Em conversa gravada, Renan defende mudar lei da delação premiada
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse em conversa
gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que apoia uma
mudança na lei que trata da delação premiada de forma a impedir que um
preso se torne delator -procedimento central utilizado pela Operação
Lava Jato. As informações estão na Folha de São Paulo dessa quarta feira
(25)
"Fui do PSDB dez anos. Não sobra ninguém", diz Sérgio Machado em gravação
Em conversa, Renan Calheiros afirma que Aécio "está com medo"
Uma
nova conversa divulgada nesta quarta-feira (25) pela Folha de S.Paulo
traz o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em determinado trecho, ambos falam
sobre o receio de determinados políticos diante das delações e das
investigações da operação Lava Jato.
Renan afirma que todos estão
com medo e que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) pediu a ele que
verificasse alguma informação relacionada ao senador cassado Delcídio do
Amaral (sem partido-MS), cuja delação atingiu políticos de diversos
partidos. Machado lembra, então, que foi filiado ao PSDB.
Segue trecho da conversa:
MACHADO - E tá todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros.
RENAN - E tudo com medo.
MACHADO - Renan, não sobra ninguém, Renan!
RENAN
- Aécio está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para
mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.'
MACHADO - Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan.
[...]
Renan sugeriu que, após enfrentar esse assunto, também poderia
"negociar" com membros do STF (Supremo Tribunal Federal) "a transição"
de Dilma Rousseff, presidente hoje afastada.
Machado e Renan são alvos da Lava Jato. Desde março, temendo ser preso,
Machado gravou pelo menos duas conversas entre ambos. A reportagem
obteve os áudios. Machado negocia um acordo de delação premiada.
Ele também gravou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), empossado ministro do
Planejamento no governo Michel Temer. A revelação das conversas pela
Folha na segunda (23) levou à exoneração de Jucá.
Em um dos diálogos com Renan, Machado sugeriu "um pacto", que seria
"passar uma borracha no Brasil". Renan responde: "antes de passar a
borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível]
fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa.
Porque aí você regulamenta a delação".
A mudança defendida pelo peemedebista, se efetivada, poderia beneficiar
Machado. Ele procurou Jucá, Renan e o ex-presidente José Sarney (PMDB)
porque temia ser preso e virar réu colaborador.
"Ele está querendo me seduzir, porra. [...] Mandando recado", disse
Machado a Renan em referência ao procurador-geral da República, Rodrigo
Janot.
Renan, na conversa, também ataca decisão do STF tomada ano passado, de manter uma pessoa presa após a sua segunda condenação.
O presidente do Senado também fala em negociar a transição com membros
do STF, embora o áudio não permita estabelecer com precisão o que ele
pretende.
Machado, para quem os ministros "têm que estar juntos",
quis saber por que Dilma não "negocia" com os membros do Supremo. Renan
respondeu: "Porque todos estão putos com ela".
Para Renan, os
políticos todos "estão com medo" da Lava Jato. "Aécio [Neves, presidente
do PSDB] está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse
para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'", contou
Renan, em referência à delação de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), que
fazia citação ao tucano.
Renan disse que uma delação da empreiteira Odebrecht "vai mostrar as
contas", em provável referência à campanha eleitoral de Dilma. Machado
respondeu que "não escapa ninguém de nenhum partido". "Do Congresso, se
sobrar cinco ou seis, é muito. Governador, nenhum."
O peemedebista manifestou contrariedade ao saber, pelo senador Jader
Barbalho (PMDB-PA), que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), esteve com Michel Temer em março.
Em dois pontos das conversas, Renan e Machado falam sobre contatos do
senador e de Dilma com a mídia, citando o diretor de Redação da Folha,
Otavio Frias Filho, e o vice-presidente Institucional e Editorial do
Grupo Globo, João Roberto Marinho. Renan diz que Frias reconheceu
"exageros" na cobertura da Lava Jato e diz que Marinho afirmou a Dilma
que havia um "efeito manada" contra seu governo.
LEIA TRECHOS DOS DIÁLOGOS
Primeira conversa:
SÉRGIO MACHADO - Agora, Renan, a situação tá grave.
