidade de Brasília é dessa época, e muitas outras que surgiram pelo País. Eu e os meus colegas tínhamos este sonho mesmo. O Brasil teve fases em que começou a melhorar, embora as coisas caminhassem lentamente, mais do que a gente gostaria. De repente, sofremos um retrocesso pesado, mais ainda hoje. Quem haveria de prever que as coisas ficariam tão mais difíceis? O País está cheio de ódio, nunca vi tamanho ódio no Brasil. É uma verdadeira cultura do ódio que se espraiou entre nós. E o que me entristece demais é confrontar todas as benesses que a natureza nos deu, com esta posição de pior país do mundo em distribuição de renda. Pega um país como o Líbano, que importa 90% dos alimentos que consome, se analisarmos em detalhes, concluímos ser praticamente inviável no mundo moderno sobreviver com 4 milhões e meio de habitantes, inchado pela chegada de 1 milhão de refugiados sírios, além dos problemas que o assoberbavam. Nós não temos nada disso e a epidemia está mostrando quando um desafio deste porte se instala em um país com tamanha desigualdade social. É imoral, porque é imperdoável este desequilíbrio num país rico como o nosso. Você forma cinturões de absoluta miséria em volta das nossas cidades, quando a degradação então começa pelo centro.
MC: Enquanto isso, a Amazônia queima, você vai lá com frequência, como é sabido.
DR: É um trabalho de pesquisa, de caráter universitário realizado pela Universidade Paulista (Unip), que Riad Younes e eu coordenamos, um projeto de pesquisa com plantas para produtos naturais, para identificar atividades antitumorais e antibacterianas, contra bactérias resistentes nos extratos retirados da flora amazônica, especificamente na região do Rio Negro. Voei para lá mais de cem vezes. Quando das primeiras vezes, mais da metade dos voos de São Paulo para Manaus era por cima da floresta. Depois de uma hora e meia de voo, já sobrevoávamos a floresta. Mas esta distância encurtou muito. Hoje, pode-se viajar duas horas e meia vendo só campos.
MC: De uns tempos para cá, os incêndios estão se deslocando para o Pantanal.
DR: Vou pegar uma região que conheço um pouco, a do Rio Negro. Lá o nosso estudo prevê a criação de um quadrado de 100 metros por 100 metros, um hectare, e neste espaço plaqueamos árvores com mais de 10 centímetros de diâmetro, é um critério que os botânicos utilizam. Nessa região, você chega a ter 100, 200 espécies de plantas diferentes. É comum que o leigo imagine árvores enormes. De fato, existem, mas são raras. A briga ali é pelo sol, então a árvore não tem de gastar energia desenvolvendo um tronco muito grosso, ela quer é subir para encontrar a luz solar, a briga é essa. Então os troncos são muito duros e finos, com galhos e folhas secas. Quando a floresta é destruída, formam um tapete que esconde um areão, é uma terra de baixíssima qualidade. Quando você corta ou queima e o sol bate ali, o solo estorrica e acaba de queimar aquela camada. E quando você destrói esta camada, também destrói o que está debaixo da terra, as bactérias, os fungos, os vírus, enfim, tudo que está ali para que as árvores cresçam. Por outro lado, quando você destrói esse ambiente, pode esquecer porque ele não recompõe mais. Podemos até plantar eucalipto, mas não conseguiremos refazer a floresta que existia ali. Saindo de Manaus e subindo o Rio Negro, existem apenas umas casinhas de ribeirinhos, e acabou. Temos ali uma floresta que sempre foi assim, desde que Pedro Álvares Cabral chegou por aqui. Qual é o país que tem uma riqueza destas nas mãos? E vai destruir esta riqueza para que, com que finalidade? O que vai valer isso que está sendo construído no lugar da floresta daqui a alguns anos? E o que vale a floresta hoje e o que valerá nos próximos anos para as futuras gerações? Vamos ter um país com essas riquezas enormes e com essas matas intocadas, mas é uma irresponsabilidade enorme e absurda o que estamos fazendo. Estamos comprometendo o futuro das novas gerações, dos nossos filhos, dos nossos netos.
MC: Voltemos ao coronavírus.
