Se a situação de Jair Bolsonaro estava ruim, agora piorou com a ressaca da manifestação golpista de 7 de setembro.
O mundo político não fala outra coisa: ou impeachment ou cassação.
Ao vice Hamilton Mourão (PRTB) interessa a abertura de processo de impeachment na Câmara, com isso ele assumiria a cadeira de presidente da República.
Para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o melhor dos mundos seria o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassasse a chapa Bolsonaro-Moro. Nesse cenário, o parlamentar do Centrão herdaria o Palácio do Planalto, haja vista ele ser o segundo na linha sucessória com a falta do titular do cargo.
No entanto, partidos do Centrão decidiram consultar bancadas sobre impeachment de Bolsonaro. A decisão dos líderes foi motivada pelo teor do discurso do presidente nos atos pró governo em São Paulo.
“Aviso aos canalhas: não serei preso”, disse Bolsonaro na Avenida Paulista, referindo-se aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente ainda afirmou que “ou esse ministro se enquadra, ou pede para sair”.
“Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês. Determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Digo a vocês que qualquer decisão do ministro Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá”, disse Jair Bolsonaro, diante de um público de 125 mil pessoas, segundo estimativa da Secretaria de Segurança Pública paulista (SSP) e da Polícia Militar.
A marcha golpista de Bolsonaro em Brasília e São Paulo, no Dia da Independência, repercutiu negativamente no Brasil e no mundo. New York Times, The Guardian, El País, Página 12, Clarín, Le Monde, Financial Times, Nikkei, Caixin, Wall Street Journal, Gazetta Wyborcza, Ekstra Bladet, Aftonbladet, BildPlus, Times of London, dentre outros, mostraram as ameaças de autogolpe do presidente brasileiro.
Por mais que as imagens tenham impressionado, o presidente da República continua sem votos suficientes para chegar no segundo turno.
“Depois do fiasco, Bolsonaro recorre a bravatas golpistas contra as instituições. Perdeu e seguirá sendo enquadrado pela democracia implantada com muitas dores, perdas e sangue. O fascismo não triunfará”, disse o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, que investiga corrupção e propina na compra de vacinas pelo governo federal.
O relator da comissão de investigação disse que Bolsonaro enfraquece “hemorragicamente” diante de 584 mil mortes de Covid, inflação, desemprego, retrocessos. Um golpista se lixando para o povo. Fracasso retumbante das convocações pagas exacerbou o radicalismo.”
“Bolsonaro só lidera a parcela que o segue cegamente como zumbi. Comemora o desemprego, a volta da fome e a fila do osso, o aumento da comida, da conta de luz, da gasolina, boicota a vacina, espalha o vírus, ri dos enlutados e prega a anarquia militar. Felizmente, são minoria”, fulminou o senador.
A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional do PT, principal agremiação de oposição, disse que o Brasil precisa da união de todos os verdadeiros democratas nesse momento. “Nós, do campo democrático, não podemos ter medo. Nós devemos ser firmes e defender a democracia e os direitos do povo.”
O pré-candidato à Presidência da República pelo PDT Ciro Gomes afirmou que Bolsonaro queimou os navios. “Ele está dizendo com clareza que seu destino é a cadeia, a morte ou é a vitória. Isso é argumento para alguém pedir votos? Não é argumento! Bolsonaro, tem uma quarta opção: pede pra sair! Nós vamos avançar com o Impeachment!”, apontou.
“Eu vou participar de todo e qualquer movimento, qualquer que seja a convocatória, que tenha por premissa a defesa da democracia, das liberdades, do Estado de Direito, do ambiente de paz e de reconciliação do Brasil para colocar um fim nessa escalada de ódio e de golpe”, completou Ciro, indicando que poderá fumar o cachimbo da paz com o ex-presidente Lula.
O ex-senador e pré-candidato ao governo do Paraná, Roberto Requião (sem partido), disse que o Brasil viu no 7 de setembro não uma afronta à democracia, mas um espetáculo ridículo e desmoralizante de políticos sem nenhuma inteligência, patriotismo, ou compostura. “Que vergonha!”, exclamou. Segundo ele, os pronunciamentos de Bolsonaro foram medíocres, inexpressivos, tolamente agressivos. Ele sugeriu a renúncia para evitar o impeachment.
O líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), revelou que está dialogando com partidos de diferentes campos políticos para fazer avançar o impeachment. “Os ataques e ameaças de Bolsonaro contra a democracia passaram de todos os limites, e temos o DEVER de afastá-lo do cargo”, disse.