RENAN CALHEIROS - Grave e vai complicar. Porque Andrade fazer [delação],
Odebrecht, OAS. [falando a outra pessoa, pede para ser feito um
telefonema a um jornalista]
MACHADO - Todos vão fazer.
RENAN - Todos vão fazer.
MACHADO - E essa é a preocupação. Porque é o seguinte, ela [Dilma] não
se sustenta mais. Ela tem três saídas. A mais simples seria ela pedir
licença...
RENAN - Eu tive essa conversa com ela.
MACHADO - Ela continuar presidente, o Michel assumiria e garantiria ela e
o Lula, fazia um grande acordo. Ela tem três saídas: licença, renúncia
ou impeachment. E vai ser rápido. A mais segura para ela é pedir licença
e continuar presidente. Se ela continuar presidente, o Michel não é um
sacana...
RENAN - A melhor solução para ela é um acordo que a turma topa. Não com
ela. A negociação é botar, é fazer o parlamentarismo e fazer o
plebiscito, se o Supremo permitir, daqui a três anos. Aí prepara a
eleição, mantém a eleição, presidente com nova...
[atende um telefonema com um jornalista]
RENAN - A perspectiva é daquele nosso amigo.
MACHADO - Meu amigo, então é isso, você tem trinta dias para resolver
essa crise, não tem mais do que isso. A economia não se sustenta mais,
está explodindo...
RENAN - Queres que eu faça uma avaliação verdadeira? Não acredito em 30
dias, não. Porque se a Odebrecht fala e essa mulher do João Santana
fala, que é o que está posto...
[apresenta um secretário de governo de Alagoas]
MACHADO - O Janot é um filho da puta da maior, da maior...
RENAN - O Janot... [inaudível]
MACHADO - O Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês. Então o que
que ele quer fazer? Ele não encontrou nada nem vai encontrar nada. Então
ele quer me desvincular de vocês, mediante Ricardo e mediante e
mediante do Paulo Roberto, dos 500 [mil reais], e me jogar para o Moro. E
aí ele acha que o Moro, o Moro vai me mandar prender, aí quebra a
resistência e aí fudeu. Então a gente de precisa [inaudível] presidente
Sarney ter de encontro... Porque se me jogar lá embaixo, eu estou
fodido. E aí fica uma coisa... E isso não é análise, ele está insinuando
para pessoas que eu devo fazer [delação], aquela coisa toda... E isso
não dá, isso quebra tudo isso que está sendo feito.
RENAN - [inaudível]
MACHADO - Renan, esse cara é mau, é mau, é mau. Agora, tem que
administrar isso direito. Inclusive eu estou aqui desde ontem... Tem que
ter uma ideia de como vai ser. Porque se esse vagabundo jogar lá
embaixo, aí é uma merda. Queria ver se fazia uma conversa, vocês, que
alternativa teria, porque aí eu me fodo.
RENAN - Sarney.
MACHADO - Sarney, fazer uma conversa particular. Com Romero, sei lá. E
ver o que sai disso. Eu estou aqui para esperar vocês para poder ver,
agora, é um vagabundo. Ele não tem nada contra você nem contra mim.
RENAN - Me disse [inaudível] 'ó, se o Renan tiver feito alguma coisa,
que não sei, mas esse cara, porra, é um gênio. Porque nós não achamos
nada.'
MACHADO - E já procuraram tudo.
RENAN - Tudo.
MACHADO - E não tem. Se tivesse alguma coisa contra você, já tinha
jogado... E se tivesse coisa contra mim [inaudível]. A pressão que ele
quer usar, que está insinuando, é que...
RENAN - Usou todo mundo.
MACHADO - ...está dando prazos etc é que vai me apartar de vocês. Mesma
coisa, já deu sinal com a filha do Eduardo e a mulher... Aquele negócio
da filha do Eduardo, a porra da menina não tem nada, Renan, inclusive
falsificaram o documento dela. Ela só é usuária de um cartão de crédito.
E esse é o caminho [inaudível] das delações. Então precisa ser feito
algo no Brasil para poder mudar jogo porque ninguém vai aguentar.
Delcídio vai dizer alguma coisa de você?
RENAN - Deus me livre, Delcídio é o mais perigoso do mundo. O acordo
[inaudível] era para ele gravar a gente, eu acho, fazer aquele negócio
que o J Hawilla fez.
