O “lançamento” da campanha presidencial de Henrique Meirelles, ontem à noite, no programa de televisão do “seu” partido, o PSD teve um impacto correspondente ao peso eleitoral do Ministro da Fazenda: nenhum.
Fora dos círculos financeiros e os que mentalmente gravitam em torno deles, Meirelles é um nada. No meio político, também, embora aí o poder de sua caneta possa fazer diferença quando for tratar com a escória fisiológica do parlamento, que ele despreza mas lida, por sabê-la indispensável aos seus projetos econômicos autoritários.
A recíproca é verdadeira e uma eventual opção por seu nome depende de duas condições: a falta de outro nome para se apresentar como opção ao esquálido Geraldo Alckmin e um acerto com Temer, tal como Meirelles aceitou ao assumir o Ministério da Fazenda, engolindo a entrega do Planejamento a Romero Jucá, como até hoje, informalmente, ocorre.
O discurso, anódino e lido sem muito talento de um teleprompter, foi o óbvio: explorar a queda da inflação e um suposto crescimento do emprego como formas de popularizar-se. A probabilidade de que tenha funcionado é menor até do que o 1% que ele tem nas pesquisas.
Chama a atenção, mais que tudo, a forma com que Meirelles “assume a defesa do governo”, credencial que ele agita para se mostrar digno de ser o “candidato da base”.
A defesa que fez, na TV, foi a defesa de si mesmo e de suas políticas. A solidariedade a Michel Temer – já magnificamente exposta quando o Ministro disse que ficaria no governo caso o presidente caísse pelas denúncias da JBS, que ele, aliás, presidiu – pode ser medida pelo número de vezes que este foi citado: zero.
Reconhecimento idêntico teve a Lula, que o manteve oito anos à frente do Banco Central.
Os produtores do programa, ao menos, foram felizes quando escolheram a primeira imagem da “biografia” com que pretenderam apresentar Meirelles ao público.
O velocípede ilustra bem o tipo de “aceleração” que ele pretender dar à economia. Devagarzinho, devagarzinho, não vamos a lugar nenhum, senão para o atraso frente ao mundo.