Manifestantes rompem bloqueio de seguranças e policiais e invadem sede da Rede Globo no Rio de Janeiro. Ocupação foi um protesto contra a cobertura do julgamento do ex-presidente Lula pela emissora. Até o momento, dois desembargadores votaram pela condenação do petista
Manifestantes romperam o bloqueio de seguranças e policiais e entraram no hall de entrada do prédio da Rede Globo na tarde desta quarta-feira (24), e mancharam de vermelho o letreiro externo e o símbolo da emissora.
A ocupação do prédio no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, foi um protesto contra a cobertura do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo meio de comunicação, avaliado pelos movimentos populares como antidemocrática.
“Um julgamento como esse exige uma resposta radical. Precisamos mostrar que o povo não aceitará uma condenação com cartas marcadas. Criou-se um espetáculo jurídico com nítida sustentação da Rede Globo. O judiciário não sustentaria tanta inconstitucionalidade se não fosse a emissora agindo por traz para se favorecer. Enquanto existir a Globo, não haverá democracia”, afirma Paulo Henrique, do MST.
Os movimentos populares afirmam que caso Lula seja condenado pelo TRF-4, eles ocuparão as ruas para garantir que Lula tenha o direito de ser candidato.
Segundo Luma Vitório, do Levante Popular, a articulação do judiciário, da mídia e do sistema financeiro não será suficiente para barrar a candidatura à presidência de Lula.
“Ele será candidato e sendo candidato será eleito, porque o povo sabe que o projeto que querem nos empurrar acaba com os direitos do povo brasileiro. Nós garantiremos isso”.
A tinta vermelha no letreiro da Rede Globo e no símbolo da emissora encerrou a ocupação da Rede Globo.
Julgamento no TRF-4
Pouco antes das 14h, o desembargador João Pedro Gebran Neto proferiu o primeiro voto do julgamento.
Relator do processo, ele manteve a condenação de Lula por Sergio Moro, mas aumentou a pena do ex-presidente para 12 anos e 1 mês de reclusão.
A pena inicial determinada por Moro havia sido de 9 anos e 6 meses.
Leandro Paulsen, segundo desembargador a votar, acompanhou integralmente o voto de Gebran Neto e concordou, inclusive, com o aumento da pena de Lula para 12 anos e 1 mês.
Ao concordar integralmente com o voto de Gebran, Paulsen diminui as possibilidades de recurso da defesa de Lula, caso o terceiro desembargador também mantenha o mesmo voto.
Entenda: Se houver qualquer discordância entre os juízes – 2 votos a 1, ou 3 votos a 0, mas com aplicação de penas diferentes -, a legislação permite que Lula recorra aos “embargos infringentes”.
Essa ferramenta permite que a defesa questione a decisão do tribunal e a leve para a avaliação de outros três desembargadores, além dos responsáveis pelo julgamento original.
Neste caso, os embargos infringentes devem ser decididos até junho pelo TRF-4 (responsável pelo julgamento atual), e depois devem seguir para o STJ e o STF.
com Brasil de Fato