MACHADO - Que filho da puta, rapaz.
RENAN - É um rebotalho de gente.
MACHADO - E vocês trabalhando para poder salvar ele.
RENAN - [Mudando de assunto] Bom, isso aí então tem que conversar com o
Sarney, com o teu advogado, que é muito bom. [inaudível] na delação.
MACHADO - Advogado não resolve isso.
RENAN - Traçar estratégia. [inaudível]
MACHADO - [inaudível] quanto a isso aí só tem estratégia política, o que se pode fazer.
RENAN - [inaudível] advogado, conversar, né, para agir judicialmente.
MACHADO - Como é que você sugeriria, daqui eu vou passar na casa do presidente Sarney.
RENAN - [inaudível]
MACHADO - Onde?
RENAN - Lá, ou na casa do Romero.
MACHADO - Na casa do Romero. Tá certo. Que horas mais ou menos?
RENAN - Não, a hora que você quiser eu vou estar por aqui, eu não vou sair não, eu vou só mais tarde vou encontrar o Michel.
MACHADO - Michel, como é que está, como é que está tua relação com o Michel?
RENAN - Michel, eu disse pra ele, tem que sumir, rapaz. Nós estamos
apoiando ele, porque não é interessante brigar. Mas ele errou muito,
negócio de Eduardo Cunha... O Jader me reclamou aqui, ele foi lá na casa
dele e ele estava lá o Eduardo Cunha. Aí o Jader disse, 'porra, também é
demais, né'.
MACHADO - Renan, não sei se tu viu, um material que saiu na quinta ou
sexta-feira, no UOL, um jornalista aqui, dizendo que quinta-feira tinha
viajado às pressas...
RENAN - É, sacanagem.
MACHADO - Tu viu?
RENAN - Vi.
MACHADO - E que estava sendo montada operação no Nordeste com Polícia Federal, o caralho, na quinta-feira.
RENAN - Eu vi.
MACHADO - Então, meu amigo, a gente tem que pensar como é que encontra uma saída para isso aí, porque isso aí...
RENAN - Porque não...
MACHADO - Renan, só se fosse imbecil. Como é que tu vai sentar numa mesa
para negociar e diz que está ameaçado de preso, pô? Só quem não te
conhece. É um imbecil.
RENAN - Tem que ter um fato contra mim.
MACHADO - Mas mesmo que tivesse, você não ia dizer, porra, não ia se
fragilizar, não é imbecil. Agora, a Globo passou de qualquer limite,
Renan.
RENAN - Eu marquei para segunda-feira uma conversa inicial com
[inaudível] para marcar... Ela me disse que a conversa dela com João
Roberto [Marinho] foi desastrosa. Ele disse para ela... Ela reclamou.
Ele disse para ela que não tinha como influir. Ela disse que tinha como
influir, porque ele influiu em situações semelhantes, o que é verdade. E
ele disse que está acontecendo um efeito manada no Brasil contra o
governo.
MACHADO - Tá mesmo. Ela acabou. E o Lula, como foi a conversa com o Lula?
RENAN - O Lula está consciente, o Lula disse, acha que a qualquer
momento pode ser preso. Acho até que ele sabia desse pedido de prisão
lá...
MACHADO - E ele estava, está disposto a assumir o governo?
RENAN - Aí eu defendi, me perguntou, me chamou num canto. Eu acho que
essa hipótese, eu disse a ele, tem que ser guardada, não pode falar
nisso. Porque se houver um quadro, que é pior que há, de radicalização
institucional, e ela resolva ficar, para guerra...
MACHADO - Ela não tem força, Renan.
RENAN - Mas aí, nesse caso, ela tem que se ancorar nele. Que é para ir
para lá e montar um governo. Esse aí é o parlamentarismo sem o Lula, é o
branco, entendeu?
MACHADO - Mas, Renan, com as informações que você tem, que a Odebrecht vai tacar tiro no peito dela, não tem mais jeito.
RENAN - Tem não, porque vai mostrar as contas. E a mulher é [inaudível].
MACHADO - Acabou, não tem mais jeito. Então a melhor solução para ela, não sei quem podia dizer, é renunciar ou pedir licença.
