Ex-presidente participaria de debate neste sábado sobre democracia na América Latina.
Após protestos de intelectuais, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) cancelou sua participação numa palestra neste sábado em Nova York sobre a democracia na América Latina e deixou a cidade apressadamente. O evento foi organizado pela Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA) em homenagem aos 50 anos da entidade e FHC dividiria um painel de debate com o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos.
Em carta enviada a LASA, FH explica que desistiu da palestra para não dar discurso a “mentes radicais”.
A polêmica em torno do convite a Fernando Henrique Cardoso para falar sobre democracia no congresso começou no fim de abril. Um grupo de membros da LASA, entre intelectuais brasileiros e estrangeiros, encaminhou à entidade uma petição defendendo ser inapropriado o tucano participar do painel no momento em que o partido dele, o PSDB, é apontado como um dos colaboradores de um “golpe” no Brasil pelos partidos que apoiam a presidente afastada Dilma Rousseff.
“Ao convidar o ex-presidente para falar sobre a evolução da democracia exatamente num momento de fragilidade da democracia brasileira, quando o próprio Cardoso, bem como o partido em que ele ocupa um papel central, não hesitou em pôr em perigo a paz doméstica e os mecanismos básicos da democracia como a Constituição, a LASA estaria desrespeitando estudiosos que têm lutado para constituir uma estabilidade democrática na região nos últimos 50 anos”, diz trecho da petição, que foi liderada pela doutoranda da Universidade de Brasília e membro da LASA Mariana Kalil.
Para evitar mais polêmica, a LASA mudou o nome do painel, trocando a palavra democracia por vida pública. A versão final ficou “50 Anos de Vida Pública na América Latina”.
O comunicado sobre a desistência de FHC foi encaminhado pela LASA a seus membros por email na quarta-feira passada. A noite, durante a abertura do congresso da LASA em Nova York, está previsto um protesto de intelectuais contrários ao afastamento da presidente Dilma organizado pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso). Broches com a bandeira do Brasil e a frase “No Coup” (Sem golpe, em inglês) serão distribuídos aos convidados.
Entidades como a Clacso (Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais) programaram um protesto contra a participação de FHC e planejam distribuir camisetas com as inscrições "Brasil, La Democracia de Luto" e "Não ao Golpe" –nesta última, o slogan aparece escrito também em inglês e espanhol.
"Respeitamos a decisão da Lasa de convidar a um dos maiores instigadores e incentivadores do golpe no Brasil, porém também convocamos a acompanhar a conferência enchendo o auditório de camisetas pretas em sinal de protesto", diz um convocatório da entidade latino-americana, incluída no site da entidade.
Uma petição de 162 membros da entidade latino-americana e 337 pesquisadores não associados pedia o cancelamento da conferência de FHC. "Respeitamos a contribuição passada de Cardoso para o pensamento internacional. Entretanto, esse convite foi feito em um momento infeliz", diz o texto. Ainda segundo o o abaixo-assinado, o convite foi feito num momento em que FHC e seu partido "não hesitaram em colocar em perigo a paz interna nem mecanismos básicos como a Constituição".
Para os pesquisadores, ao dar voz a FHC a entidade pode incorrer em "um desrespeito grosseiro com pesquisadores que têm lutado há tempos para constituir uma estabilidade democrática na região nos dias atuais e nos últimos 50 anos".
Membro da Clacso e um dos organizadores do ato, o argentino Leandro Morgenfeld disse à Folha a entidade se coloca contra a participação de FHC no evento por que "ter sido um do principais articuladores do golpe contra a presidente afastada Dilma". Disse ainda que "é um desatino" chamá-lo para falar em um debate sobre democracia.
Após protestos de intelectuais, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) cancelou sua participação numa palestra neste sábado em Nova York sobre a democracia na América Latina e deixou a cidade apressadamente. O evento foi organizado pela Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA) em homenagem aos 50 anos da entidade e FHC dividiria um painel de debate com o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos.
Em carta enviada a LASA, FH explica que desistiu da palestra para não dar discurso a “mentes radicais”.
A polêmica em torno do convite a Fernando Henrique Cardoso para falar sobre democracia no congresso começou no fim de abril. Um grupo de membros da LASA, entre intelectuais brasileiros e estrangeiros, encaminhou à entidade uma petição defendendo ser inapropriado o tucano participar do painel no momento em que o partido dele, o PSDB, é apontado como um dos colaboradores de um “golpe” no Brasil pelos partidos que apoiam a presidente afastada Dilma Rousseff.
“Ao convidar o ex-presidente para falar sobre a evolução da democracia exatamente num momento de fragilidade da democracia brasileira, quando o próprio Cardoso, bem como o partido em que ele ocupa um papel central, não hesitou em pôr em perigo a paz doméstica e os mecanismos básicos da democracia como a Constituição, a LASA estaria desrespeitando estudiosos que têm lutado para constituir uma estabilidade democrática na região nos últimos 50 anos”, diz trecho da petição, que foi liderada pela doutoranda da Universidade de Brasília e membro da LASA Mariana Kalil.
Para evitar mais polêmica, a LASA mudou o nome do painel, trocando a palavra democracia por vida pública. A versão final ficou “50 Anos de Vida Pública na América Latina”.
O comunicado sobre a desistência de FHC foi encaminhado pela LASA a seus membros por email na quarta-feira passada. A noite, durante a abertura do congresso da LASA em Nova York, está previsto um protesto de intelectuais contrários ao afastamento da presidente Dilma organizado pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso). Broches com a bandeira do Brasil e a frase “No Coup” (Sem golpe, em inglês) serão distribuídos aos convidados.
Entidades como a Clacso (Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais) programaram um protesto contra a participação de FHC e planejam distribuir camisetas com as inscrições "Brasil, La Democracia de Luto" e "Não ao Golpe" –nesta última, o slogan aparece escrito também em inglês e espanhol.
"Respeitamos a decisão da Lasa de convidar a um dos maiores instigadores e incentivadores do golpe no Brasil, porém também convocamos a acompanhar a conferência enchendo o auditório de camisetas pretas em sinal de protesto", diz um convocatório da entidade latino-americana, incluída no site da entidade.
Uma petição de 162 membros da entidade latino-americana e 337 pesquisadores não associados pedia o cancelamento da conferência de FHC. "Respeitamos a contribuição passada de Cardoso para o pensamento internacional. Entretanto, esse convite foi feito em um momento infeliz", diz o texto. Ainda segundo o o abaixo-assinado, o convite foi feito num momento em que FHC e seu partido "não hesitaram em colocar em perigo a paz interna nem mecanismos básicos como a Constituição".
Para os pesquisadores, ao dar voz a FHC a entidade pode incorrer em "um desrespeito grosseiro com pesquisadores que têm lutado há tempos para constituir uma estabilidade democrática na região nos dias atuais e nos últimos 50 anos".
Membro da Clacso e um dos organizadores do ato, o argentino Leandro Morgenfeld disse à Folha a entidade se coloca contra a participação de FHC no evento por que "ter sido um do principais articuladores do golpe contra a presidente afastada Dilma". Disse ainda que "é um desatino" chamá-lo para falar em um debate sobre democracia.
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