DR: Nesta fase atual, você não consegue manter o isolamento. Vai ter apenas o isolamento das pessoas que estão conscientes, que não querem pegar o vírus e que têm condições de se isolar. Mas o número de brasileiros nas ruas aumenta cada vez mais. Se a gente conseguisse convencer a população da importância de usar máscara e evitar aglomerações na medida do possível, já faria uma boa diferença, porque com isso vai diminuindo a disseminação do vírus. O problema se dá quando ocorre uma contaminação desenfreada e muita gente precisa correr para os hospitais. Por isso acho que o sistema público de saúde brasileiro operou grandes milagres no decorrer desta epidemia. Já disse que o SUS se reinventou neste quadro de pandemia, mas é um sistema empobrecido que não conta com uma gestão adequada. E temos de evitar que isso aconteça, porque, quando vejo estas cenas nas ruas, os bares lotados do Leblon, o que acontece na cidade inteira e não apenas nos bairros ricos. Temos ainda os jovens que vão para as ruas e se aglomeram, fazem festas, e temos também os pancadões nas principais cidades brasileiras. E o que acontece com eles? Simplesmente levam o vírus para suas casas, atingindo pessoas inocentes e vulneráveis. Assim, acho que a gente não pode se iludir, o número de mortes vai continuar caindo, a não ser que aconteça um rebote, mas isso não é possível prever. Vai cair devagar, como vem caindo. A média móvel está caindo, mas quantas pessoas morrem, em média, por semana no Brasil? Quase 700, mas um pouco antes morriam mil. Aí dizem que é melhor morrer 700 do que mil. Se formos por esse raciocínio, estamos indo muito bem.
MC: Você acredita nos números oficiais?
DR: Só tem um número oficial, que merece um pouco mais de confiança, é o número de mortes. O número de infectados não merece nenhum tipo de confiança. Por quê? Porque temos dois tipos de testes: o colhido no nariz, teste chamado RT PCR, que te dá o diagnóstico da Covid-19. Se você colhe o material para exame e dá positivo, é porque você estava com o vírus no nariz e o exame detectou o RNA do vírus. Então você está infectado e ponto final, mas ele só indica coisas diferentes. É somar abacate com laranja. É somar RC PCR com o da ponta do dedo que pode ser feito em farmácia, em qualquer lugar, até mesmo em posto de gasolina. Então esse número não tem qualquer interesse. E depois o número de infectados depende da quantidade de pessoas testadas. Se eu não testo ninguém, qual a quantidade de pessoas infectadas no Brasil? Zero, pois não testei. Então, não tem valor algum.
MC: A pandemia carrega várias incógnitas. Uma delas: a volta às aulas.
DR: Temos aí uma realidade que decorre das condições de vida da nossa população. Há crianças que têm acesso à banda larga e podem acompanhar todas as aulas até de casa. Não há como comparar com a população que mora em condições precárias, não tem internet, não tem computador, não tem iPad. Aliás, não tem uma alimentação adequada, quando a criança frequentava a escola, a alimentação era melhor. Segundo os educadores, se você não estimula estas crianças no momento certo, vai provocar um déficit cognitivo, e elas vão arrastá-lo por muito tempo, às vezes por anos, algumas definitivamente. Mas aí abre-se o bar e não a escola. Abre-se o shopping center e a escola fica fechada. Existe até o problema dos bancos escolares, quando as crianças têm de ficar distantes umas das outras. Há escolas que podem dar aula no pátio, a céu aberto, as crianças devidamente distanciadas. Mas quem conhece a periferia sabe que muito poucas escolas contam com esta disponibilidade. Como agir com estas crianças todas? Há de ser definida uma estratégia adaptada a cada escola, enquanto este assunto é tratado pelos governantes de uma forma muito irresponsável. Combina-se uma data, chega a hora e se verifica que não há condições de volta, já que medida alguma de proteção foi adotada. E assim vamos em frente sem solução para uma questão vital. Foi tomada uma decisão: as aulas vão começar em agosto. Chega julho e o aviso: vamos começar em setembro. Chega setembro: não, vamos começar em outubro. Está claro que este assunto não pode ser tratado desta maneira. Também neste caso necessitamos de autoridades capazes de definir um programa claro, baseado nas condições do País.
Nas convenções municipais, encerradas na 4ª feira (16.set.2020), 54 congressistas foram lançados como candidatos. O número é de levantamento realizado pelo Poder360. Os registros não foram feitos ainda nos TREs (tribunais regionais eleitorais).
São 50 deputados que disputarão o cargo de prefeito em novembro, e mais 2 que serão candidatos a vice-prefeito. No Senado, há 2 candidatos a prefeito. Os partidos têm até 26 de setembro para oficializar as candidaturas –o número pode mudar até essa data. Leia a lista completa aqui.
Nos 7 pleitos municipais anteriores (desde 1992), houve mais congressistas candidatos. Há 4 anos, havia 81 deputados e 2 senadores concorrendo. Os deputados e senadores pré-candidatos em 2020 eram 123, segundo pesquisa do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), mas só 54 acabaram de fato entrando na disputa.
Os 2 maiores partidos na Câmara são os que têm mais candidatos: o PT com 8 e o PSL com 5. Os Estados com mais postulantes são Minas, Rio e Ceará (5). São Paulo e Paraná vêm em seguida (4).