RENAN - Isso [inaudível]. Ela avaliou esse cenário todo. Não deixei ela
falar sobre a renúncia. Primeiro cenário, a coisa da renúncia. Aí ela,
aí quando ela foi falar, eu disse, 'não fale não, pelo que conheço, a
senhora prefere morrer'. Coisa que é para deixar a pessoa... Aí vai:
impeachment. 'Eu sinceramente acho que vai ser traumático. O PT vai ser
desaparelhado do poder'.
MACHADO - E o PT, com esse negócio do Lula, a militância reacendeu.
RENAN - Reacendeu. Aí tudo mundo, legalista... Que aí não entra só o petista, entra o legalista. Ontem o Cassio falou.
MACHADO - É o seguinte, o PSDB, eu tenho a informação, se convenceu de que eles é o próximo da vez.
RENAN - [concordando] Não, o Aécio disse isso lá. Que eu sou a esperança única que eles têm de alguém para fazer o...
MACHADO - [Interrompendo] O Cunha, o Cunha. O Supremo. Fazer um pacto de
Caxias, vamos passar uma borracha no Brasil e vamos daqui para a
frente. Ninguém mexeu com isso. E esses caras do...
RENAN - Antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que
alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação
premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação e
estabelece isso.
MACHADO - Acaba com esse negócio da segunda instância, que está apavorando todo mundo.
RENAN - A lei diz que não pode prender depois da segunda instância, e ele aí dá uma decisão, interpreta isso e acaba isso.
MACHADO - Acaba isso.
RENAN - E, em segundo lugar, negocia a transição com eles [ministros do STF].
MACHADO - Com eles, eles têm que estar juntos. E eles não negociam com ela.
RENAN - Não negociam porque todos estão putos com ela. Ela me disse e é
verdade mesmo, nessa crise toda –estavam dizendo que ela estava abatida,
ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa
inacreditável, ela está gripada, muito gripada– aí ela disse: 'Renan, eu
recebi aqui o Lewandowski,querendo conversar um pouco sobre uma saída
para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o
Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de
aumento, isso é uma coisa inacreditável'.
MACHADO - Eu nunca vi um Supremo tão merda, e o novo Supremo, com essa mulher, vai ser pior ainda. [...]
MACHADO - [...] Como é que uma presidente não tem um plano B nem C? Ela baixou a guarda. [inaudível]
RENAN - Estamos perdendo a condição política. Todo mundo.
MACHADO - [inaudível] com Aécio. Você está com a bola na mão. O Michel é
o elembto número um dessa solução, a meu ver. Com todos os defeitos que
ele tem.
RENAN - Primeiro eu disse a ele, 'Michel, você tem que ficar calado, não fala, não fala'.
MACHADO - [inaudível] Negócio do partido.
RENAN - Foi, foi [inaudível] brigar, né.
MACHADO - A bola está no seu colo. Não tem um cara na República mais
importante que você hoje. Porque você tem trânsito com todo mundo. Essa
tua conversa com o PSDB, tu ganhou uma força que tu não tinha. Então
[inaudível] para salvar o Brasil. E esse negócio só salva se botar todo
mundo. Porque deixar esse Moro do jeito que ele está, disposto como ele
está, com 18% de popularidade de pesquisa, vai dar merda. Isso que você
diz, se for ruptura, vai ter conflito social. Vai morrer gente.
RENAN - Vai, vai. E aí tem que botar o Lula. Porque é a intuição dele...
MACHADO - Aí o Lula tem que assumir a Casa Civil e ser o primeiro
ministro, esse é o governo. Ela não tem mais condição, Renan, não tem
condição de nada. Agora, quem vai botar esse guizo nela?
RENAN - Não, [com] ela eu conversa, quem conversa com ela sou eu, rapaz.
MACHADO - Seguinte, vou fazer o seguinte, vou passar no presidente, peço para ele marcar um horário na casa do Romero.
RENAN - Ou na casa dele. Na casa dele chega muita gente também.
MACHADO - É, no Romero chega menos gente.
RENAN - Menos gente.
MACHADO - Então marco no Romero e encontra nós três. Pronto, acabou.
[levanta-se e começam a se despedir] Amigo, não perca essa bola, está no
seu colo. Só tem você hoje. [caminhando] Caiu no seu colo e você é um
cara predestinado. Aqui não é dedução não, é informação. Ele está
querendo me seduzir, porra.
RENAN - Eu sei, eu sei. Ele quem?
MACHADO - O bicho daqui, o Janot.
RENAN - Mandando recado?
MACHADO - Mandando recado.
RENAN - Isso é?
MACHADO - É... Porra. É coisa que tem que conversar com muita habilidade para não chegar lá.
RENAN - É. É.
MACHADO - Falando em prazo... [se despedem]
Segunda conversa:
MACHADO - [...] A meu ver, a grande chance, Renan, que a gente tem, é correr com aquele semi-parlamentarismo...
RENAN - Eu também acho.
MACHADO - ...paralelo, não importa com o impeach... Com o impeachment de um lado e o semi-parlamentarismo do outro.
RENAN - Até se não dá em nada, dá no impeachment.
MACHADO - Dá no impeachment.
RENAN - É plano A e plano B.
MACHADO - Por ser semi-parlamentarismo já gera para a sociedade essa
expectativa [inaudível]. E no bojo do semi-parlamentarismo fazer uma
ampla negociação para [inaudível].
RENAN - Mas o que precisa fazer, só precisa tres três coisas: reforma política, naqueles dois pontos, o fim da proibição...
MACHADO - [Interrompendo] São cinco pontos:
[...]
RENAN - O voto em lista é importante. [inaudível] Só pode fazer
delação... Só pode solto, não pode preso. Isso é uma maneira e toda a
sociedade compreende que isso é uma tortura.
MACHADO - Outra coisa, essa cagada que os procuradores fizeram, o jogo
virou um pouco em termos de responsabilidade [...]. Qual a importância
do PSDB... O PSDB teve uma posição já mais racional. Agora, ela [Dilma]
não tem mais solução, Renan, ela é uma doença terminal e não tem
capacidade de renunciar a nada. [inaudível]
[...]
MACHADO - Me disseram que vai. Dentro da leniência botaram outras
pessoas, executivos para falar. Agora, meu trato com essas empresas,
Renan, é com os donos. Quer dizer, se botarem, vai dar uma merda geral,
eu nunca falei com executivo.
RENAN - Não vão botar, não. [inaudível] E da leniência, detalhar mais. A
leniência não está clara ainda, é uma das coisas que tem que entrar
na...
MACHADO - ...No pacote.
RENAN - No pacote.
MACHADO - E tem que encontrar, Renan, como foi feito na Anistia, com os
militares, um processo que diz assim: 'Vamos passar o Brasil a limpo,
daqui para frente é assim, pra trás...' [bate palmas] Porque senão esse
pessoal vão ficar eternamente com uma espada na cabeça, não importa o
governo, tudo é igual.
RENAN - [concordando] Não, todo mundo quer apertar. É para me deixar prisioneiro trabalhando. Eu estava reclamando aqui.
MACHADO - Todos os dias.
RENAN - Toda hora, eu não consigo mais cuidar de nada.
[...]
MACHADO - E tá todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros.
RENAN - E tudo com medo.
MACHADO - Renan, não sobra ninguém, Renan!
RENAN - Aécio está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse
para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.'
MACHADO - Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan.
[...]
MACHADO - Não dá pra ficar como está, precisa encontrar uma solução,
porque se não vai todo mundo... Moeda de troca é preservar o governo
[inaudível].
RENAN - [inaudível] sexta-feira. Conversa muito ruim, a conversa com a
menina da Folha... Otavinho [a conversa] foi muito melhor. Otavinho
reconheceu que tem exageros, eles próprios tem cometido exageros e o
João [provável referência a João Roberto Marinho] com aquela conversa de
sempre, que não manda. [...] Ela [Dilma] disse a ele 'João, vocês
tratam diferentemente de casos iguais. Nós temos vários indicativos'. E
ele dizendo 'isso virou uma manada, uma manada, está todo mundo contra o
governo.'
MACHADO - Efeito manada.
RENAN - Efeito manada. Quer dizer, uma maneira sutil de dizer "acabou", né.